blog do escritor yuri vieira e convidados...

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Paulo Hecker Filho

Caramba, fiquei impressionado com o Walmor Chagas interpretando o texto “Oração da Noite”, de Paulo Hecker Filho, sob direção de Eder Santos, na TV Cultura. Acabou de passar. E foi uma beleza. Triste, profundo, patético, tendo lembrado muito minha própria avó que faleceu há pouco mais de um mês. (Eu costumava ouvir suas orações clamorosas no meio da noite, ela, surda, sem perceber que alguém além de Deus a ouvia.) E eu não me lembrava desse Paulo Hecker Filho, que até escreveu telenovelas. Muito bom. Assim como o ator e a direção.

Telenovelas, Hilda Hilst, Mário Prata…

A última telenovela a que assisti integralmente – acompanhado pela noveleira de carteirinha, Hilda Hilst – foi “Andando nas Nuvens” (1999), do Euclydes Marinho, com o excelente Marco Nanini e a já gatíssima Mariana Ximenes. A Hilda adorava novelas e, nos dois anos em que morei com ela, esta foi a única a que assistimos quase sem reclamar. Sim, porque, tal qual já escrevi uma vez, novela é como futebol: quem gosta assiste mesmo quando está ruim, sem deixar de torcer pela melhora do time, digo, do enredo. (Na verdade, nessa novela em especial, a única coisa que irritava a Hilda eram meus suspiros cada vez que a Mariana Ximenes entrava em cena. Dizia ela: “Ah, não, Yuri, você agora é pedófilo?” E não adiantava argumentar que eu tinha uma grande tendência a ser um padre tarado e que a linda freirinha já devia ter, à época, mais de 18…) Pois é, depois de “Andando nas Nuvens”, eu, que não sou noveleiro, assisti apenas a alguns capítulos de “Laços de Família“, já que, de certa forma, acabei contribuindo com a produção. Manoel Carlos, o autor, quis homenagear a Hilda e, por isso, colocou o personagem de Tony Ramos, um editor, como amigo pessoal da Poeta Hilda Hilst, o qual inclusive mantinha, num porta-retrato, uma foto da “amiga”. Eis portanto minha pequeníssima participação: o Zé Mora Fuentes e eu escolhemos a tal foto que então escaneei e enviei para a Globo. Foi surreal assistir, acompanhado da Hilda, à cena em que Tony Ramos “finge” conversar com ela ao telefone e, em seguida, toma nas mãos o porta-retrato, dizendo algo do tipo “ah, Hilda, que saudade!”

Por conta própria

«A todos os meus melhores alunos de graduação eu digo para não cursarem pós-graduação. Façam qualquer outra coisa, garantam a sobrevivência do jeito que for, mas não como professores universitários. Sintam-se livres para estudar literatura por conta própria, para ler e escrever sozinhos, porque a próxima geração de bons leitores e críticos terá de vir de fora da universidade.»
Harold Bloom

Até tu, Dostoiévski?

Até tu, Dostoiévski?

Marc Chagall

Ressurreição - Marc Chagall“Tudo pode mudar em nosso mundo desmoralizado exceto o coração, o amor do homem e seu empenho em conhecer o divino. A pintura, como toda a poesia, tem uma parte no divino; as pessoas sentem isso hoje, do mesmo modo que costumavam sentir outrora. Que pobreza cercou minha infância, que provações experimentou meu pai, com seus nove filhos! E, no entanto, ele estava sempre cheio de amor e, à sua maneira, era um poeta. Marc Chagall Foi através dele que pressenti, pela primeira vez, a existência de poesia neste mundo. Depois senti-a durante as noites quando contemplava o céu escuro. Aprendi então que também existia um outro mundo. Isso fez brotar lágrimas em meus olhos, tão profunda foi a comoção que se apossou de mim.”
Marc Chagall

Como a cozinheira

“Sempre acreditei que toda versão de um conto é melhor que a anterior. Como saber então qual deve ser a última? É um segredo do ofício que não obedece às leis da inteligência mas à magia dos instintos, como a cozinheira que sabe quando a sopa está no ponto.”
Gabriel García Márquez

Viver de literatura?!

Taí um artigo do Julio Daio Borges bastante lúcido e pertinente. Concordo plenamente com ele. Literatura não é mesmo profissão ou ganha pão e, de modo geral, só faz conspirar para nossa desgraça financeira. Embora o escritor – como qualquer pessoa – tenha lá seu karma a ser queimado, isso nada tem a ver com a literatura, que é dharma, um apelo celeste. Escreve quem sabe se ajoelhar.

Fotos de Brasí­lia

Neste site, há bonitas fotos de Brasília – provavelmente a única capital do mundo dentro de um “condomínio fechado”-, a maioria assinada por Augusto Areal. Finalmente encontrei imagens que me deixam com saudade…

Raymond Abellio

Trechos de uma entrevista concedida por Raymond Abellio – autor de “Os olhos de Ezequiel estão abertos” (1944) e “O Fosso de Babel” (1962) – a Vintila Horia:

“Neste livro (O Fosso de Babel), fenomenologia confunde-se com o problema da criação novelesca. Por outras palavras, o ‘eu transcendental’ da personagem central, que afirma ‘eu’, é um ‘eu’ universal, em oposição ao romancista que pretende alhear-se dos seus heróis. O meu ‘eu transcendental’ penetra nas personagens por todos os lados, outorgando-se desta maneira o direito de ter delas perspectivas absolutas.”

“Não creio numa síntese Ocidente-Oriente a curto prazo sem o advento de um tremendo conflito que precederá essa síntese, tal como o problema se apresenta neste momento.”

“O romance autêntico é o romance metafísico.”

“O romancista metafísico tende a escrever sempre a mesma obra. É como o diamante. Trata-se da mesma pedra, todas elas se parecem entre si. Contudo, cada uma implica uma beleza diversa e é outra efetivamente em relação às demais.”

Tá difícil, Nélson…

“No ano 2010, o Brasil será maior que os Estados Unidos, a Rússia e qualquer outro. O Brasil é que dirá a grande Palavra Nova.” (Nélson Rodrigues)

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