blog do escritor yuri vieira e convidados...

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Mulher do padre 2

quase um ano já, cansado de tentar convencer meus amigos a lerem o Olavo de Carvalho – de quem li apenas sete ou oito livros (os dois primeiros emprestados pelo poeta Bruno Tolentino em 1999) -, desabafei aqui: “para mim, quem não lê as colunas semanais do O.de C. é mulher do padre”. O irônico é que, sem que eu soubesse de pronto, foi este o único argumento que de fato levou ao menos dois de meus amigos a iniciar a empreitada, o que talvez signifique duas coisas: 1) sou um péssimo dialético, 2) mas um bom retórico, já que apelei com sucesso aos subterrâneos de suas psiques ao utilizar desafio tão primário, tão infantil. E isto, claro, significa uma terceira coisa: embora lhe sinta o cheiro, ainda estou muitíssimo aquém da filosofia…

Mas sem papo furado, quero apenas – diante do excelente artigo do Olavo desta semana, Se você ainda quer ser um estudante sério…, aliás, finalmente um artigo que mostra extensivamente (e não intensivamente, como é o costume dele) aos que nunca tiveram coragem de se aproximar de ao menos um de seus livros qual é o fundo de onde salta esse grande figura – quero apenas repetir: para mim, qualquer intelectual brasileiro que nunca tenha lido sequer um livro do Olavo é mulherzinha do padre. E só. (Ok, agora vá dar pro padre, se é que lhe assentou a carapuça.)

Woody Allen: mestre dos mestres

Ponto Final é o melhor filme de Woody Allen desde Desconstruindo Harry – e um dos melhores já feitos por este mestre do cinema. Talvez o melhor de seus filmes sérios. (Para mim, não necessariamente nessa ordem, seus cinco melhores filmes são: Ponto Final, Desconstruindo Harry, A Rosa Púrpura do Cairo, Zelig e Noivo Neurótico, Noiva Nervosa).

Carnaval na TV

Madrugada de carnaval cinematográfica. E eu nem havia programado nada. Bastou ir apertando o botão do controle remoto e me surpreendendo. Três bons filmes, quase simultaneamente. Todos adaptações de livros. E todos foram releituras pessoais, já que nenhuma era novidade.

Montaigne

Sempre adiei a leitura desse cara. Dos franceses em geral. Com excessão de Balzac, Proust e Valéry, não tenho paciência com os franceses. Flaubert também me impressionou, mas já passou. Sempre fui mais alemão nas minhas escolhas. Só que me caiu nas mãos “Montaigne em Movimento” do Starobinski. Comprei num sebo juntamente com “Hamlet – Poema Ilimitado”, do Harold Bloom, provavelmente o único intelectual pós-moderno que o Yuri gosta (é isso mesmo, leitor e admirador de Paul de Man, o papai da crítica literária pós-moderna na América).

Adoniran Barbosa e Hilda Hilst

Acho que foi o compositor José Antônio de Almeida Prado quem apareceu, lá na Casa do Sol, em 1999, com uma fita trazendo duas músicas do Adoniran Barbosa sobre letras da Hilda. Como eu estava acrescentando conteúdo ao site dela, fiz uma dessas gambiarras para poder conectar um walkman ao meu então 486DX100 e passar trechos das canções para .wav, que ainda se encontram por lá. Só estou falando disso porque, ainda hoje, muita gente se espanta quando digo que rolou uma parceria do Adoniran com a Hilda. Incluindo aí a surpresa do nosso colaborador Ronaldo Roque.

Para quem quiser ouvir as músicas, agora em mp3, eis os links. A primeira se chama “Quando te achei” e a outra “Só tenho a ti”. (Isto é para ajudar a divulgar, hem, Zé.)

  • Interpretada por Elza Laranjeira:
  • [audio:http://blog.karaloka.net/wp-content/uploads/2006/02/adoniranhh1.mp3]
  • Interpretada pelo próprio Adoniran:
  • [audio:http://blog.karaloka.net/wp-content/uploads/2006/02/adoniranhh2.mp3]

Mr. Porter

“Ev’ry time we say goodbye, I die a little” é um dos mais genialmente tristes versos que conheço. Lembro de, garoto, acompanhar meu pai ouvindo a canção na voz de Sarah Vaughn. Como aquilo parecia triste! Depois, mais tarde, ouvi com Ella Fitzgerald, mais suave, mas não menos bela.

Outros versos belos e, talvez, mais conhecidos: “Night and day, you are the one/Only you beneath the moon or under the sun/ Whether near to me, or far/ It’s no matter darling where you are/I think of you/Day and night”. Desses todos devem se lembrar com o Frank. São mesmo poeticamente obsessivos, não?

Tudo isso porque acabei de assitir a De-Lovely, filme que mostra a biografia do autor dos versos.

Sou classe média

Esse é um video que andou circulando por email, uma apresentação de Max Gonzaga e da Banda Marginal no festival da TV Cultura, no segundo semestre de 2005. A letra vem logo abaixo.

Bono bonzinho…

Do Reinaldo Azevedo:

O roqueiro pôs uma faixa na cabeça. Havia o símbolo do cristianismo, a estrela de Davi, do judaísmo, e o crescente, símbolo do islamismo. Oh, grande coragem a deste senhor, não é mesmo? Que lindo o seu ecumenismo pacifista! Ao pôr os três símbolos na testa em nome da paz, ele os igualou, culturalmente, aos olhos do Ocidente. Muito bem! Agora espero que ele vá dar um show em Gaza, sob o governo do Hamas, ou, sei lá, em Teerã e exiba na testa a cruz e a estrela de Davi.

Frenologia

É o estudo da personalidade humana revelada pelos contornos do crânio. Encontrei esta curiosa informação num dos meus inúmeros blocos de anotações (não sei de onde tirei):

Walt Whitman pagou três dólares para que Lorenzo Fowler apalpasse as protuberâncias de sua cabeça. Resultado: “um bom domínio da linguagem” e “escolheria lutar com a boca e a caneta”. Whitman publicou o resultado várias vezes e teve a primeira edição de “Folhas da Relva” (1855) distribuída pela Fowler & Wells.

Uma coisa que não falta é escritor acreditando em teorias estranhas. Pirar é humano. E literário.

Glauber Rocha: o homem do avesso

Glauber Rocha sempre foi – isso não é novidade nenhuma – a vanguarda da vanguarda. Seus filmes permanecem atuais ainda hoje e alguns, em grande medida, pouco compreendidos.

Em primeiro lugar, na segunda metade de sua carreira, já achava o cinema narrativo pobríssimo, um subaproveitamento total das possibilidades da Sétima Arte que é, em termos sensoriais e de possibilidades de linguagem e estética, a mais abrangente e completa delas – imagem, som, movimento e possibilidade de dobrar o tempo. Contar cinematograficamente uma historinha com começo, meio e fim era coisa medíocre para ele.

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