blog do escritor yuri vieira e convidados...

Autor: yuri vieira (SSi) Page 70 of 72

A importância da Imaginação

Não deixe de ler o artigo “O homem-relógio” da autoria de Olavo de Carvalho. É um dos melhores textos que já li sobre a importância da imaginação. Claro, da imaginação sadia, porque quem tem uma imaginação biruta – tal como a minha – necessita incluir esse trecho nas suas orações diárias: “Senhor, não me deixeis errar pelos caminhos perversos da minha imaginação…”

A morte dos presidentes

O texto abaixo também foi retirado daquele meu livro de cabeceira da infância: “O Grande Livro do Maravilhoso e do Fantástico” (Reader’s Digest).

Os assassínios dos presidentes Abraham Lincoln e John F. Kennedy estiveram ligados por uma espantosa série de coincidências.

Abraham Lincoln foi eleito pela primeira vez para o Congresso em 1846. O mesmo aconteceu a John Kennedy exactamente 100 anos depois. Lincoln foi eleito como 16.º presidente dos EUA no dia 6 de Novembro de 1860. Kennedy foi eleito como 35.º presidente a 8 de Novembro de 1960. Após a sua morte, sucederam a ambos homens do Sul com o nome de Johnson, respectivamente Andrew Johnson, nascido em 1808, e Lyndon Johnson, em 1908. John Wilkes Booth, o homem que matou Lincoln, nasceu em 1939, enquanto Lee Harvey Oswald, o assassino de Kennedy, nasceu em 1939. Eram ambos homens do Sul e foram abatidos a tiro antes de serem julgados.

Booth cometeu o seu crime num teatro e correu depois para um armazém. Oswald disparou contra Kennedy da janela de um armazém e refugiou-se num teatro.

No dia em que foi assassinado, Lincoln declarou a um guarda, William H. Crook: “Creio que há homens que me querem tirar a vida… E não tenho dúvida de que o farão. Se tem de ser feito, é impossível impedi-lo.”

E Kennedy, insuspeitadamente, disse a sua mulher, Jackie, e ao seu conselheiro pessoal, Ken O’Donnell: “Se alguém quiser realmente matar o presidente dos Estados Unidos, não lhe será muito difícl. Tudo o que tem a fazer é subir um dia a um edifício alto, com uma espingarda de mira telescópica, e nada poderá evitá-lo.”

Esse “dia” foi esse mesmo dia. Kennedy foi morto duas horas e meia depois.

Lincoln e Kennedy, ambos reconhecidos defensores dos direitos civis (embora o Lincoln fosse um totalitarista, digo eu, Yuri), foram mortos a uma sexta-feira, atingidos na nuca. As mulheres acompanhavam-nos.

Lincoln foi assassinado no Teatro Ford. Kennedy num automóvel fabricado pela Ford Motor Company – modelo Lincoln.

Outra infeliz coincidência é que Lincoln tinha um secretário de nome Kennedy, que o aconselhou a não ir ao teatro de Wasshington nesse dia fatal… E Kennedy tinha um secretário chamado Lincoln, que o desaconselhou fortemente de ir a Dallas.

[Ouvindo: Seven Steps to Heaven – Miles Davis]

Quer ajudar? Então não atrapalha!

Fim de semana passado, tive uma dessas discussõezinhas de bar com um amigo que trabalha no governo. Assunto: leis de incentivo ao Cinema. Ele me dizia que não tínhamos – eu e minha namorada, que é da Associação Brasileira de Documentaristas – por que reclamar dessas leis, uma vez que o papel delas é tão somente o de dar um empurrãozinho no Cinema, o de educar os empresários, fazendo-os perceber que apoiar a Cultura vale a pena. Meu Deus, eu dizia, como é que isso é possível? Se eu fosse empresário – e eu seria um empresário inteligente – e, sob o pretexto de me ensinar a apoiar a cultura do meu país, chegasse alguém com uma das seguintes propostas: a) reverter parte dos impostos da minha empresa para a produção do filme; ou b) dar uma grana do meu próprio bolso em troca de uma série de vantagens junto a regulamentos e/ou a tributos estatais X, eu abriria um bocão e diria: “guerapááááááá…” (Sabe, né, o guerapá daquele idiota da propaganda que ouvia “guerapá” ao invés do “Get up” do James Brown.) Ôrra, meu, além de o governo andar estrangulando cada dia mais o empresariado com mil impostos – daí a origem do desemprego -, ainda faz com que inocentes úteis, como eu, saiam por aí achando que é legítimo esse tipo de proposta indecente. Não seria mais fácil seqüestrar a esposa do cara, com permissão do governo, claro, e exigir como resgate que ele banque um filme? (Olhaí o argumento, já dá um roteiro.) Dito isto, meu amigo me pergunta, então, o que é que eu queria que o governo fizesse. Ora, em primeiro lugar o trabalho desses caras, desses empresários, não tem nada a ver com cinema, o negócio deles é sapato, rapadura, cuecas, camisinhas. O que a gente precisa é de gente nova, de gente que se tornasse empresário ao decidir se meter no babado, na produção de filmes. Para tanto o governo deveria fazer, não no mínimo mas no máximo, apenas o seguinte:

O Livro de Urântia

Um dos livros mais impressionantes que já li em toda a minha vida é O Livro de Urântia, o qual se apresenta como uma revelação epocal mas que poderia muito bem ter sido criado por uns três ou quatro Jorges Luises Borges. Sim, porque somente uma sociedade secreta – como a descrita no conto Tlön, Uqbar, Orbis Tertius – poderia chegar a escrever semelhante texto. (Além, é claro, dos supostos mandatários de Deus.) Mas a grande diferença entre o conto e o livro é que, enquanto no conto borgeano há a exigência por parte do patrocinador de que o “Orbis Tertius” não seja cúmplice do “impostor Jesus Cristo”, no Livro de Urântia Jesus é exaltado de maneira nunca antes vista. Ali, Jesus é mostrado como o próprio Filho Criador do “Universo Local”, o que faz com que ele tenha soberania espiritual sobre milhares e milhares de planetas semelhantes à Terra (chamada pela “comissão reveladora” de Mundo da Cruz ou Urantia). Por outro lado, também somos informados de que, assim como Jesus, existem outros setecentos mil Filhos Criadores, todos governantes espirituais de um Universo Local!

O livro, com suas duas mil e cem páginas, está sudividido em quatro partes principais:

I – O Universo Central (também chamado de Universo Mestre ou Modelo, já que é nele que os Filhos Criadores se inspiram) e os Supra-Universos;
II – O Universo Local;
III – A História de Urântia;
IV – A vida e os ensinamentos de Jesus, (que, aliás, supostamente inclui TODOS os passos de sua fantástica vida humana).

O calhamaço passaria talvez por ser um livro base para criação de RPGs (Role Playing Game), afinal, descreve não somente todas as hierarquias celestes, mas também a organização e constituição de toda a Criação Divina, o que foi a Rebelião de Lúcifer, quem era o Príncipe Planetário, quem é o Monitor Misterioso que vive em nossas mentes, quem realmente foram Adão e Eva (os quais, quando aqui chegaram, já encontraram montes e montes de tribos e raças), como é a vida num planeta vizinho e, enfim, o principal: qual é o papel que nós, seres evolucionários do tempo-espaço, temos, caso queiramos, a desempenhar em todo esse incrível drama universal. Bom, nem preciso dizer que, se um dia esse livro se tornar tão difundido quanto o Orbis Tertius de Borges, certamente mudará, como este faz no conto, toda a face da Terra. E creio não estar exagerando. A soma de seu conteúdo extremamente sedutor e persuasivo com nosso sentimento de orfandade cósmica é pura dinamite…

Mais tarde tratarei das obscuras origens desse livro – ocorrida entre 1925 e 1935 – e colocarei, neste site, um texto no qual faço uma analogia entre ele e o conto Tlön, Uqbar, Orbis Tertius (1940) de J. L. Borges. Também tento mostrar como a leitura de Krishnamurti pode ser um excelente antídoto contra a fuga da Realidade que esse livro, ao contrário da intenção de seus autores, é capaz de ser – isto é, se não for lido integralmente. E é sempre bom dizer que o Livro de Urântia, sendo enorme como é e tão cheio de temas e “informações” polêmicas e cabeludas, precisará de mais mil comentários para dar uma mínima noção de seu conteúdo. A propósito: eu o estou lendo desde 1997…

Se quiser você poderá lê-lo na Internet, o que, em vista de seu tamanho, me parece bastante incômodo. Bom, leia pelo menos o índice completo em espanhol, em inglês ou em francês, e depois me diga: não é puro Realismo Fantástico?

