blog do escritor yuri vieira e convidados...

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Cenários de Shakespeare

Taí uma tarefa levada a cabo por um nerd que curte literatura. Um francês colocou na comunidade Keyhole (Google Earth) – num único arquivo – links que levam a 85 lugares citados em diferentes peças de William Shakespeare.

Do “blog” do Monteiro Lobato

Trecho do livro Mundo da Lua, no qual Monteiro Lobato reuniu anotações de seu diário (estou mantendo a grafia do autor, sem acentos “inúteis” e outras coisinhas mais):

Quadros da vida

Tarde linda ontem. Conversamos á janela, eu e o Quim, sobre a ação ideologica de Rui neste país e sobre a ascenção ininterrupta da grande figura nacional.
– Sobe sempre…
– Já aquele desce sempre, observou Quim.
Referia-se ao Pedro Inchado, mendigo habitual da nossa rua. Lá vinha ele, todo farrapos, imundo. Ha mendigos decentes, que guardam a compostura da miseria. Este perdeu tudo e é no moral tão roto como no fisico. Sem camisa – um trapo de paletó sobre o couro gafeirento; sem ceroulas – vêem-se-lhe pedaços de perna pelos buracos da calça imunda. Passou por nós e apanhou uma ponta de cigarro.
– Desce sempre. Ha meses pilhei-o querendo apanhar um cigarro; olhava para os lados a ver se era observado. Perdeu já este ultimo pudor…

Loterias

Contou-nos um velho vendedor de loterias coisas curiosas de sua vida de bufarinheiro de esperanças. Desde mocinho só fez aquilo: vender a esperança da riqueza. Já deu duas sortes grandes e varias pequenas. Uma vez…
– Uma vez aconteceu um caso interessante. A sorte andou por cá procurando quem a quisesse. Ninguem a quis. Vendi todos os bilhetes que tinha, menos um, o premiado. Para não ficar com esse encalhe, dei-o a um compadre meu que seguia para S. José. “Venda-o por lá.” Assim foi. Um sitiante comprou-o no caminho, mas achou feio o numero e vendeu-o a um guarda-livros de lá, muito boa peça, rapaz serio, trabalhador, pai de tres filhos. Nesse mesmo dia saiu-lhe a sorte – cem contos.
O moço foi ao Rio receber o dinheiro e lá ficou meses, a meter o pau no cobre.
Voltou um perdido, um bebado, e hoje anda por aqui, rolando…
– Por aqui? Como se chama?
– Pedro. É o Pedro Inchado, não conhece?

Homenagem ao José Mojica Marins

Uma notícia para o dia de Finados: acabo de falar ao telefone com a Neide – escudeira do José Mojica Marins – e ela me disse que ambos estão viajando esta semana para Brasília, onde o “Zé do Caixão” receberá a medalha de Honra ao Mérito Cultural das mãos do nada honorável Lula. (O “nada honorável” é meu, não dela ou do Mojica.) O fato é que o Mojica merece, já estava passando da hora de ser reconhecido oficialmente. (Se é que isto tem lá alguma importância…)

Hilda Hilst e os cães

Érika (Olivier?) me enviou este artigo do poeta e escritor Álvaro Alves de Faria – publicado na Caros Amigos n. 21 -, que descreve com perfeição o estado de espírito da Hilda Hilst quando a conheci em 1998. Depois que me mudei para a Casa do Sol, ela passou a ter um interlocutor diário, mas ainda caía com freqüência nesses dias de tristeza. Melhorou bastante no segundo ano, quando o Mora Fuentes também se mandou de mala e cuia para lá. Com ele, que a conhecia havia mais de trinta anos, aprendi a ampliar os limites da minha relação com a então senhora H. Demos mais jogo de cintura à nossa amizade. Mas, vale dizer, a grande tristeza da Hilda tinha muito a ver com a aproximação da morte, com a suposta indiferença de Deus e, claro, com a falta de grana, corolário de uma brilhante carreira não coroada pelo grande público. Enfim, achei o texto do Álvaro excelente. Para quem não a conheceu pessoalmente, vale como uma visita em pleno ano de 1998. Mas ainda é preciso escrever sobre seus dias de alegria…

Bye bye, eBooksBrasil.com

Quarta-feira fui à festa do Digestivo Cultural no Public Pub (sobre a qual falarei assim que acabar a ressaca) e lá, enquanto conversava com seu editor, o Julio Daio Borges, me veio à lembrança o Teotônio Simões, idealizador e mantenedor do site eBooksBrasil.com, que esteve na rede por mais de cinco anos distribuindo ebooks gratuitamente e nos deixando a par das últimas novidades tecnológicas ligadas à revolução dos livros digitais. O Teotônio foi um herói da resistência, resistência esta que acabou neste mês de Outubro de 2005. Veja sua mensagem de despedida:

NOJO

A mulher mais linda do Brasil já foi um homem. O maior macho do Congresso é uma mulher. E o líder intelectual do Brasil é um semi-analfabeto. Temos que formar uma geração de analfabetas de nascença para que as luzes cheguem ao nosso país. Livros? Deus nos livre deles!

