Morro de saudades da bengala – no Rio, salvo engano, bisnaga – um pão enorme, em que eu, quando criança, metia o braço até a axila, extraindo e comendo o miolo. Depois aquela casca tostada, quebradiça… Nada a ver com essas porcarias do Carrefour, os baguetes da vida, magrinhos, borrachudos e envernizados, coitados. Outro dia, em São Paulo, fui à padaria Ibérica, da minha infância, que tem hoje um nome que não sei qual é. Pedi uma bengala. O padeiro, com um sotaque sertanejo incerto, me disse que não sabia o que era isso. Um outro, mais velho, veio nos acudir e disse que já não faziam bengala há anos: “Depois que os portugas venderam suas padarias pros nordestinos, não tem mais variedade. Hoje só tem pão. Você só tem que pedir isso: pão“. Algo me diz que o sentimento desencadeado por esse fato tem qualquer coisa a ver com envelhecer…