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Reportagem sobre a “Bíblia alienígena”

Para se criar um apelido infeliz, nada melhor que uma reportagem sensacionalista da TV. Tal como diz um dos entrevistados: “se você considerar anjos e seres espirituais como alienígenas, então este livro trata de alienígenas”. Mas é interessante saber que Elvis Presley – que nunca deixou de ser um cantor gospel – provavelmente travou contato com o Livro de Urântia, assim como o líder da banda Grateful Dead, o autor da série Star Trek e até mesmo gente da Casa Branca.

Como já disse algumas vezes, vem aí o “Efeito Tlön” (vide o conto Tlön, Uqbar, Orbis Tertius, de Jorge Luis Borges). Pouco importa se o livro foi escrito por mentes humanas ou espirituais: um dia, tal como o mundo se tornou Tlön no conto de Borges, o planeta se tornará Urântia. Sim, porque a diferença entre os dois está num ponto muito importante: enquanto o patrocinador dos “sábios” que escreveram o Orbis Tertius exigiu que aquela obra “não compactuasse com o impostor Jesus Cristo”, o Livro de Urântia não apenas compactua, mas alarga nossa compreensão sobre o Senhor do Universo.

Ok, há a polêmica com os cristãos tradicionais, já que, segundo este livro, existiriam outros seres semelhantes a Jesus, outros Filhos diretos de Deus, cada qual criador e governante espiritual de seu próprio universo. Para se chegar a Deus, é preciso passar por um deles, pois são o caminho, a verdade e a vida em seus respectivos universos. Mas, calma, não se chateie, há também o Filho Eterno, a terceira pessoa da trindade e mil outros detalhes que não vem ao caso.

Enfim, só nos resta duas opções: ou o livro é uma fraude, ou é de fato uma revelação, talvez o Evangelho Eterno anunciado pelo Apocalipse. No primeiro caso seria necessário descobrir quem o escreveu. Contudo, ninguém o sabe e, conforme os anos vão passando, mais difícil se torna sabê-lo. Já o segundo caso – é uma revelação autêntica? – exigirá certamente alguns séculos para ser confirmado, uma vez que toda revelação genuína dá início a uma nova civilização. Eis o busílis: essa civilização só começa a engatinhar quando uma massa crítica de pessoas começa a crer na suposta revelação.

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4 Comments

  1. Mas bá, finalmente uma abordagem coerente. A racionalidade tem pouco valor para suportar isto, mas prefiro concordar com o trecho que diz que ‘a mente humana é capaz de reconhecer a verdade quando a encontra’. Suponho que nem TODAS as mentes, mas enfim, o LU foi reconhecido pela minha como verdade, entao… é um prazer estar aqui.

  2. Thiago

    Para mim essa é a “Bíblia Nazista”. As pessoas envolvidas na criação desssa “revelação” eram militantes fervorosos de eugenia no começo do século XX, ou seja, as origens dessa “Bíblia” são muito humanas. Não é à toa que uma boa parte do livro eles defendem a idéia de “raças inferiores”, ou controles populacionais assim como efetuados na Alemanha Nazista, com a diferença de que, segundo eles, isso é um plano divino. A parte mais hilária foi onde eles contam a história de Adão e Eva e dizem que eles vieram aperfeiçoar a humanidade. Não apenas isso, mas também selecionariam a melhor “cepa” de cada raça para distribuir o sangue Adâmico, e que isso é motivo de honra e competição em outros mundos. Pelo amor de Deus, uma boa parte dos termos desse livro vem diretamente de eugenia. Mesmo que existam diferenças entre seres humanos e elas possam ser explicadas cientificamente isso não justifica tratá-los como gado! Isso não é Cristianismo nem de longe.

  3. Thiago

    Legal. Não tem argumentos para contradizer as acusações de eugenia, pois são verdadeiras e estão no livro. Urantia é coisa de nazistas e não há “wishful thinking” que possa provar o contrário. Todo o sentido da vida segundo esse livro é o de “evoluir” e para isso evitar as “raças inferiores” e outros degenerados.

  4. A eugenia tem sido muito discutida no Grupo dos leitores do LU. Veja aqui.

    Sim, em alguns capítulos há textos tratando deste tema que realmente dão margem a muita polêmica, a diferentes interpretações e, claro, a muito escândalo sincero – tal como o seu. (E, em boa medida, também o meu.) Há mesmo quem acredite que esses trechos sobre eugenia foram acrescentados posteriormente à versão original. Eu não sei. (Aliás, vale lembrar que o próprio livro afirma não existir raças puras, sendo sua “eugenia” algo totalmente diferente do racismo.) Mas sei que, se vc ler a quarta parte do livro – que descreve a vida de Jesus passo a passo -, não encontrará uma palavra sequer para justificar sua acusação de ser ele uma “Bíblia nazista”. O Jesus que está ali é o mesmo dos evangelhos. E ainda mais desvelado.
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