blog do escritor yuri vieira e convidados...

Categoria: escritores Page 23 of 31

Uma carta de Yeats

“James Joyce e D.H.Lawrence… quase restauraram para nós a simplicidade oriental, nunca romantizando os seus textos com palavras como ‘fogo essencial’, ‘escuridão’, etc., e Joyce nunca se afasta do sentido católico do pecado, do qual Rabelais parece escapar pela sua vasta energia. E, no entanto, por que não seguimos Swedenborg literalmente e pensamos que atingimos, em contato parcial, aquilo que os espíritas sabem por si próprios? Em certo passo o filósofo descreve-nos o encontro de dois espíritos que, ao tocarem-se, se transformam numa comunhão. As suas visões podem ser verdadeiras. As de Newton, não.”
(William Butter Yeats em carta dirigida a Olívia Shakespeare.)

Santidade

A Hilda Hilst respondeu na entrevista que deu ao Cadernos de Literatura Brasileira – eu estava presente na ocasião – que não acredita em revolução política, e sim que “a verdadeira revolução é a santidade”. Instigado por ela li as biografias de Paramahansa Yogananda e Albert Schweitzer, dois verdadeiros santos do século XX. E, finalmente, neste ensaio – A lição de uma santa -, Otto Maria Carpeaux explica por que “são os santos que transformam o mundo”.

O Nobel de Cony

“O Carlos Heitor Cony parece ter seguido à risca aquela música do Chico Buarque, que diz: ‘Quando chegar o momento/ Esse meu sofrimento/ Vou cobrar com juros, juro’. Ao receber do Ministério da Justiça a bagatela de R$ 1,4 milhão, junto com uma pensão mensal de R$ 19.115, o escritor terá acumulado, com todo o dinheiro na poupança por sete anos, cerca de R$ 4 milhões. Isso corresponde a mais de 1,1 milhão de euros, ou seja, quantia superior à do Prêmio Nobel de Literatura, que é o sonho de todo escritor.”
(Marchezan Albuquerque)

Simenon

Li “Maigret e o homem do banco”. Realmente, Simenon é excelente e é difícil largar o livro. Seu comissário estóico vê bem os demais personagens, embora no presente título tenha, na minha opinião, vacilado e deixado o mistério muito mais misterioso do que realmente era. Ah, claro: se eu estivesse num trem a tentação de jogar o livro pela janela, ao final, seria grande. Quem nunca leu esse livro não perdeu nada, mas, se for escritor e se interessar por técnica narrativa, perdeu muita coisa.

Guimarães Rosa

A Hilda Hilst me contou que, ao encerrar a leitura de Grande Sertão: Veredas, telefonou ao Guimarães Rosa e disse o quanto achara o livro “deslumbrante”. E ele: “O menino é bãããão, né? o menino aqui é muito bão…”

O Exorcista

Qualquer dia falarei da ocasião em que assisti ao filme O Exorcista, na Casa do Sol, junto com a Hilda Hilst e o Bruno Tolentino. Foi bizarro. Nunca ri tanto na minha vida…

Anti-tabagismo

As campanhas anti-tabagistas pegam tão pesado que, caso o “Álvaro de Campos” tivesse escrito o poema Tabacaria nos dias de hoje, teria de acrescentar ao fim do texto: “Fumar causa câncer na poesia e não a ‘libertação de todos os pensamentos'”. E, junto, aquela foto do Fernando Pessoa, com cara de doente. E os politicamente corretos nem desconfiariam que a cara de doente tinha origem, não na fumaça, mas na acídia nossa de cada dia.

O Encontro

Finalmente rolou o encontro marcado entre Fernando Sabino, Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e Hélio Pelegrino…

A fuga

“A fuga dos intelectuais para a solidão do ermo é a marca das épocas em que o mundo cai: orbis ruit.”
Jakob Burckhardt

Frustração

“Vejo entrevista em televisão com Gabriel García Márquez e me convenço de que o cinema, no caso do nosso Gabriel, deu uma grande contribuição cultural à humanidade. É simples: recusou dezenas de scripts de Gabriel, que, frustrado, sentou-se e escreveu Cem Anos de Solidão.”
(Paulo Francis)

Page 23 of 31

Desenvolvido em WordPress & Tema por Anders Norén