blog do escritor yuri vieira e convidados...

Categoria: Cotidiano Page 2 of 58

The game is over

Do José Nivaldo Cordeiro:

(…) Eu me pergunto o que acontecerá politicamente nos Estados Unidos quando essa imensa classe média, que vivia ricamente, sem trabalhar, comprando e vendendo ações de seu computador pessoal, instalado em sua poltrona, descobrir que a brincadeira acabou. The game is over. Quando ela, a classe média, descobrir que seu imóvel não vale nada, que não tem comprador para ele, mas a sua hipoteca continua valendo. Essa gente vai entrar em desespero e toda vez que a classe média entra em desespero temos o caminho semeado para as tentações totalitárias. Nada de bom acontece quando a classe média se desespera e ela só pode escapar ao desespero quando os demagogos são desacreditados e os verdadeiros líderes assumem o comando da situação. A democracia só poderá sobreviver sob a liderança de gente moralmente superior. Onde estão esses líderes? Onde estão os homens egrégios? Não os vejo, vejo apenas demagogos falar à multidão. (…)

Lula e os “superes” inteligentes

“…era como se eles fossem os superes inteligentes e nós os superos coitados.”

7 anos

Apenas para lembrar que três brasileiros também morreram no atentado ao World Trade Center: Ivan Kyrillos Fairbanks Barbosa, Anne Marie Sallerin Ferreira e Sandra Fajardo Smith.

Instituto Carl Sagan para aluados

E não é que a coisa ficou realmente alucinada no Brasil? Não me refiro, claro, aos nossos problemas políticos. Deles mantenho uma cautelosa distância. Refiro-me à criação do Instituto Carl Sagan anunciada no portal da revista UFO. Pois é. Esta é a mesma revista que acreditou no lunático Jan Val Ellam, de cuja existência ouvi falar pelo Yuri. Para quem não conhece, é o cara que anunciou a vinda de Jesus Cristo pilotando um disco voador para o final de 2007. E, como vocês sabem, ele não veio. Provavelmente o Pai não liberou as chaves do carango cósmico.

Nada contra as crenças dos outros. O chato é usarem o nome do Sagan na tentativa de aderir credibilidade científica a uma instituição que em nada compartilha de seus princípios céticos. A crença de Sagan na vida fora da terra era temperada pelo mais estrito espírito científico. E ele desancava, sem dó, a crença popular em homenzinhos verdes ou contatos intergaláticos travados em viagens astrais. Além disso, ao que tudo indica, o Instituto não conseguiu aprovação da Fundação Carl Sagan para usar a imagem ou o nome do astrônomo em sua “homenagem”.

Se algum dia, só de deboche, eu montar alguma coisa pró-ateísmo, com certeza irá se chamar Instituto São Tomé. Nem todos são atormentados pelo bom senso.

A mesma praça, o mesmo banco…

Inicia-se, na Colômbia, uma discussão idêntica a que se deu no Brasil em 2004. São os mesmos argumentos, o mesmo tipo de estatatísticas e as mesmas leis propostas. Tudo, claro, com padrão Onu de qualidade.

Sin embargo, existe un alto porcentaje de armamento que circula en el mercado negro y con el que se comete el 85 por ciento de los homicidios y atracos en Colombia. Solo en Bogotá, el 62 por ciento de los homicidios son cometidos con armas.

El representante Nicolás Uribe, de la U, señaló ayer que el desarme legal no es hoy la prioridad, “porque las armas con las que se cometen los delitos en Bogotá son, en un 94 por ciento, ilegales”.

Según Jorge Restrepo, director del Centro de Recursos para Análisis de Conflictos, no hay un arma segura, cualquiera sea el motivo de su uso.

(…)

“Colombia tiene un problema serio por violencia con armas de fuego -señala Restrepo- y las que estaban amparadas legalmente y a las que la Superintendencia de Vigilancia les canceló la licencia, no se sabe en verdad dónde fueron a parar”.

En el 2007 se registraron 17.508 homicidios en el país, de los cuales el 80 por ciento se cometió con un arma de fuego.

Hasta el 2006, el estimado de armas legales e ilegales en Colombia oscilaba entre 2,3 y 3,9 millones de armas. Para el 2007 se calculó un aproximado de 710 mil armas con permiso de porte o tenencia.

51 por ciento de los hurtos a personas en Bogotá se comete utilizando un arma de fuego, según cifras divulgadas por la Alcaldía Mayor.

Cartier-Bresson

Henri Cartier-Bresson/Magnum Photos

FRANCE. Ile-de-France. Seine-et-Marne. 1968
Henri Cartier-Bresson/Magnum Photos

Esta é uma das primeiras fotos que me lembro de ter admirado.

Hoje, há 100 anos, nascia o francês Henri Cartier-Bresson.

Mais fotos

Urbanismo x saúde

Interessante. Mostra como questões urbanas podem influenciar diretamente em nossa vida biológica. De fato, hoje os bairros são projetados levando-se em conta mais os automóveis do que os pedestres. Um exemplo claro são os condomínios horizontais.

Da Folha Online:

Estudo diz que bairros antigos estimulam hábitos saudáveis

da Efe, em Washington

Um estudo divulgado pela Universidade de Utah diz que locais antigos podem facilitar o combate à obesidade.

