Não, ao falar de “novo domínio” não me refiro a política, cultura ou religião. Apenas quero anunciar meu novo domínio internético – karaloka.net – no qual se encontra o mesmo site de sempre. Eu e meus ex-sócios do Projeto Solte Sua Imaginação – o fotógrafo paulistano Dante Cruz (atual www.pulsestudio.com.br) e o VJ Alexis Anastasiou – decidimos nos separar amigavelmente. A administração do nosso site estava um desgoverno só, com muito cacique pra pouco índio.

Para ser pior só faltavam invasões de sem-terras virtuais, ONGs tentando nos dizer o que fazer com o espaço disponível no HD, assaltantes hackers consumindo nossa banda e discursos lulístico-cibernéticos do serviço de hospedagem. Mas não: agora eu terei sossego. Ao menos virtualmente. Afinal, mandei às favas os serviços de hospedagem brasileiros – caríssimos e chatérrimos – e botei tudo em New Jersey. (Vou até fazer propaganda: meu serviço de hospedagem custa R$90,00 por ano! Aqui é R$358,00/ano!!!) O domínio também é internacional (.net), o que me livra de um sem-fim de burocracias estúpidas para ter um “.br”. Abre parênteses. Ô governinho bunda esse nosso. Entre outros “pobremas burrocráticos”, eu, que oficialmente não tenho empresa desde 2000, tive meu CPF cancelado porque a Receita Federal pensa que ainda sou empresário (!) e que, por isso, devo pagar o imposto do ano passado… Grrrr! Nunca mais abrirei uma empresa nesse país. >:( Fecha parênteses.

Quanto ao Karaloka, cabem algumas explicações. Embora metade dos meus amigos não tenha curtido tal nome, devo dizer que não se trata de uma novidade. Eu já o tinha na cabeça desde 1999. A idéia veio durante uma das intermináveis conversas que eu tinha, lá na Casa do Sol, com a Hilda Hilst. Em seu escritório, enquanto folheávamos o Glossário Teosófico da Helena Blavatsky – que trazia muitos termos em sânscrito – falávamos sobre seus planos de criar a Casa do Escritor, Estudos Psíquicos e Imortalidade. Disse a ela que podíamos trocar esse nome gigante por algum outro que sintetizasse o conceito. A princípio ela curtiu a idéia, mas quando eu uni kara (autor, realizador) com loka (mundo, lugar, planeta), ela quase se afogou num ataque de riso. Disse que era só o que estava faltando pra queimar seu filme de uma vez por todas. “Mas, Yuri, todo mundo já acha que eu sou louca, com um nome desses então… Vão dizer que é a Gaiola das Loucas!” Rimos. E embora eu não tenha a mínima inclinação pra ser “loka” – quizás sólo un poco loco – não abandonei o neologismo. Anotei-o em um dos meus caderninhos…

Karaloka também remete ao nome que dei ao jornal que eu e meus colegas de curso de jornalismo, em 1991, planejávamos lançar: “Narakaloka”. Seria um periódico a tratar desse nosso mundo de ínfima consciência e profundo baixo astral. Mas não vingou. A tal “democracia” mandava que todo e qualquer texto, por mais idiota que fosse, deveria entrar na edição final do Naraka. Não aceitei. Me tacharam de “editador” e… bom, até hoje os textos estão socados em algum lugar do meu velho armário.

Pois é, finalmente tenho meu próprio “loka”. Cheguei a entrar em contato, através do Orkut, com um estudioso de sânscrito – Marco Carvalho – e ele me disse o seguinte: embora os mais ortodoxos não aceitem neologismos numa língua morta, a junção dos termos está correta, têm o sentido que eu quis dar: “o mundo do autor”. Pra mim tá de bom tamanho e… Hã? Por que o sânscrito? Porque sim, ora. Gosto da forma como as palavras parecem querer dizer uma coisa mas dizem outra totalmente diferente. É isso. Espero conseguir manter, nos textos, o mesmo tom das conversas que eu tinha com a Hilda. Se não der certo, mudo depois pra “Gaiola do louco ponto com”. Epa! Parece uma boa idéia…