blog do escritor yuri vieira e convidados...

Mãe é mãe, piada é piada.

Olha, o Bruno Costa disse, com toda a propriedade, que a piada não diminui em nada as – como direi?? – capacidades totalitárias do PT. É verdade. Mas o Yuri parece ter levado para o lado pessoal um post endereçado exclusivamente a posicionamentos políticos impermeáveis ao bom senso. O meu argumento, brilhantemente ilustrado pelo caso da ONG plutônica, é o de que se vive um contexto de luta política e, neste caso, não há lá muita preocupação com o compreender. Há, na verdade, esforço doutrinário. A ironia, claro, é só a cereja do bolo.

Desconfio de qualquer movimentação em cardume. Assim que li o texto postado aqui pelo Yuri, dei um pulo no blog do Reinaldo Azevedo. Nada. Também não vi nenhum outro jornal de grande circulação – Estadão, Globo, Folha – repercutindo a matéria. Ao contrário da maioria, não acredito num complô esquerdista da mídia para acobertar informações nocivas aos planos malígnos de dominação do mundo pelos comunistas (cruz em credo, três vezes!!!). Se a notícia fosse verdadeira, repercutiria, como repercutiu o mensalão e o dossiê. Algum tempo depois no blog do Reinaldão – perdoem a intimidade, é que conheço, virtualmente, o senhor Reinaldo de outros foros carnavalescos – li uma nota reclamando da quantidade de pedidos dos internautas, leitores do blog, para que ele repercutisse a notícia da tal ONG plutônica. Ele se recusou.

Como o Yuri mesmo afirmou o Garganta não é uma redação de jornal, não há necessidade de “furar” a concorrência. O importante aqui são as análises. Então me perguntei: porque tanta pressa para divulgar essa informação? A resposta tinha a ver com o que acreditávamos ser possível ou não em relação ao cenário político atual. E aqui discordo do Yuri. Não foi o PT, com seus inúmeros escândalos, que tornou a estória plausível. O que a tornou plausível foi nossa predisposição em ver o cenário político como um campo de batalha radicalmente dividido pela navalha da moralidade. Há os bons e os maus.

Nossos inimigos são construções retóricas dos nossos textos. Ao escrever um texto criticando os petistas posso pesar a mão na retórica, de modo a caracterizá-los como bandidos, ladrões, e por aí vai, na tentativa de ganhar a adesão do meu auditório. Eu não quero – por diversos motivos, egoístas e altruístas – que as pessoas considerem como razoáveis seus argumentos ou posições políticas. Os textos ganham, imediatamente, um caráter denuncista. Contudo, por mais que meus dons estilísticos sejam prodigiosos, preciso, de tempos em tempos, de fatos apoiando minha tese, ou ela vai para o beleléu (esse elísio de tantas boas idéias). Quando aparece um destes fatos rapidamente nos apropriamos dele como suporte para nossa tese. Estamos numa batalha, numa luta sangrenta, e precisamos de qualquer apoio. O pathos mais brutal da luta nos embala, o furor (não o ágon, que é outra coisa). Só consigo ver vanguarda neste sentido bélico (aliás, etimologicamente, o mais originário).

Eis um modo de ver meu argumento: não se trata, na minha opinião, de um “grupo de indivíduos que, por seus conhecimentos ou por uma tendência natural, exerce papel de precursor ou pioneiro em determinado movimento cultural, artístico, científico”; mas da “extremidade dianteira de unidade ou subunidade em campanha”. Por isso fica tão fácil tomar por verdadeiro o meramente duvidoso.

E termino retomando o Bruno Costa. Se fizerem uma CPI das ONGs, vai voar m… para tudo quanto é lado.

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3 Comments

  1. O Reinaldo Azevedo deu o critério para avaliar a veracidade das malandragens petistas: os petistas não são idiotas, não são desprovidos de inteligência; o que lhes falta é caráter. Enfim, precisamos parar e pensar: a notícia demonstra burrice ou mau-caratismo? Taí a forma correta de proceder. Às vezes eu me esqueço que nem todo petista é o Lula.

  2. A propósito: não sei de onde vc tirou que levei para o lado pessoal. Quando me referi a certo “babaca comentador de blog alheio”, não falava de vc, que também é dono deste blog, mas a certos visitantes que só apareceram para escrever comentários recheados de palavrões, insultos e sarcasmo, aquele gênero de linguagem usado por militantes esquerdistas desesperados. Claro, deletei tudo, não deixo ninguém berrar em minha home sem sequer ter sido convidado. (Aliás, também retirei o artigo do Jaime Leitão que deu origem à coisa toda, artigo este que me limitei a reproduzir.) Não sei se você notou, mas o blog agora está com uma média de 4920 visitantes/dia, tendo chegado a 8951 visitas na segunda ou terça-feira. Ou seja: fomos descobertos por esse tipo de gente também. Eu apenas estava dando nomes aos bois e bodes, e não expressando uma raiva ou sei lá o que vc achou que fosse.
    Abração!

  3. daniel christino

    O Reinaldo tomou posição na disputa. Para ele vale o paradigma de Sartre em “As mãos sujas”. Não tomar posição é posicionar-se a favor do mal. Veja a retórica: é denuncista. Continuo afirmando que dentre meus amigos esquerdista não há nenhum mau-caráter. Logo, acho que o texto do Reinaldo está equivocado. Entretanto, consigo lê-lo – e com prazer, já aviso – no contexto de uma retórica do combate político.

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