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Pimenta Neves

Caros, vocês acompanharam a cobertura do julgamento do Pimenta Neves? Gostaria de saber qual análise os Gargantas — com textos, não comentários neste post, por favor — e seus leitores fazem do comportamento da mídia sobre o caso. Afinal, podemos dizer que ele era um dos caras mais poderosos da imprensa na época do crime. E, please, é preciso dar nomes aos bois, isto é, citar o meio de comunicação. Abraços. R.

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1 Comment

  1. Vinicius

    Desaprovo. Por mil motivos, uns deles, diga-se, principal!, o da ilegalidade. Onde fica o direito à intimidade, honra, imagem, presunção de inocência etc. A democracia (liberdade) criou a imprensa, não pode esta ser madastra daquela. O problema aqui não é a liberdade de expressão, mas a liberdade do Pimenta Neves depois da expressão. O discurso da mídia, em casos de criminalidade, é sempre o discurso da opressão, da vingança, entre outros. Há também o interesse na venda, na audiência, na manipulação do fatos. Desaprovo essa conduta veementemente. Aliás, minha pesquisa (monografia) é sobre isto: o poder da mídia.

    Outra: houve, neste caso, isenção dos jurados e juiz no julgamento do Pimenta Neves? Vcs concordam com o programa Linha Direta? Acham justo esta homogeneização da consciência coletiva (opinião pública) em condená-lo precipitadamente?

    Nilo Batista resume muito bem esta mazela contemporânea:

    tensões graves se instauram entre o delito-notícia, que reclama imperativamente a pena-notícia, diante do devido processo legal (apresentado como o estorvo), da plenitude de defesa (o locus da malícia e da indiferença), da presunção de inocência (imagine-se num flagrante gravado pela câmara!) e outras garantias do Estado democrático de direito, que só liberarão as mãos do verdugo quando o delito-processo alcançar o nível de delito-sentença (= pena-notícia).

    Mais a frente escreve Guy Debord:

    “Toda a vida das sociedades nas quais reinam as condições modernas de produção se anuncia como uma imensa acumulação de espetáculos. Tudo o que era diretamente vivido se afastou numa representação.”

    “A alienação do espectador em proveito do objeto contemplado (que é o resultado da sua própria atividade inconsciente) exprime-se assim: quanto mais ele contempla, menos vive; quanto mais aceita reconhecer-se nas imagens dominantes da necessidade, menos ele compreende a sua própria existência e o seu próprio desejo. A exterioridade do espetáculo em relação ao homem que age aparece nisto, os seus próprios gestos já não são seus, mas de um outro que Ihes apresenta.
    Eis porque o espectador não se sente em casa em nenhum lado, porque o espetáculo está em toda a parte.”

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