blog do escritor yuri vieira e convidados...

Autor: rodrigo fiume Page 16 of 35

Céu e concreto

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Beira-Mar usa esferográfica?

Está nos jornais de hoje. Reproduzo trecho da Folha:

Para ouvir por apenas duas horas, ontem, seis testemunhas de acusação num processo do qual é réu na Justiça Federal do Rio, o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, custou aos cofres públicos mais de R$ 50 mil, segundo cálculos da Fenapef (Federação Nacional de Policiais Federais).

Para o presidente da OAB, Luiz Flávio Borges D’Urso, presos como Beira-Mar ou qualquer outro não devem ser ouvidos por videoconferência, pois têm o direito de serem ouvidos na presença de um juiz.

O fato é que a videoconferência não está prevista em lei. Como nós, brasileiros, precisamos de uma “bíblia” que nos guie — neste caso, o Código de Processo Penal —, abre-se um vácuo estranho. Como não está previsto em lei, não é legal nem ilegal.

Quer outro vácuo estranho nas regras brasileiras? Apenas há uns 20 dias, a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que prevê punição para presos flagrados com aparelhos celulares. Ele ainda precisa passar pelo Senado. Isto quer dizer que, quando um detento é pego na cela com um celular, que ele usa para aplicar o golpe do falso seqüestro que tanto tem assustado as pessoas atualmente, nada lhe acontece ainda.

O curioso é que estamos em 2007. Em 2001, houve em São Paulo um episódio de que você certamente se lembrará. Em fevereiro daquele ano, presos de 29 presídios paulistas se amotinaram ao mesmo tempo — chamaram isso de megarrebelião; foi neste episódio que, para o público em geral, surgiu o PCC (Primeiro Comando da Capital), facção que articulou o movimento.

E como os presos conseguiram articular esse grande motim? [Abro o colchete para pedir a você, leitor, desculpas antecipadamente, pois, naturalmente, você sabe a resposta à pergunta. Mas prefiro respondê-la o mais claramente possível. Vá que um deputado qualquer leia este texto…] Resposta: celular.

Bem, passaram-se seis anos. E até hoje um detento não pode ser punido por, do presídio, articular crimes contra os que estão do lado de fora utilizando um aparelhinho que nem deveria estar lá dentro — mas está por conta da corrupção do sistema.

Alguém aí consegue me explicar isso? Por favor, possível leitor deputado, alguma explicação?

O resultado disso é que aquele movimento de 2001 hoje é chamado de a primeira megarrebelião. Sabe por quê? Porque em maio passado houve uma segunda, ainda maior, que sacudiu 74 unidades prisionais e incluiu atentados terroristas que ceifaram vidas e espalharam o terror pela cidade mais rica do país. E o que os presos usaram para planejá-la? [Amigo leitor, me desculpe novamente, ok? Espero que você entenda.] Resposta: celular.

Mas se estamos em março e a segunda megarrebelião foi em maio, por que um preso ainda não pode ser punido se for pego com um telefone na cela? Alguém sabe me explicar? Possível leitor deputado, algo a dizer?

Voltando ao primeiro vácuo estranho, aquele a que me referi lá em cima sobre o Código de Processo Penal, talvez possamos ter, não uma explicação, mas uma leve idéia de por que algo assim acontece no Brasil.

Sabe por que o Código de Processo Penal não prevê a videoconferência como uma forma segura e econômica para se ouvir presos de alta periculosidade? Na verdade, ele não prevê nem o computador. Ele é de 1941 e ao longo desse período poucas alterações sofreu. Naquela época, uma pequena invenção de um húngaro chamado Laszlo Biro começava a encantar as pessoas — e, suponho, os legisladores — mundo afora: a caneta esferográfica.

Como diz o Yuri, somos mesmo um país de catarrentos.

Eclipse na Vila

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Muro

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Chutes (11 erros, 10 acertos)

FILME:

  • — Babel*
  • —— Os Infiltrados*——
  • Cartas de Iwo Jima*
  • Pequena Miss Sunshine*
  • A Rainha*

DIRETOR:

  • Alejandro Iñárritu – Babel*
  • — Martin Scorsese – Os Infiltrados*
  • Clint Eastwood – Cartas de Iwo Jima*
  • Stephen Frears – A Rainha*
  • Paul Greengrass – Vôo United 93

ATOR:

  • Leonardo Dicaprio – Diamante de Sangue
  • Ryan Gosling – Half Nelson
  • Peter O’Toole – Vênus
  • Will Smith – Em Busca da Felicidade
  • — Forest Whitaker – O Último Rei da Escócia

ATOR COADJUVANTE:

  • ——Alan Arkin – Pequena Miss Sunshine* ——
  • Jackie Earle Haley – Pecados Íntimos
  • Djimon Hounsou – Diamante de Sangue
  • — Eddie Murphy – Dreamgirls
  • Mark Wahlberg – Os Infiltrados*

ATRIZ:

  • Penélope Cruz – Volver*
  • Judi Dench – Notas Sobre Um Escândalo
  • — Helen Mirren – A Rainha*
  • Meryl Streep – O Diabo Veste Prada*
  • Kate Winslet – Pecados Íntimos

ATRIZ COADJUVANTE:

  • Adriana Barraza – Babel*
  • Cate Blanchett – Notas Sobre Um Escândalo
  • Abigail Breslin – Pequena Miss Sunshine*
  • — Jennifer Hudson – Dreamgirls
  • Rinko Kikuchi – Babel*

LONGA DE ANIMAÇÃO:

  • — Carros
  • ——Happy Feet – O Pingüim——
  • A Casa Monstro*

DOCUMENTÁRIO:

A Rainha

a-rainha.jpgNão é bem um filme ruim. A recriação dos acontecimentos em A Rainha, de Stephen Frears, é bastante convincente. Parece até um documentário.

E Hellen Mirren como a Elisabeth II está mesmo perfeita. Tem tudo para juntar o Oscar à gama de prêmios que já recebeu pelo papel — no total, o filme teve 6 indicações: filme, diretor, roteiro original, figurino e trilha sonora original.

A Rainha retrata a comoção popular causada pela morte da princesa Diana, a relutância da família real em segui-la e o esforço oportunista do primeiro-ministro Tony Blair em consertar as coisas. O fato é que, por trás da frieza real atribuída à posição, o sentimento de Elisabeth é bem claro: Diana não era querida.

O “embate” entre o novo, representado pelo recém empossado Blair, e o velho, a milenar monarquia, confere certa diversão ao filme. Mas, pessoalmente falando, não vi tanta graça no todo. É uma situação que interessa mais aos britânicos ou aos que ainda prezam a monarquia nos dias de hoje.

O Labirinto do Fauno

labirinto-do-fauno-poster11t.jpgBelo filme. Embora se apóie em contos de fada, não é um filme infantil. É pesado, rude, violento.

Mãe e sua filha se mudam para uma área de conflitos na Espanha, durante a guerra civil. A mulher está grávida do comandante militar encarregado de extinguir os rebeldes. Na mansão, a menina descobre um labirinto de pedras.

O Labirinto do Fauno, do mexicano Guillermo del Toro, tem uma trama criativa. Os atores são muitos bons e o visual é bonito. Recebeu 6 indicações ao Oscar: filme estrangeiro, roteiro original, trilha sonora original, fotografia, direção de arte e maquiagem.

Na verdade, o filme trata da crueldade humana. Mostra-a sem concessões. E quando a realidade é o inferno, resta a fantasia.

Pequena Miss Sunshine

505165little-miss-sunshine-posters.jpgO marido criou uma fórmula do tipo auto-ajuda sobre como vencer na vida. Ele mesmo não venceu. O pai dele foi expulso do asilo. Motivo: heroína. O filho dele, de 15 anos, fez voto de silêncio porque quer muito ser piloto de jato. Não diz uma palavra faz 9 meses. A mulher não agüenta mais a tal fórmula do marido. E tem ainda de se preocupar com o irmão, um estudioso de Proust suicida.

Enfim, são todos fracassados — losers, na concepção simplista da cultura americana. E, no decorrer do filme, vemos que as coisas só pioram. Mesmo assim, são uma família. Bem divertida. Juntos, embarcam todos numa velha kombi rumo à Califórnia, onde a filhinha de uns 9 anos sonha em se tornar a Miss Sunshine do título. Ela é adorável. De certo modo, o filme também.

É um filme pequeno, independente. Nenhum dos atores é uma grande estrela, mas são conhecidos e bem-conceituados — Alan Arkin e Toni Collette, principalmente. Estão todos ótimos e o conjunto funciona perfeitamente. Tudo isso levou Pequena Miss Sunshine ao Oscar como “gente grande”. Concorre em 4 categorias: filme, atriz coadjuvante (Abigail Breslin, a garotinha) , ator coadjuvante (Arkin, o avô) e roteiro original.

Todãs as indicações são merecidas, mas gosto desta última. A história é mesmo bem criativa e divertida. O concurso é uma das partes mais engraçadas — uma crítica ao culto à beleza.

Rir de si mesma é um exercício que a cultura americana faz muito bem — como em Os Simpsons; Homer é o resumo do cidadão tolo, guloso e loser. Rir de perdedores é fácil. Talvez seja hora de os EUA rirem também de seus heróis.

Auto-promoção — 2b

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Colibri

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Fonte: National Geographic (ative o slide-show)

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