Ele também dá uma explicação mais detalhada em seu blog.

Fiquei chateado com a novidade. Além do meu livro o Teotônio contribuiu inclusive na divulgação do único ebook da Hilda Hilst que circulou pela internet – O Caderno Rosa de Lori Lamby – feito a partir do projeto original do Massao Ohno. O site tinha centenas e centenas de livros em diversos formatos. Quem estava ligado, se deu bem, montou sua própria biblioteca digital. (Eu tenho um CD cheio deles.) Quem bobeou, dançou. A começar por este país que ainda segue atrás do Mula…

Helena Barros é do caralho!

Helena Barros
Já escrevi sobre essa figura – Helena Barros – umas duas ou três vezes e só irei falar novamente porque ouvi de dois fotógrafos, aqui no estúdio, o comentário absurdo de que ela “usa muito Photoshop”. (!!) Acho que seria o mesmo que dizer: Caravaggio usa muita tinta, usa muito pincel. Acho a garota sensacional, uma puta artista. Na minha opinião, dizer que ela usa “muito Photoshop” não é mais que uma confissão de impotência, já que ela, além de fotógrafa, é uma desenhista de mão cheia. Só alguém capaz de pintar, desenhar e, ao mesmo tempo, fotografar (ver) é capaz de fazer o que ela faz. Esse tipo de argumento é parecido com aquele dos anos 60 e 70, segundo o qual quem tocava guitarra elétrica não tocava um verdadeiro instrumento. Ridículo. Todo trabalho de criação artística passa pelo domínio da técnica e de seus recursos e a tal “Helenbar” tem plena consciência de suas potencialidades. Não é porque ela escolheu o Photoshop que será menos artista. Aliás, o Photoshop é simplesmente o encontro da pintura com a fotografia. Basta olhar seu trabalho para ver que tenho razão. E não a elogio apenas – segundo me acusaram aqui – porque a acho uma gata, como se isso invalidasse seu talento. Ela é linda sim – e daí? – e seu trabalho, idem. Clique abaixo e veja mais fotos.

Arte de Amar

Isto é do Manuel Bandeira:

“Se queres a felicidade de amar, esquece a tua alma.
“A alma é que estraga o amor.
“Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
“Não noutra alma.
“Só em Deus – ou fora do mundo.
“As almas são incomunicáveis.
“Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
“Porque os corpos se entendem, mas as almas não.”

Pandora

Se você quiser conhecer bandas e músicos de perfil semelhante ou aproximado ao daqueles que curte ouvir, visite a Pandora e curta ao menos as dez primeiras horas gratuitas de streaming. (Segundo pude perceber, o site detecta o browser, não o IP, o que significa que é possível ganhar mais dez horas passando do Firefox para o IE.) Só para testar, criei estações de rádio a partir de Miles Davis, Goldie, The Clash, The White Stripes e The Velvet Underground e o site meteu uma seqüência de sons – de estilo semelhante aos citados – que eu nunca antes ouvira falar. (Bem, não sou mesmo um rato de loja de CDs…) Vale a experiência.

A pão-de-ló

Gosto de São Paulo pois aqui meus amigos sempre me tratam a pão-de-ló. Mas o Bruno Costa, tradutor, e sua namorada Ana Lima, fotógrafa, bateram o recorde. Em seu loft/estúdio, na Pompéia, enquanto a Ana solicitava minha ajuda para escolher uma modelo entre diversos composites que ia me apresentando, o Bruno me serviu pastéis assados, cerveja preta e me presenteou com um livro que ele ajudou a preparar para a Editora Globo: Universo Numa Camiseta: à Procura da Teoria de Tudo, de Dan Falk. Um livro novo numa mão, um copo de cerveja na outra, os olhos nas modelos. E eu era instado a escolher uma peituda, pois as fotos são para a campanha de um club de Maresias, e os caras querem uma “gostosa”. Ai ai, essa vida de esteta…

O Beijo

Há algum tempo venho alimentando essa mania de fotografar a TV. Às vezes sai algo interessante, como essa foto.
O Beijo

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