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O mais violento filme brasileiro já feito?

A expectativa grande agora é com “Baixio das Bestas”, novo longa de Cláudio Assis, diretor do excelente “Amarelo Manga”, grande vencedor da recém-encerrada edição deste ano do prestigiado Festival de Brasília. “Baixio” levou os prêmios de melhor filme, melhor atriz, para Mariah Teixeira, melhor trilha sonora e melhor atriz coadjuvante, para Dira Paes (infelizmente, sempre que penso na Dira Paes, lembro-me da cena de Amarelo Manga em que ela curra o Jonas Bloch com uma escova de cabelo).

O filme é o “retrato de uma comunidade rural pernambucana, dominada por um avô mercenário que explora sexualmente uma neta de 16 anos, por prostitutas maltratadas e jovens de classe média alta de uma violência extrema”, segundo a Folha Online.

Vejam o que diz o site globo.com:

“ao longo de quase duas horas Baixio das Bestas reafirma a opção do diretor em fazer um cinema viceral, verdadeiro, muitas vezes brutal. No filme é apresentado um universo de criaturas esquecidas pela modernidade, desprovidas de moral e vítimas da miséria. Ali, violência e ignorância são as forças que movimentam o dia-a-dia de uma cidade paralisada pela decadente cultura latifundiária. É onde personagens como prostitutas, agroboys e exploradores dividem seus espaços.

Nesse cenário acontece uma sucessão de situações que fazem de Baixio um dos filmes brasileiros mais violentos da história. Estupros, sexo explícito, exploração e pedofilia em um caldeirão que deixou o público travado, muitas vezes desconfortável.”

Assim resumiu Luiz Zanin, Crítico do Estadão, a premiére do filme no festival de Brasília, em seu blog:

“Amigos e amigas, eu não sabia ontem como iria terminar a sessão no Cine Brasília de Baixio das Bestas, novo longa de Cláudio Assis, diretor de Amarelo Manga. O filme é tão violento, mas ao mesmo tempo tão sedutor, que tudo poderia acontecer. E aconteceu a perplexidade. O público não sabia como reagir, se com aplausos ou vaias. Prevaleceram os aplausos, mesmo assim tímidos. Mas é a reação correta a um filme sem nenhuma redenção, sem momentos de catarse, duro e sem qualquer concessão.”

De que trata? De uma localidade decadente na Zona da Mata, em Pernambuco, onde uma garota menor de idade é explorada sexualmente pelo próprio avô, prostitutas (Hermila Guedes, Dira Paes e Marcélia Cartaxo) são brutalizadas por agro-boys metidos a crápulas (Matheus Nachtergaele e Caio Blat). Tudo respira decadência e o filme foi visto como misógino por alguns e denúncia de mal-tratos contra mulheres por outros. Fico com os segundos, porque a obra é violenta mas não cínica. Mas que é filme de difícil digestão, lá isso é. Aliás, o próprio Brasil profundo, em si, é de difícil digestão. “

Eu conheci Cláudio na última edição do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA), na Cidade de Goiás (GO). O cara é completamente pirado. Ele ficou famoso também pelo surto psicótico durante a entrega do Grande Prêmio TAM do Cinema Brasileiro em 2004, quando, durante a premiação, atacou verbalmente Hector Babenco, que ganhara o prêmio de melhor diretor por “Carandiru”, com os priores impropérios.

A ver.

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10 Comments

  1. Já sei. Depois do slogan “pobreza gera violência”, agora vem “pobreza gera amoralidade”. Os intelectuais demolem a moral, os pobres, que são os mais prejudicados pela decadência geral da sociedade, viram animais, e depois vem um diretor de cinema e filma “a realidade”, certo de que todos considerarão devidamente subentendido que a origem do problema é a pobreza, e não a demolição da moral.

    Mais do mesmo. E quanto à sétima arte, considerada em seus aspectos meramente estéticos, prefiro buscá-la alhures.

    Abraços,

    Evandro

  2. Prefiro assistir o filme primeiro, Evandro. Não vi este tipo de correlação que você sugere em “Amarelo Manga”. Vi apenas crítica da amoralidade e exposição da brutalidade humana. Quanto à sétima arte, há boa e ruim aqui, há boa e ruim alhures.

    Abs,

    pedro.

  3. O Evandro deve ter se baseado no que diz o globo.com:

    “No filme é apresentado um universo de criaturas esquecidas pela modernidade, desprovidas de moral e vítimas da miséria.”

    Se o filme realmente deu margem a essa interpretação, eu so poderia dar razão ao Evandro.

  4. Não me baseei na reportagem não. Baseei-me na minha experiência própria. E minha visão não é do filme em si. Está mais para uma visão sociológica do conjunto do cinema brasileiro. 99% dos diretores rodam filmes no nordeste, nas periferias e nas prisões, e depois vêm dizer que a reflexão é universal, sobre a raça humana etc etc. Isso pra mim é conversa pra boi dormir. O cinema brasileiro é militante sim. Está na cara. Só não vê quem não quer.

    Abraço,

    Evandro

  5. Vocês podem ter razão. Eu não havia atentado para esse trecho do comentário. Agora, o comentário pode ser perfeitamente cacoete marxista do jornalista que leu evidentemente o filme sob sua lente terceiro mundista bundona. O que me chamou mais a anteção, foi o fato de que o público não sabia se vaiava ou aplaudia. É um bom sinal. Ninguém pensou em vaiar Central do Brasil, por exemplo, que é muito mais um filme com este tipo de cacoete (pessoas vítimas da miséria, amorais, mas a quem o amor acaba transformando, blá, blá, blá…).

    Abs,

    Pedro.

  6. daniel christino

    Querem um filme sobre a “moral” da classe média?? Sobre a beleza que é esse Brasil multicultural e a singeleza deste povo iluminado por Deus e bonito por natureza?? Vejam “Cronicamente Inviável” depois me falem.

    Sobre Amarelo Manga: é um puta filme. Quando este estreiar, assistirei, embora com um gosto de nostalgia do Plínio Marcos e do recém-falecido Jesse Valadão (vulgo Boca de Ouro). Aliás, falando nisso, assistam também “Rio-Babilônia”. Êêêê alma coridal brasileira…

  7. Sou do tempo em que visceral se escrevia com ‘sc’ e não viceral. Cinema visceral seria algo filmado no açougue?

  8. Bom, assisti ao filme Cronicamente Inviável e, até onde me lembro, achei-o medíocre. (Talvez essa mediocridade tenha a ver com a tal “moral da classe média” de que vc fala.) Precisaria assisti-lo de novo para juntar as premissas desta minha conclusão. Mas o filme me marcou tão pouco que nem tenho vontade de me obrigar a isto. Só me lembro da minha impressão: “Ih, passou longe, não atingiu o cerne de porra nenhuma”. Tipo filme de professor de sociologia de boteco, saca? (Será que aquilo que W.H. Auden escreveu com relação ao ato de resenhar maus livros também se aplica ao de resenhar maus filmes, isto é, que semelhante ato “faz mal ao caráter”?)

    Quanto ao outro filme citado, ainda não vi.
    []’s

  9. Jacó

    Falar o que sobre Cronicamente Inviável? Se ele é quase cronicamente inassistível!

  10. Alvin

    Pedro, tá cheio de almofadinha por aqui. O cara com preconceito de algo que ele se baseia no seu proprio racismo, e ainda vem falar de visão sociológica. Porra, Mainadi perde. Certamente, os estudios da California tao cheios de grandes filmes pra ti.

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