Disse há pouco que gostaria de me mandar pra Guerra Civil, quer dizer, pro Rio, e arranjar um trampo de roteirista, engraxate ou sei lá. Vender coco talvez, feito a Narjara Tureta. Mas já desisti. Como diz minha avó, em qualquer lugar todo urubu é preto…
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O Senador Suplicy se encaixa perfeitamente no conceito de minha mãe – irônico, vale ressaltar – a respeito de si mesma e de minha irmã caçula: é tão bonzinho que é quase um idiota. Imagine, beijar o terrorista do Stédile, escrever “Amor, Ordem e Progresso” na bandeira… Já não há nem ordem, nem progresso, e agora os caras querem acabar com o amor. É foda. Aliás, não é nada foda…
Peço aos amigos e visitantes que não se irritem com minha demora em responder suas mensagens. Em meu computador há um vírus de 1,78m de altura, um completamente fora de controle… Sem falar nos spams. É mais fácil encontrar uma bala perdida do que meus emails nesse Outlook. Fora de brincadeira.
Eu e Cássia – campeões no quesito “últimos a sair da festa” – encontramos fim de semana passado dois amigos com a mesma fama. Foi o final do campeonato. Ficamos os quatro, atéééé o fim. Mas acabou em empate. Após um acordo, claro, nenhum de nós queria perder a fama. Para divertimento – ou terror – da dona da festa…
Amigos, o pai de uma amiga – Sr. Rufino Alves Gomes – está internado em São Paulo-SP esperando um coração para transplante. Enquanto isso, precisa de sangue. Quem puder ajudar, basta dirigir-se ao Banco de Sangue da Rua Martiniano de Carvalho nº 1009, Liberdade (próximo à estação Vergueiro do metrô). O tel é 11-3253 5022 ramal 1122. O Banco atende também aos sábados das 8 às 17 horas. (Lembre-se de dizer que o sangue é para ele.) Muito obrigado!
Já disse aqui uma vez e repito: Mano Brown, cuidado, de coração, não vá se meter com política. Para este país se reerguer, precisa ser puxado de cima, não pela política, que é do mundo, que é daqui de baixo, mas pelo espírito, que é do Alto. É preciso guardar-se contra a lábia açucarada dos políticos, tenham eles saído do povo ou de uma elite qualquer. No final das contas, não sabem o que fazem. Quando dizem que querem reformar a sociedade, na verdade, “apenas” almejam reformar o homem, e não libertá-lo. O homem já está pronto e a prisão está dentro de cada um, não no mundo. Você tem voz, Mano Brown, e muita gente costuma ouvi-lo, portanto, cuidado, não se deixe usar.
Eu sou do Jardim Prudência, de uma travessa da Avenida Cupecê, e aí cresci, na Zona Sul paulistana. Senti por muitos anos o cheiro da represa Billings e da Guarapiranga nos dias de muito calor. Talvez tenhamos disputado a mesma corrida de carrinho de rolimã, não sou um alienígena. Eu conheço essa região e sei das tentações. Inclusive a da política. Em 98, levei o carro de um amigo a uma oficina do Campo Limpo para trocar a bomba d’água. Ao lado, havia um terreno baldio cercado por muros e, sobre o muro da frente, alguns garotos, rindo e jogando pedras lá para dentro. Eu conversava com o mecânico, surpreso por ele ter a mesma opinião que eu: a revista Planeta não é mais aquela… (Ele tinha uma coleção de Planetas igual à do meu pai, desde os anos 70!) E então chegou um mano, o mesmo que acabara de conversar com os garotos, fazendo-os descer do muro. Perguntei o porquê de toda a euforia. “Você não sabe?”, me disse, “venha dar uma olhada”. De um buraco no muro, vi: um cara, em decúbito dorsal, a garganta e os pulsos cortados, o peito estourado. Puts!, soltei, o que foi que rolou? E o mano: “Dívida de tráfico, véio, não pagou, dançou”. E a polícia?, perguntei. “Ah, daqui a pouco eles tão aí, pra recolher o presunto…”
Claro, tudo isso deixa a gente revoltado, querendo mudanças já. E a gente pensa na política, em alguém consertando (e concertando) as coisas de cima para baixo. Pensa que, se os tentáculos do Estado nos abraçassem e protegessem, ficaríamos melhor. Mas não se engane: quanto maior for o Estado, mais longe estaremos do seu líder, seja ele benévolo ou não. E nenhum líder jamais poderá “derramar seu espírito sobre toda a carne” dos seus subalternos, jamais poderá saber tudo o que pensam e fazem no dia a dia, jamais poderá influenciá-los beneficamente de dentro para fora, não importando quantos espiões, informantes, corregedores e investigadores tenha, não importando qual ideologia defenda. Logo, quem controlará o poder dos pequenos ditadores periféricos? Afinal, não são eles a manifestação do próprio Estado, os efeitos das causas elaboradas no alto escalão? Quem com eles pode? Só Deus poderia, se assim eles quisessem, se assim O aceitassem. Mas estamos cansados de saber que o poder corrompe e que o que tem de ser, será. Nenhum Estado jamais reformará a sociedade, jamais salvará o homem do que quer que seja. Nem mesmo um Estado teocrático, desses que se utiliza da Palavra para justificar suas injustiças e arbitrariedades. A questão é dificílima, não é qualquer molusco político que a resolverá. Dificílima porque não depende de um projeto coletivo, mas da vontade de cada indivíduo.
