A Folha de hoje noticia que o exército equatoriano tem um serviço de garotas de programa para “aliviar a barra” dos soldados em operações na selva. Vargas Llosa inspirando a vida.
Até soldados carregaram “lembranças”
DA ENVIADA ANGOSTURA
A cena do bombardeio visitada ontem pela comissão da OEA já era o resultado das intervenções pós-ataque das forças colombianas e equatorianas e ainda das caravanas de jornalistas que passaram pelo local desde 1º de março. Os próprios militares carregavam “lembranças”.
Na quarta-feira, primeiro dia em que a Folha visitou a área, um soldado se esforçava para arrancar um aplique com o rosto de Che Guevara de uma tenda militar. Destroços foram movidos de lugar e a chuva modificava as crateras deixadas pelas bombas. A OEA minimizou as alterações, dizendo que sua vistoria era “política” e não técnica.
O Exército equatoriano fez um esforço para dar à imprensa acesso ao local. A repórter pernoitou em um acampamento militar. Os soldados queriam contar as agruras da selva e seus atenuantes. Um deles é um “serviço de garotas”, gerido pelo Exército, mas pago com desconto no soldo, como em “Pantaleão e as Visitadoras”, de Mario Vargas Llosa.
Ex-responsável pelo serviço, o capitão Pablo Cortéz aceitou o satisfeito o apelido de “Pantaleão equatoriano”. “Católico que sou, vivia xingando as prostitutas. Agora sei que elas têm um trabalho difícil e muito útil”, justificou. As mulheres recrutadas pelo Exército ganham US$ 4 por programa, disse Cortéz, e há as que saem com até US$ 3.000 depois de 15 dias de serviço. “O nosso salário em média é de US$ 600.” (FLÁVIA MARREIRO)