blog do escritor yuri vieira e convidados...

Autor: rosa maria lima Page 1 of 2

Sir Edmund Hillary (1919-2008)

Meu mundo nunca teve muitos heróis. Sou de uma geração pobre deles. Não porque morreram de overdose como os do Cazuza e seus contemporâneos. Não. Eles simplesmente desapareceram num mundo de “celebridades” tão escadalosamente fluorescentes quanto voláteis. Isso é mais triste que parece. É solitário viver sem heróis. Ficamos sarcásticos e cínicos quando crescemos iconoclastas. Até os super heróis dos quadrinhos têm segredos sórdidos, preferências sexuais pouco ortodoxas, medos incontidos. Nada escapa aos olhos crus de uma adolescente órfã de heróis.

Meio desesperada e ainda adolescente, adotei alguns dos meus pais e sofri com a morte moral de um deles recentemente, o Genoíno. Já adulta, tomei outros do meu irmão, mais fortes e interessantes com suas conquistas extremas, mas distantes da minha realidade de café e sofá.

Apenas um deles ficou e se tornou mais próximo quando me mandei de mala e cuia pras Antípodas. Sir Edmund Hillary, o primeiro ocidental que nos anos 50 escalou o Everest.

Esse ícone nacional da Nova Zelândia, estampado na nota de 5 dólares neozelandeses e exemplo do que se pode chamar de cultura kiwi ou “kiwi lifestyle” assumiu um papel importante na minha “educação” para um mundo melhorado, povoado por pessoas com valores fundamentais que não mudam com o tempo. Um mundo com heróis finalmente!

Quando vim pra cá morar ao pé do Ruapehu (o vulcão), soube que Sir Ed (como era chamado por aqui), aos 16, numa excursão da escola ao Ruapehu, ficou fascinado pela montanha. Não o culpo. Eu, que vim do Planalto Central, sofri uma espécie de epifania diante “dele”, coberto de neve, radiante numa noite clara de verão.

É quase ridículo assumir publicamente que me senti próxima do herói. Eu, uma medrosa profissional, de repente, entendi melhor meu irmão e suas aventuras, suas conquistas e, finalmente, seus heróis – Shackleton, Scott, Klink, Blake, Cousteau…Hillary.
Depois, à medida em que ia me aclimatando, o jeito “kiwi” de viver pareceu menos absurdo e rude. O DIY (Do it yourself), o andar descalço, o prático antes do bonito… E, mais uma vez, Sir Ed, que se definia como um “ordinary kiwi bloke” (um neozelandês comum), serviu de modelo.

Ele subiu o Everest, chegou ao Pólo Sul, subiu o Ganges e muito mais. Sobreviveu a todos os tipos de intempéries naturais e interiores até falecer hoje, aos 88 anos, na mesma casa de fazenda em que nasceu, nos arredores de Auckland, e para onde sempre voltou depois de cada viagem.

O Himalaia tomou-lhe bons anos de vida (incluindo as expedições e depois a construção de hospitais e escolas com os fundos de ajudou a levantar mundo afora), a mulher e a filha adolescente (mortas num acidente de avião nas montanhas nos anos 70), a alegria de viver (uma depressão que durou anos depois do acidente). Mas o herói, e mais herói por isso, sempre contou do que as montanhas lhe deram, do que aprendeu perambulando por lugares longínquos e, principalmente, por entre as pessoas que lá vivem, como os Sherpa, que, segundo ele, resgataram-lhe a paz de espírito.

Fiquei triste com sua morte hoje. Não é fácil saber da morte de um herói, ainda mais com tão poucos. Procurei consolo falando dele pra minha filha, que me ouviu com olhinhos arregalados e curiosos de bebê. “Kiwi” como Hillary, Clarice crescerá ouvindo muito sobre o herói de seus pais até que encontre os seus próprios. Até lá, Clarice, como diria Sir Ed, “be determinate, aim high”!

Arremesso de pingüins

Que maravilha a internet, não é? Mesmo estando aqui a milhas e milhas do Brasil, posso manter contato diário com todos os que me fazem falta, muita falta!

É ainda uma excitação e parte importante do meu dia “abrir a correspondência” depois de tomar meu café e ler os jornais. Ah, que delícia os pequenos emails (e os grandes também, claro!), os scraps no Orkut (como viver longe sem Orkut?) e as famosas mensagens fw!!!!

Os heróis(!?!) da Montanha

Everest - by UWCSEA

Noutro dia, comentando um post do Pedro, falava de uma notícia na TV local de que um neozelandês – que havia perdido as duas pernas num acidente no Mount Cook em 1982 – tinha finalmente chegado ao topo do mundo. Um herói, claro!

Chegar ao cume do Everest não é pra qualquer um, aliás, apenas estar naquela parte do planeta é para poucos; voltar vivo então, restringe ainda mais o grupo ilustre.

Há anos me interesso por esses adoráveis e temerários heróis, dentre eles meu irmão, que escalou o Monte Aconcágua, nos Andes, em 1997.

Esses loucos de carteirinha fazem a Terra menor à medida que realizam seus sonhos, que de tão mirabolantes e absurdos nos parecem risíveis ao primeiro contato, mas se tornam feitos memoráveis na volta pra casa.