P.S.: Saiu a versão em português.

[Ouvindo: Superbooster – The Infinity Project]

Pensar no problema

Krishnamurti 1895 - 1986 Dizia Jiddu Krishnamurti: “pensar no problema é fugir do problema“. Esse polêmico – mas nada polemista – instrutor indiano costumava dizer que não podemos buscar a verdade simplesmente porque, se quiséssemos mesmo encontrá-la, deveríamos então conhecê-la desde o princípio, caso contrário, como a reconheceríamos se a encontrássemos? Ora, a verdade, diz ele, é – para nossas mentes espaço-temporais – sempre nova, dinâmica, viva, eterna não podendo ser reduzida à memória – que é como o pensamento realiza seus registros – operação que a tornaria portanto temporal, estática, morta. Afinal, o pensamento só é capaz de re-conhecer aquilo que ele já conhecia de antemão. Confuso? Abstrato? Nem tanto. Trata-se antes de um ceticismo metódico, o qual almeja a verdade sobre nós mesmos pelo afastamento do falso, já que é exatamente isto o que ele propõe. Para ele, a verdade é o que é, e não um de nossos desejos, condicionamentos ou projeções, os quais, aliás, não seriam senão imagens de algo já conhecido, temporal e, portanto, falso. Toda idéia, toda ideologia pode até funcionar se a intenção é criar uma máquina ou mecanismo similar (material ou não), mas jamais será benéfica se aplicada às relações humanas ou a de um indivíduo com sua própria consciência. Porque se uma máquina é um meio de se atingir um fim, as relações humanas, por sua vez, não são uma coisa à qual devemos aplicar ou identificar um meio qualquer, seja ele político ou econômico, para se atingir um pretenso fim. Nas relações humanas meio e fim são uma só coisa, uma unidade: se utilizarmos a guerra para chegar à paz, não teremos paz, apenas guerra. Nas relações humanas – ou “mediações humanas” – o meio (do lat. mediu) é não apenas a própria relação mas seu único fim. Krishnamurti afirma reiteradamente: procuremos perceber o ilusório como ilusório e assim, desfeitos todos os véus, a verdade é quem nos encontrará. Pois a vida é um desafio de momento a momento, e a mente precisa estar atenta para reagir de acordo com cada um desses momentos. A verdade nos espera no atemporal.

P.S.: E por falar em baixar os véus, saiu o número 1 do Mídia Sem Máscara.

O fantasma de Dante Alighieri

Dante AlighieriO texto abaixo foi extraído de um dos livros de cabeceira da minha infância: “O Grande Livro do Maravilhoso e do Fantástico” (Seleções do Reader’s Digest).

“Quando, em 1321, Dante Alighieri morreu, não foi possível encontrar partes do manuscrito da sua obra-prima, A Divina Comédia. Durante meses, os seus filhos, Jacopo e Piero, revistaram a casa e todos os papéis do pai.

“Tinham desistido da busca quando Jacopo sonhou que vira o seu pai vestido de branco e inundado de uma luz etérea. Perguntou à visão se o poema fora completado. Dante acenou afirmativamente e mostrou a Jacopo um local secreto no seu antigo quarto.

Tendo como testemunha um advogado amigo de Dante, Jacopo dirigiu-se ao local indicado no sonho. Por detrás de um pequeno cortinado fixado na parede encontraram um postigo.

“No interior do esconderijo havia alguns papéis cobertos de bolor. Retiraram-nos cuidadosamente, limparam-nos com uma escova e conseguiram ler as palavras de Dante. Assim se completou A Divina Comédia. Se não fosse uma visão fantasmagórica surgida num sonho, um dos maiores poemas do mundo teria provavelmente permanecido incompleto.”

P.S.: Leia A Divina Comédia, aqui.

