Um leitor — que assina com o adorável pseudônimo de “Clô Aka” — me escreveu a respeito do texto Neste Natal, Solte Sua Imaginação, afirmando que, apesar de ser fã de literatura fantástica, acha uma sandice acreditar que o universo possa ter uma organização tão “humana” quanto aquele ali descrito. Ora, podemos dizer que essa questão não é senão uma espécie de antinomia, um antagonismo entre duas posições igualmente defensáveis: uma primeira afirmando que nós, ou melhor, nossa “humanidade” é que é semelhante à Divindade; outra que, como a do Clô Aka, acredita que essa suposta Divindade, com que tantos “desperdiçam sua fé”, é que é criada por nós à imagem e semelhança de nossas próprias imperfeições. Enquanto não houver provas concludentes para qualquer dos lados, o negócio é soltar a imaginação. Alguns preferem achar que o universo se parece mais a uma grande máquina que a um de nós, pobres mortais, ou à obra de um Deus. O filósofo Olavo de Carvalho — sempre imperdível — escreveu um ótimo texto sobre o tema: O homem-relógio. Não deixe de ler, amigo leitor de nome cheiroso.