Enfim, para o país, para o mundo se reerguer, só é necessária uma coisa: confiança. E confiança só existe entre irmãos. Outro dia escrevi a um amigo agnóstico: confiamos um no outro porque vivemos juntos experiências que aproximaram nossos corações. Beleza. Mas como iremos confiar em quem vive do outro lado do Atlântico? Não basta uma ideologia humanista, muita gente já morreu por não se encaixar neste ou naquele conceito de humano. Aliás, não basta qualquer ideologia, afinal nada matou mais no século XX do que as ideologias. Tampouco basta uma religião, muita gente já cometeu atrocidades em virtude da oposição a suas crenças. Para que alcancemos essa fraternidade, e consequente confiança mútua, necessitamos da experiência íntima de termos um Pai espiritual, um Pai de todos. E só. É o único jeito. Uma vez disse ao Ricardo Cruz, editor da Revista da MTV: “Quinho, quero entrevistar o Mano Brown”. E ele: “Pô, velho, vai ser difícil, a gente já tentou pra caramba, o cara não confia na MTV”. E eu: “Mas eu quero conversar sobre Deus, religião, moral, sobre essas coisas.” “Se você conseguir, beleza, mas não boto muita fé não…” Por que isso, Mano Brown? Porque você não conhece quem é aquele que irá entrevistá-lo, não sabe se é seu mano. Vivemos em mais uma época do filho contra pai e pai contra filho. É um época ótima para os políticos: se aproveitam da desconfiança geral no próximo para vender suas receitas de prosperidade. Receitas que dizem basicamente o seguinte: vamos politizar todas as relações humanas. Daí o crescimento do Estado e de seus mecanismos de vigilância para além do necessário. E tal expansão — devido a uma desconfiança básica no próximo — depende diretamente disto: do secularismo, da ausência de uma instância sagrada. Se um líder de governo for um cego espiritual, estamos perdidos. Se for um cego guiando outros cegos, meu Deus, será o fim.
Por isso é que lhe digo, Mano Brown, cuidado com os políticos, não importa quem sejam. Fica com Deus e vigie. A César o que é de César.
E os arqueólogos da UCG encontraram vestígios de um sex-shop pré-histórico…
Este sou eu, na casa do Pedro Novaes (GYN), do jeito que o diabo gosta – mas não a
Cássia, minha namorada… A foto é do Paulo Paiva e vê-se, da esquerda pra direita: eu, Luciana, Juliana Naves, Leon Rabelo e Andréa Leão. Aliás, peraí: diabo? Não, do jeito que o Pai gosta e a Cássia também. (Com Pedro, Paulo e Leon.) A propósito, minha calça foi um presente da estilista Carol Martins, da Galeria Ourofino, Rua Augusta, São Paulo. Interessados, procurem-na.
Diz-se que, na União Soviética, os operários só tinham uma maneira de burlar as proibições de fazer greve: sabotando a produção. Quando estavam insatisfeitos, colavam a sola do sapato ao contrário, costuravam o zíper da calça pelo lado de fora e assim por diante. Tudo depois era rejeitado por ser inadequado ao consumo. Aqui no Brasil ainda não somos comunistas, mas os caras já começaram a aderir a esse procedimento. Hoje fui comprar cuecas e, fora de brincadeira, no pacote hermeticamente fechado havia um enorme e inconfundível pentelho. Adorei a cara da vendedora quando lhe mostrei o produto.
Me disseram que não tem mais a Torre lá na Vila Madalena. Será mesmo? Ficava a dois quarteirões de onde morei e ia sempre com minha (agora ex) namorada, a mesma que também namorou com o Raul Seixas. (Adoro falar isso.) Foi diante da entrada da Torre que passei uma boa hora discutindo sobre miséria com o Otto (ele mesmo). Também foi na porta do banheiro que quase entalei com o João Gordo. Minha ex-namorada era chegada num esquema celebridades, fazer o que. Mais uma época que ficou pra trás.