“Os bairros mais antigos foram projetados de tal forma que apresentam opções saudáveis”, disse Barbara Brown, co-autora do estudo. “Nos mais tradicionais, freqüentemente há praças arborizadas, com sombras, pequenos comércios, pontos de ônibus, lugares de trabalho e locais atraentes que estimulam os residentes a caminhar”, acrescentou.

O estudo descobriu que os bairros construídos antes de 1950 oferecem mais possibilidades para caminhar, já que freqüentemente foram projetados tendo em mente os pedestres, enquanto os bairros mais novos, em geral, são moldados pensando no tráfego de automóveis.

Brown é uma psicóloga ambiental e social na Universidade de Utah e seu estudo aparece na edição de setembro da revista “American Journal of Preventive Medicine”.

Os pesquisadores usaram informações do Escritório do Censo e do desenho das ruas, e dados sobre o índice de massa corporal (IMC) de mais de 450 mil adultos que vivem no Condado de Salt Lake, em Utah.

Para Ethan Berke, médico e epidemiologista na Escola de Medicina de Darmouth, esta pesquisa é valiosa, “já que cria a expectativa de que as pessoas caminhem mais, e ocorra um ressurgimento das cidades”.

Paulo Francis

Nunca fui fã do Paulo Francis. Mas tenho que admitir que o texto abaixo é muito bom.

O marxismo foi, por certo, uma revelação, só comparável ao valor sacrossanto que o cristianismo descobriu na pessoa humana. Mas Marx é o que Merleau-Ponty disse: um clássico. Suas verdades e erros fazem parte de um todo, onde o aplicável e o inaplicável não alteram ou destróem a grandeza geral, mas devem ser vistos à distância, com um detachment brechtiano, e jamais como uma camisa-de-força da nossa realidade, inclusive da ampliação de conhecimento da natureza humana que adquirimos a partir de 1914.

Paulo Francis. Certezas da dúvida. Paz e Terra, 1970. Graças ao Leon Rabelo.

A mentira com cara de ciência

O governo Lula já fez muita bobagem. Algumas pura anedota, outras namorando o monstro totalitário. Mas nada foi tão idiota e perigoso quanto esconder as projeções de inflação feitas pelo IPEA. A estupidez é muito simples de entender. O IPEA é o órgão oficial do Governo para o levantamento de informações que subsidiam as tomadas de decisão dos gestores públicos. Como diz o site do instituto, sua missão é “produzir e articular conhecimento para o planejamento do desenvolvimento brasileiro”. Logo, esconder informação ou mesmo alterar uma metodologia de cálculo sem a devida justificativa pode destruir a reputação do instituto. E ele, por mais importante que seja, cairá na irrelevância. Não se joga algo assim no lixo por motivos ideológicos ou propagandísticos. É como se o Governo estivesse sabotando a inteligência do país para não ter sua imagem arranhada antes da eleição. FHC fez o mesmo e quase jogou a moeda brasileira no lixo. Mais vergonha na cara, por favor!

Uma burrice conveniente

Nessas discussões que, inevitavelmente, foram causadas pela tal da Lei Seca (11.705 CTB), andei dizendo que sempre me posicionarei contra a uma atitude estatal arrogante do tipo: “Eu sei o que é melhor para sua vida, imbecil!”. Inevitáveis, também, eram os semblantes de incompreensão voltados a mim. Afinal, a questão mais importante naqueles momentos era como voltar para casa depois de uns tragos e outros.

A discussão política no Brasil chegou a um ponto inevitavelmente cretino. Parte da obrigação, por imposição de uma Lei qualquer, de algo que tem probabilidade de estar certo e uma outra, proporcionalmente igual, de estar errado. O mesmo tipo de raciocínio – e discussão – foi proposto à iluminada probabilidade de cura através de pesquisas com células-tronco embrionárias, quando do outro lado havia a possibilidade de estar executando embriões já com vida. É aquela história de punir todos em benefício de um ou dois que, em probabilidade, poderiam ser poupados num acidente de trânsito ou voltar a andar se ainda estiverem vivos daqui a uns quarenta anos.

É claro que as pessoas devem ser responsabilizadas e punidas por guiarem alcoolizadas, colocando em risco a vida alheia. No entanto, assim já é. Quem quer que se envolva num acidente de trânsito ou é pego ao volante embriagado, sofre punições. Mas o que propõe a nova lei em questão é prevenir um acidente com base em probabilidades dele acontecer. E vai além, pretendendo, pelas mesmas razões probabilísticas, prender provisoriamente um potencial causador de acidente.

Além de partir de um raciocínio idiota, juridicamente é uma Lei que não se sustenta. Porque para atestar que alguém está embriagado é necessário produzir provas. E tais provas só podem ser produzidas com o consentimento do possível embriagado. Como a Constituição assegura o direito de não ser obrigado a produzir provas contra si mesmo, estando realmente embriagado, o melhor que se tem a fazer é negar um assopro no bafômetro e questionar a validade da punição.

Entretanto, a questão que se avoluma em meu despretensioso cérebro é quanto ao teor de burrice e estupidez de quem propõe esse tipo de coisa. Convém lembrar aquele pensamento de Joe McCarthy sobre a estupidez ser justa por errar para os dois lados. Porque quando o erro pende só para um lado o que rege é a esperteza.

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