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Na Natureza Selvagem

Livro

Sempre gostei dos livros e do estilo de escrita de Jon Krakauer. Foi em 1999, logo depois de traduzir seu “Sobre Homens e Montanhas” para a Companhia das Letras, que li “Na Natureza Selvagem”, seu relato sobre a história de Chris Mccandless, o jovem que abandonou sua família na Virgínia por uma vida na estrada e de aventuras ao estilo dos personagens de Jack London e inspirado por Thoreau e John Muir.

Ontem, fuçando nas minhas coisas, encontrei um artigo que à época escrevi para o jornal “O Popular”. Seu título é “Selvagem é o Concreto”. Tem um tom nostálgico e meio melodramático que dá uma certa vergonha. Infelizmente, só o tenho em papel, mas se tiver saco vou redigitá-lo para algumas reflexões. Pensar se ainda acredito no que dizia há quase dez anos – afinal, em outros campos, mudei radicalmente. Afinal, todo o mundo se encantou e ainda se encanta com as idéias de Thoreau e com uma certa visão romântica da vida liberta na estrada e junto à natureza.

Outro dia, meu amigo Nelson me ligou no meio da tarde. Saía da sessão de “Na Natureza Selvagem”, o filme de Sean Penn baseado na novela de Krakauer (trailer aqui). Quase fora atropelado na Paulista de tão atordoado. Dizia que saíra do cinema pensando em mim. Vá saber por quê.

Cartaz

O livro me causou forte impacto em 1999, e ontem, na expectativa da estréia do filme aqui no sertão, comecei a relê-lo e já não o consigo largar. As perguntas são sempre as mesmas e seguem essenciais, penso: o que realmente vale à pena? Vale trocar as montanhas pela segurança do cotidiano? Em tempo, eu não considero que tenha abandonado as montanhas, mas por ora tenho outras prioridades, antes de retornar a elas.

Chris largou tudo e foi viver no Alaska, depois de rodar metade dos Estados Unidos – a pé, de carona, de canoa. Morreu de inanição em meio ao inverno rigoroso.

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3 Comments

  1. Ronaldo Brito Roque

    Cara, o problema é o sexo. Se vivêssemos isolados sentiríamos muita falta de sexo. Já pensei sobre isso, e cheguei à conclusão de que viver isolado é problemático.

    Abraço,
    Rbr

  2. Não acho que o ideal proposto no livro deva ser aprovado pelo leitor. Minha opinião é que se trata de um apelo emocional impulsionado pela veracidade da existencia do personagem , e temperado pela sua morte final , tentando levar a um grande consumo de uma publicação . É uma formula conhecida. O personagem deveria ser visto como alguém perdido em seus próprios desejos narcisistas , que resultou em seu estabelecimento em um pano de fundo desertico , como mostra o lugar que buscou para se alocar. No fim das contas , êle buscou atingir o mesmo fim que em seu discurso rejeitou , apenas um relato inconciente , apesar de estar sempre endossando o que todo mundo já sabe desde a antiguidade .

  3. Não é uma boa idéia tentar vender como uma obra cult , o suicídio de um jovem impotente em assumir algum tipo de liderança frente a sua família conservadora.Existe grande conotação narcisista no personagem .Seu discurso repetitivo.Melhor seria considerar esta obra como uma aventura , similar a 11 homens e um destino , assaltantes de bancos , repleta de maus exemplos . Enfim mais uma amostra da confusão da sociedade americana , que os brasileiros vão endossar enganosamente.

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