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South Park e Cientologia

O cantor Isaac Hayes, dublador do chef no South Park, pediu demissão após a tiração de sarro em cima da Cientologia, essa pseudo-religião, da qual é seguidor. Disse ele:

“Há sempre um lugar neste mundo para a sátira, mas em determinado momento surge a intolerância. A opinião religiosa é sagrada e todos devem ser respeitados. Como ativista dos direitos civis na década de 40, eu não posso suportar um seriado que desrespeite opiniões e práticas.”


Já os criadores do programa disseram que ele adorou os cheques que recebeu após os programas que satirizavam o cristianismo. Disse Matt Stone:

“This is 100 percent having to do with his faith of Scientology. He has no problem – and he’s cashed plenty of checks – with our show making fun of Christians.”

E ainda:

“In 10 years and more than 150 episodes Isaac never had a problem with the show making fun of Christians, Muslims, Mormons and Jews. He got a sudden case of religious sensitivity when it was his religion featured on the show. To bring the civil rights struggle into this is just a non sequitur. Of course, we will release Isaac from his contract and we wish him well.”

Esse negócio de sacanear religiosos é coisa antiga. Mas quem tem um sentimento religioso verdadeiro – um link real com Deus – não dá bola pra isso. Há dois mil anos atrás, chegaram a pegar Jesus pra Cristo – e o crucificaram! Quem venceu? Ele ou aqueles que o escarneceram? Maomé também cansou de receber, daqueles que duvidavam de seu passeio com o anjo Gabriel, muitas tortas de merda na cara, muita chuva de pedra. Hoje, metade do mundo é islâmico. Poxa, é preciso parar de ter medo do riso. O que é verdadeiro, não pode ser destruído. Contra o ouro que é a religião, o riso é mero ácido solitário a limpá-la e purificá-la das mundanidades (das imundícies). E o ouro, para quem não sabe, não pode ser dissolvido por nenhum ácido isolado, mas apenas pela água régia, que não é senão uma mistura de ácido nítrico com ácido clorídrico. Enfim, perigo há quando esse riso não é livre, mas atrelado a algum outro ácido, isto é, ao ódio de alguma ideologia política, de alguma crença específica, tal como o humor dos iranianos contra os judeus, como o dos estatistas politicamente-corretos contra os cristãos, como o dos seguidores do Edir Macedo contra os católicos. Quando livre de ódio, o riso não mata – purifica.

A continuar com essa cruzada contra o humor, contra as caricaturas de Maomé, contra a anarquia saudável do South Park, daqui a pouco estarão passando veneno nas bordas dos jornais e nos botões da TV, a exemplo do monge psicopata d’O Nome da Rosa. Pra caras como ele, ou como o Isaac Hayes, veneno na língua dos outros é refresco.

Assista ao episódio:

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Em tempo: não vejo a hora de começarem a tirar o sarro do livro de Urântia. Os escarnecedores são excelentes propagandistas…

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2 Comments

  1. Falou e disse, meu caro. Abs.

  2. Diogo

    Inexigibilidade de conduta diversa!

    No caso da cientologia, a sátira é quase que uma obrigação, devido às pitorescas exigências e devotos.
    O que eu quero saber mesmo é se a namorado do ator Tom Cruise, devota de tal seita, realmente vai dar a luz sem emitir nenhum som, como defende a doutrina cientologica.

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