Este vídeo é para a Rosa Maria Lima, nossa correspondente na Nova Zelândia:
Aliás, eis um bom exemplo de roteiro de curta-metragem. O final deve ser impactante…
Este vídeo é para a Rosa Maria Lima, nossa correspondente na Nova Zelândia:
Aliás, eis um bom exemplo de roteiro de curta-metragem. O final deve ser impactante…
O marido criou uma fórmula do tipo auto-ajuda sobre como vencer na vida. Ele mesmo não venceu. O pai dele foi expulso do asilo. Motivo: heroína. O filho dele, de 15 anos, fez voto de silêncio porque quer muito ser piloto de jato. Não diz uma palavra faz 9 meses. A mulher não agüenta mais a tal fórmula do marido. E tem ainda de se preocupar com o irmão, um estudioso de Proust suicida.
Enfim, são todos fracassados — losers, na concepção simplista da cultura americana. E, no decorrer do filme, vemos que as coisas só pioram. Mesmo assim, são uma família. Bem divertida. Juntos, embarcam todos numa velha kombi rumo à Califórnia, onde a filhinha de uns 9 anos sonha em se tornar a Miss Sunshine do título. Ela é adorável. De certo modo, o filme também.
É um filme pequeno, independente. Nenhum dos atores é uma grande estrela, mas são conhecidos e bem-conceituados — Alan Arkin e Toni Collette, principalmente. Estão todos ótimos e o conjunto funciona perfeitamente. Tudo isso levou Pequena Miss Sunshine ao Oscar como “gente grande”. Concorre em 4 categorias: filme, atriz coadjuvante (Abigail Breslin, a garotinha) , ator coadjuvante (Arkin, o avô) e roteiro original.
Todãs as indicações são merecidas, mas gosto desta última. A história é mesmo bem criativa e divertida. O concurso é uma das partes mais engraçadas — uma crítica ao culto à beleza.
Rir de si mesma é um exercício que a cultura americana faz muito bem — como em Os Simpsons; Homer é o resumo do cidadão tolo, guloso e loser. Rir de perdedores é fácil. Talvez seja hora de os EUA rirem também de seus heróis.
Este vídeo é o resultado das oficinas de Fotografia em vídeo digital, ministrada por Dib Lutfi (diretor de fotografia do filme “Terra em Transe”, entre outros), e de Edição de vídeo, ministrada por João Paulo Carvalho (editor da sitcom “Armação Ilimitada”, entre outros trabalhos), oficinas estas que ocorreram durante o VIII Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA), na cidade de Goiás-GO, entre 6 e 11 Junho de 2006. Trata-se duma carta dirigida a Glauber Rocha, de autoria do escritor Yuri Vieira e do cineasta Pedro Novaes, texto aliás bastante elogiado pelo escritor Zuenir Ventura e pelo crítico de cinema Ismail Xavier, presentes ao evento. Foi inspirada na carta “From New York to Paulo Francis“, escrita por Glauber no final dos anos 1960. A finalização é da editora Aline Nóbrega, a locução é de Pedro Novaes e a produção, da Cora Filmes. O FICA é uma realização da AGEPEL.
Para o New York Times, já se foi o tempo em que o Festival de Sundance tinha algo de cinema independente.
Any Little Gems? Who Cares? Sundance Is a Hot Brand Now
By MANOHLA DARGIS
Before it was a brand, a media circus and an adjunct of Hollywood, the Sundance Film Festival was exhilarating, a blast. It was also small.
In 1993, the first year I attended the festival, it showed 71 new features culled from more than 350 submissions and attracted some 5,000 attendees. That year Robert Redford told Variety that the festival, then in its ninth year, was putting the brakes on growth because “when you start expanding on something, you run the risk of losing quality.” That was then, this is now: This year, the festival presented 125 features (from 3,287 submissions) for an estimated audience of 52,000, including some 1,000 accredited journalists from around the world and 900 registered film industry types.
Adivinhem quem deu show no Festival de Cinema de Sundance, maior palco do cinema independente mundial? Brasil nas cabeças! Mas não, o documentário “Manda Bala”, grande vencedor da competição oficial, não é made in Brazil. Trata-se de um filme americano, dirigido por Jason Kohn, cujo tema é a corrupção e violência em nosso país.
No release do Festival, “Manda Bala” é resumido assim: “No Brasil, conhecido como um dos países mais corruptos e violentos do mundo, MANDA BALA acompanha um político que utiliza uma fazenda de criação de rãs para roubas bilhões de dólares, um empresário rico que gasta uma pequena fortuna para blindar seus carros, e um cirurgião plástico que reconstrói as orelhas mutiladas de vítimas de sequestro.”
Esperemos que Jader Barbalho, neo-aliado petista, permita que chegue por aqui. Evidentemente, além das tentativas de censura de praxe, veremos campanhas e correntes de email pela Internet protestando e convocando um boicote nacionalista ao documentário, como recentemente com o filme B “Turistas”, em que um grupo de jovens recém chegado ao Brasil, atraído pela malemolência de nosso povo e pela tropicalidade, acaba caindo nas mãos de traficantes de órgãos. Afinal, como se sabe a violência e a corrupção são invenções da mídia e de uma conspiração da direita.
