José Eli da Veiga, via email, faz algumas perguntas bem interessantes e oportunas sobre a cratera do metrô de São Paulo. Fiume, que tal dar uma explorada no assunto?

Há uma coisa bem estranha na cobertura da imprensa sobre a “cratera” aberta na
beira da Marginal Pinheiros devido ao excesso de risco assumido pelo
consórcio de empreiteiras contratado pelo Metrô: total silêncio sobre o
licenciamento ambiental.

Quando é para dar voz ao lobby dos sindicatos patronais, em sua campanha contra
a ministra Marina Silva, a questão da licença ambiental surge como o principal
“entrave” ao desenvolvimento do Brasil. No entanto, quando surge uma tremenda
barbeiragem, como essa incrível “cratera”, faz-se total silêncio sobre algo que
é básico: a licença ambiental para a obra foi obtida na véspera!

Se algum repórter resolver checar, talvez possa confirmar a seguinte explicação:

O ex-Secretário do Meio Ambiente, professor José Goldemberg, foi cuidadoso com o
pedido. Determinou estudos técnicos, pois havia dúvidas. Valeu o princípio da
precaução. Ao contrário, esse foi o primeiro ato de seu sucessor, o “herói do
agribusiness” Xico Graziano
. Para dar mais agilidade à obra, assinou, sem
qualquer cuidado, o licenciamento da obra. Talvez por ordem superior, mas isso
nunca se saberá…

Por mais errada que possa estar tal explicação, mesmo assim ela chama a atenção
para o fato de haver “dois pesos e duas medidas” no debate sobre a morosidade
dos licenciamentos ambientais. Nem interessa quando se provoca um desastre desse
tipo. Só é importante quando o objetivo é malhar ambientalistas, índios,
quilombolas e a Dona Marina Silva. Ou não?