[Ouvindo: Endorphin – Satie 1]

Waking life

Waking Life, The MovieOntem assisti a esse filme excelente: Waking life. O engraçado foi a intimação que recebi – para assistir ao dito cujo – de um amigo que vive querendo me empurrar o livro “O mundo assombrado pelos demônios”, do Carl Sagan, toda vez que lhe falo de minhas projeções astrais e sonhos lúcidos. Quando eu tocava no assunto era apenas conversa fiada do Yuri. E olha que tentei convencer vários diretores de cinema (aliás, um bando de video-clipeiros e publicitários desmiolados) a rodar um filme ou animação com o que agora está se transformando no meu livro Eu odeio terráqueos!!, que não é senão uma variação do mesmo tema desenvolvido pelo filme supracitado. Como neste nosso país praticamente não há produtores independentes – com ou sem visão – a vanguarda tem de ficar para os americanos. (Na verdade, o assunto já é mais que batido, mas a forma como é colocado, nem tanto.) E meu amigo, que torcia o nariz quando lhe falava de técnicas para adquirir a lucidez durante o sonho, só foi pensar seriamente no assunto após ficar chapado com tudo o que os personagens falam no filme. Perguntei: “peraí, você não leu meu livro, né?” E ele: “não”. “Pois é”, eu disse, “se tivesse lido você sacaria por que é que não achei esse filme uma coisa doutro mundo. Eu também vivo meus sonhos…”

Num próximo post entrarei mais demoradamente nesse tema – sonhos lúcidos – e comentarei o filme. (Assista ao trailer. Mas atenção: Você precisa ter o QuickTime instalado.)

[Ouvindo: Stutter – Elastica]

Are you living in the Matrix?

Enquanto verificava minha correspondência atrasada, encontrei um email do Daniel Christino (de Abril!!) me convidando pra um joguinho bem interessante: Strange New World. É uma espécie de teste pra saber – digamos assim – se você é ou não imune à Matrix. Meu ego ficou muito satisfeito com o diagnóstico dado à minha forma de lidar com a realidade: “heróica”. Palavra bonita… forte…

Aliás, esse site – The Philosophers’ Magazine – tem outros “jogos” bem bacanas, como, por exemplo, o Shakespeare vs. Britney Spears, que testa sua maneira de encarar a arte, e um outro que verifica o quão lógico você realmente é. Agora, se você acha toda essa história de filosofia uma bobagem – já que vamos todos morrer mesmo – dê uma checada no The Death Clock e descubra o dia da sua morte. Aliás, cá entre nós, Platão achava que a filosofia não era senão uma preparação para a morte…

Escreva pra Deus

Desde 1999 venho visitando, sempre que me lembro, o endereço www.God.org. Não, ninguém nunca me falara a respeito dele, senão que simplesmente me deu na telha e tasquei a URL no browser. E li: “Coming soon. A site for everyone…” (“Em breve. Um site para todos…”). Hoje, pela primeira vez neste ano, resolvi dar uma checada no dito cujo. Descobri, então, que já podemos enviar emails pra Deus! Ou, quem sabe, simplesmente pro Diabo do cara que registrou o domínio. Afinal, Ele, o Outro, não é onisciente? Pra quê email? Bom, ao menos vale a pena mandar uma mensagem esculhambando o Cara, perguntando por que é que Ele não vem logo dar um jeito na maldade desse mundão de uma vez por todas. A Hilda Hilst mesmo escreveu – acho que no “Estar sendo. Ter sido” – que esse tipo de sacrilégio é – embora ingênuo (digo eu) – um pouco santo, já que visa a uma reação do Figurão. Clica aí e manda sua mensagem!

Se não aqui, ao menos lá

Bom, vou começar esta semana convidando meus poucos e fiéis leitores para a leitura da entrevista que concedi ao suplemento literário do jornal Nicaragüense La Prensa. Já vou dizendo que deveria ter me demorado mais em algumas questões, evitando assim ser mal interpretado em certos assuntos. O problema é que tive apenas um dia para responder – em espanhol – ao pacote de perguntas enviado pelo Ezequiel D’León Masís, aliás, gente finíssima. Ao ler novamente minhas respostas não fiquei plenamente satisfeito – comigo, é claro – mas… fazer o quê? Bom, taí pra quem quiser ver o que eu pensava de certas coisas naquele dia. (E você aí, rapaz!, é, você mesmo, não vem me dizer que por causa dessa última oração sou eu também um relativista! O Mais Importante será sempre o mais importante para mim.)

Ps.: A foto que ilustra a matéria foi tirada no dia do aniversário de 70 anos da Hilda Hilst (04/2000) – na casa dela, claro – por um alemão que me enganou com seu notebook-câmera-fotográfica. (Logo a mim que assistia a todos os episódios do Agente 86…)

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