Os outros prêmios de Sundance ficaram com PADRE NUESTRO, dirigido por Christopher Zalla, que levou o Grande Prêmio do Júri para filme dramático; o Prêmio do Júri para o Cinema Mundial na categoria documentário foi para ENEMIES OF HAPPINESS (VORES LYKKES FJENDER), filme dinamarquês, dirigido por Eva Mulvad e Anja Al Erhayem; na categoria drama, o vencedor do prêmio equivalente foi o israelense SWEET MUD (ADAMA MESHUGAAT), dirigido por Dror Shaul.
São filmes para prestar atenção e não deixar passar se/quando estrearem por aqui.
Babel, o filme do mexicano Alejandro Iñarritu, vai ganhar o Oscar de melhor filme. Vai ganhar porque é irmão siamês de “Crash”, o filme de Paul Haggis, premiado com o Oscar de melhor filme no ano passado. A única diferença entre os dois é a de que as histórias entrelaçadas de pessoas relativamente comuns de diferentes origens étnicas e sociais, em Crash, têm apenas Los Angeles como locação, enquanto as tramas de Babel se desenrolam em quatro diferentes países: Estados Unidos, México, Marrocos e Japão. No mais, são filmes quase idênticos em conteúdo e que, mais importante para a premiação, fazem uma crítica à sociedade contemporânea e à cultura americana no limite do que Hollywood e a própria cultura americana já estão preparadas para suportar. Nenhum dos dois é um milímetro mais contundente do que aquilo que pode ser digerido.
Os pontos de vista de ambos podem ser qualificados como uma espécie de “niilismo com limites” ou “niilismo com uma ponta de esperança”.
Gostei de Babel, filme dirigido por Alejandro González Iñárritu, com roteiro de Guillermo Arriaga — ambos mexicanos e autores de 21 Gramas e Amores Brutos. É angustiante acompanhar a trama — ou tramas. O filme usa a referência bíblica para resumir a incomunicabilidade pelas diferenças. De idioma, de cultura, de pessoas.
Essas diferenças são bem montadas em histórias de culturas distintas, que, em algum momento, se relacionam — esse encontro usa o conceito de que as coisas estão relacionadas, já abordado em filmes como Antes da Chuva e Corra, Lola. É estranho ver, por exemplo, como, aos olhos do pai marroquino, a falta cometida pela filha que se deixa ver nua é tão grave quanto a do filho que dispara inconseqüentemente contra um ônibus de turistas.
A falta de comunicação aparece em várias formas: entre idiomas, entre pessoas (marido e mulher, pai e filha), entre nações (vizinhas ou distantes) e na metáfora da adolescente surda-muda.
A incomunicabilidade não é bem um tema novo (há Antonioni e seu silêncio, mas me vem à cabeça o divertido Denise Está Chamando, que mostra como as pessoas se falam no mundo tecnológico sem, de fato, se comunicar). É interessante, porém, tratá-lo numa época em que a tecnologia de comunicação está tão em alta, com e-mail, MSN, Skype, teleconferência, celular, TV a cabo, satélite, etc.
Temos hoje contato maior com pessoas e povos diversos, podemos conversar em tempo real (com imagem e som) com pessoas em outros continentes, temos acesso a uma gama incalculável de informações, mas isso não se reflete em conhecimento. E muito menos em compreensão. Teoricamente, está mais fácil se falar, mas, na prática, a incompetência humana nesse campo continua a eternizar um mundo, agora globalizado, de incompreensão.
Com a adoção em escala crescente das tecnologias de vídeo e TV de alta definição, quem anda sofrendo um efeito colateral inesperado é a indústria pornô, noticia o New York Times de hoje. O problema é que a riqueza de detalhes e a perfeição das imagens acaba revelando de forma indesejada as imperfeições físicas dos atores: cicatrizes, rugas, celulite, estrias, etc. Além de intensificar o tempo de academia das estrelas, várias técnicas de filmagem e pós-produção já estão sendo desenvolvidas para contornar o problema.
Eu ainda não tinha assistido a “Crime Delicado”, filme de Beto Brant. Depois de “O Invasor”, um dos melhores filmes brasileiros já feitos, e de “Ação entre Amigos”, que não chega à altura do primeiro, mas também é um ótimo filme, a expectativa era grande. Além disso, me chamou a atenção o fato inusitado de faltar uma perna à personagem central e, mais ainda, de que esta era representada por uma atriz estreante que de fato não tem uma das pernas – Lilian Taublib.
Infelizmente, o resultado é decepcionante.
Curiosamente, entretanto, uma pesquisa no Google me deixa virtualmente sozinho nesta opinião. A crítica adorou o filme. José Geraldo couto afirmou tratar-se de um filme “esplêndido, radical, único”. A Bravo disse que “se já era uma figura ímpar no cenário do cinema nacional por seus filmes anteriores, com Crime Delicado ele [Beto Brant] se firma como o cineasta mais ousado da nova geração”. E, finalmente, para a Revista Contracampo “desde Morte em Veneza, as ligações entre visão de arte e ideal de perfeição física não se friccionavam de forma tão instigante, não curto-circuitavam as relações de desejo e representação de forma tão letal” (???), finalizando com a constatação de que “uma tal entrega, só dá a constatar que estamos diante de um cineasta em plena maturidade.”
O Festival de Sundance, maior referência do cinema independente mundial, está bombando na cidade de Park City, Utah, entre 19 e 29 deste mês.
Para conhecer os filmes em competição e ler críticas sobre aqueles exibidos, a Internet Movie Database mantém um guia e um blog sobre Sundance.
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