A neblina e a chuvinha fria atrapalha chegar até a caixa do correio. Droga, jornal, carta, tudo molhado! E não veio nada do Brasil…Raios duplos!
Já com um café na mão, chama minha atenção um envelope verde com letras púrpura gritando “Getting ready for a flu pandemic”!! Já ia jogar na pilha de spam quando vi o timbre do Ministério da Saúde. Hum, melhor abrir!
Dentro do envelope, uma adesivo de geladeira com telefones úteis, um folheto explicativo muito colorido e uma carta polida, discreta, mas muito direta do Diretor de Saúde Pública.
No panfleto, explicações sobre o que é uma “influenza pandemic”; porque o vírus H5N1 pode representar perigo para os humanos; como fazer seu “plano de emergência”! Coisa engraçada isso! Não, não é risível a preparação para uma catástrofe, me intrigou a forma quase “familiar” com que tratam os desastres por aqui. Ah, e tudo em muitas cores e desenhinhos!
Sim, meus caros, ao que parece, ninguém se alarma quando um Ministério envia uma correspondência dizendo basicamente “nada de pânico, cidadãos, tenham um plano, ajudem os seus vizinhos e saibam que já há uma estrutura montada para encarar uma pandemia”! “Ah, sim, ótimo! Amanhã comprarei mais latas de beterraba e band-aids extras!”, deve ser o que pensou meu senhorio aqui do lado. Simples assim! E nem quero invadir aqui as discussões sobre o papel do Estado e a sua confiabilidade nas questões de saúde pública e estados de emergência. Restrinjo-me tão somente ao famoso “kiwi way of life”: prático, útil e direto, da lista de supermercado à estrutura social (aí incluído o poder público).
Algo mais pra fazer arrepiar uma pobre brasileira ainda sem a dose matinal de cafeína?
Sim, logo após pedir que as pessoas renovem suas receitas médicas para medicamentos de uso contínuo, providenciem seu kit de emergência e estoquem comida (Meu Deus, mas estocar comida? “Claro, para o caso de não poder sair para comprar ou de haver crise de desabastecimento”! Ah, tá!), o tal Diretor termina a carta com a seguinte frase: “We don’t know when a pandemic will occur but we are doing everything we can to prepare for one” (Nós não sabemos quando a pandemia ocorrerá mas nós estamos fazendo tudo o que podemos para nos prepararmos para ela – tradução livre). Posso estar completamente surtada, mas esse senhor não diz “pode-ser-que-haja” uma pandemia, ele afirma que ela virá, mais hora menos hora!
Ora, leitores, documentários mil na tv, artigos semanais nos jornais (o primeiro que li a respeito foi escrito pelo Washington Novaes, em 2005, e publicado no Popular, e o último, num jornal neozelandês, dava conta da falta de local apropriado para estocar os corpos dos vitimados pela pandemia!) etc, nos dão uma idéia do perigo, mas não o fazem parecer tão maior ou tão mais imediato que a nova quebra mundial prevista para os anos 2010, outras tsunamis, falta de água potável, o aquecimento global… Tudo bem, já dizia o Rosa que “viver é perigoso” (e os filmes americanos desde os tempos da Sessão da Tarde também!), mas cartinha de Ministro, senhores, convenhamos, é dose cavalar!
*Rosa, com cara de quem vê tsunami na praia, olha para os dois periquitos belgas do enteado cantando alegremente na varanda…
elv peka fluss
Rosa, nossa flor, é sempre um prazer lê-la. Abraços.
Rosa Maria
Obrigada, Elv, pelo incentivo e pelo carinho-“flor”! Agora que o inverno chegou, não há mais escusas para não publicar um pouco mais… só não hoje! Abriu um sol magnífico e minhas rosas estão precisando de carinho!
Grande abraço