Essas pessoas são sim feitas de algo mais! Algo que as move para o assustador desconhecido em busca do inominável! E, todos nós, os outros meros mortais, vamos seguindo atrás, primeiro descendo das árvores, depois saindo das cavernas…

E as meninas sumiram…

Ao checar meus emails hoje de manhã, dei risada de uma mensagem encaminhada pela querida Lunaroja! É, daquelas mesmo, em powerpoint, e que recebemos sempre!!! Diz uma certa autora desconhecida:

“Gostaria de saber quem foi a mentecapta, a matriz das feministas que teve a infeliz idéia de reivindicar direitos à mulher e por quê ela fez isso conosco, que nascemos depois dela. Estava tudo tão bom no tempo das nossas avós, elas passavam o dia a bordar, trocar receitas com as amigas, ensinando-se mutuamente segredos de molhos e temperos, de remédios caseiros, lendo bons livros das bibliotecas dos maridos, decorando a casa, podando árvores, plantando flores, colhendo legumes das hortas, educando as crianças, freqüentando saraus. A vida era um grande curso de artesanato, medicina alternativa e culinária.

Aí vem uma fulaninha qualquer que não gostava de sutiã nem tão pouco de espartilho, e contamina várias outras rebeldes inconseqüentes com idéias mirabolantes sobre ‘vamos conquistar o nosso espaço’.

Um presente compartilhado! New Element Discovered by Scientists


April Fool

Ganhei esse texto de presente do Marc e achei que agradaria a muito alguns dos meus amigos do “Gargantas de Fogo” e certamente ao nosso eDitador (Rosa ri)!

Apesar da posição do Daniel em relação ao Estado ser-me mais simpática (sou uma constitucionalista, então…), não pude deixar de apreciar mino tão adorável!

O autor é um típico kiwi (neozelandês) quarentão – e enxuto! (Rosa ri de novo e morde o lábio inferior) -, que apoiou a transição econômica da Nova Zelândia, iniciada nos anos 1970, com suas inúmeras alterações (leia-se cortes profundos e privatizações) no Estado; mas, concomitantemente, guarda profundo orgulho do “welfare state” modelo que ainda se cultiva por estas paragens.

Just Business II

O post do Rodrigo me lembrou imediatamente uma cena de “O Brother, Where Art Thou?(2000)“, dos ótimos Irmãos Cohen! Misturando o Mississipi da Grande Depressão com a Odisséia, o roteiro faz uma salada deliciosa que agrada até àqueles que detestam quando o protagonista começa a cantar sua fala (não é o caso do nosso vitaminado eDitador! “Cantando na Chuva“, Yuri? Que surpresa, heim?!) …

A cena, que tem tudo a ver com o chinês da vez, acontece quando os protagonistas encontram um músico negro parado numa encruzilhada… Brilhante! Vai ver foi a mesma coisa que pensou o nosso oriental! E quem foi mesmo que disse que a vida imita a arte?

Da série “Confissões dos Gargantas de Fogo!”

Final de tarde de quase inverno e me atrevi a aceitar o convite muito gentil do Phil, técnico, para treinar com as meninas do clube de futebol local! Coitado, ele achou que eu sendo brasileira…

Peraí, pára tudo! Rosa Maria jogando futebol num time?

De lupo et cane

Acalorada discussão tomou conta do fim-do-mundo nessas últimas semanas! “Você é contra ou a favor do microchip compulsório em todos os cachorros da Nova Zelândia?”, é a pergunta do momento!

Além das despesas enormes com comida, vacinas e veterinários, os donos de cachorros ainda desembolsam cerca de NZ$ 50,00 (uns 67 reais) anuais com a licença para seus “melhores amigos” (o sentido da expressão é quase literal por aqui!).

O problema começou depois que uma menina de sete anos foi violentamente atacada em 2003 e o Governo instituiu o uso compulsório de microchip para monitorar todos os cães da Nova Zelândia. Assim, todos os animais registrados a partir de julho deste ano deverão ser microchipados (desculpem-me, mas não resisti ao termo novo!), a um custo extra de NZ$45,00 (60 reais). Mas, tirando as sérias restrições observadas pelos representantes dos direitos dos animais, qual o problema disso?

Bird Flu

A neblina e a chuvinha fria atrapalha chegar até a caixa do correio. Droga, jornal, carta, tudo molhado! E não veio nada do Brasil…Raios duplos!

Já com um café na mão, chama minha atenção um envelope verde com letras púrpura gritando “Getting ready for a flu pandemic”!! Já ia jogar na pilha de spam quando vi o timbre do Ministério da Saúde. Hum, melhor abrir!

Dentro do envelope, uma adesivo de geladeira com telefones úteis, um folheto explicativo muito colorido e uma carta polida, discreta, mas muito direta do Diretor de Saúde Pública.

No panfleto, explicações sobre o que é uma “influenza pandemic”; porque o vírus H5N1 pode representar perigo para os humanos; como fazer seu “plano de emergência”! Coisa engraçada isso! Não, não é risível a preparação para uma catástrofe, me intrigou a forma quase “familiar” com que tratam os desastres por aqui. Ah, e tudo em muitas cores e desenhinhos!

Tina Bell Vance


Nada mais a fazer num domingo de inverno no fim-do-mundo que vagar pela internet. Foi assim que descobri a Tina Bell Vance, uma americana meio funesta, mas terrivelmente criativa! As suas fotos e imagens digitalizadas são de uma tristeza tão “atraente”! Observo atentamente uma a uma – coisa difícil para alguém tão dispersa como eu, ainda mais quando olha para uma tela de computador!

Tudo bem! Num dia quente e ensolarado do Planalto Central do Brasil talvez não ofereçam tanto “perigo” aos olhos, mas hoje, aqui, essas figuras fazem todo sentido…

Page 1 of 2

Desenvolvido em WordPress & Tema por Anders Norén