Falando em livros que não recomendo a ninguém, também quero desrecomendar A ratazana, um tijolo de mais de 400 páginas do Günter Grass, que li como quem curte uma azia ou uma má digestão. Fique longe dele, é muito pentelho. Vc encontrará apenas as meditações de uma ratazana a explicar por que os ratos herdaram a Terra dos malditos humanos. Parece interessante, mas não é. Os capítulos que narram os protestos dos personagens de contos de fadas – chapeuzinho vermelho, Lobo mau, João e Maria, etc. – contra a devastação ambiental da Floresta Negra, só pode empolgar mesmo a um militante do Green Peace. Não tem graça. Como alguém pode usar uma linguagem, que beira o desenho animado, sem humor? Tá doido, muito pé no saco. Anos atrás, assisti a uma adaptação do livro O Tambor, do mesmo autor. O filme é muito interessante, embora já não me lembre com muita exatidão das peripécias do tal garoto que não cresce. Já o livro, se for tão seco e teutônico quanto A ratazana, tampouco me interessa.
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O interessante do Gmail é que o robot da Google usa o texto dos emails para direcionar sua discreta publicidade. Estive conversando com o Pastor Carl — do site Believe (excelente, fala de toda religião e seita conhecida)– e ele me falava de como o Livro de Urântia, para ele, não passa de uma ótima ficção científica. Pronto, aí vem o Gmail com a propaganda desse Como escrever um livro em 28 dias… Hum, tem até um método conhecido como “mega quick character creation”(Tabajara?). 🙂 Cada um…
“Montevidéu -18/04/1964 – Holman acaba de voltar de uma conferência com chefes de base e trouxe a convicção de que devemos dedicar mais atenção aos exilados brasileiros. A decisão, tomada aparentemente pelo próprio presidente Johnson, foi de que devemos fazer todos os esforços a fim de não apenas evitar um contragolpe e movimentos de revolta em futuro próximo no Brasil, mas também para fomentar suas forças de segurança tão rápida e eficientemente quanto seja possível. Não se deve permitir, nunca mais, que o Brasil se incline para a esquerda, pois aí comunistas e outros constituem uma ameaça de domínio ou de, pelo menos, tornarem-se muito influentes.”
(Diário da CIA, Philip Agee, 1975.)
Essa resenha do Nemo Nox descreve bem o livro O coração das trevas, de Joseph Conrad.
O romance Eumeswil, de Ernst Jünger, é um livro excelente, com ótimas observações de caráter político, histórico e existencial. (Já citei trechos dele diversas vezes aqui.) Mas, puts grila!, precisava ser tão longo? 400 páginas de Dostoiévski é melzinho na chupeta, mas de Jünger não. Poderia ser reduzido em pelo menos um quarto, sem qualquer prejuízo para o todo. É nessas horas que as impactantes 148 páginas de O coração das trevas nos enche de admiração.
Li esse livro do Robert Coover há uns dois anos. Não recomendo a ninguém, é chatérrimo. Sua narrativa minimalista e obsessiva só interessa mesmo aos paladinos do pós-modernismo, esse bicho de sete cabeças vazias. Não seja bobo, faça como o Harold Bloom, leia os clássicos.
Ao chegar lá pela página 100 de O Coração das Trevas – cerca de 3/4 do livro – com o próprio coração já saindo pela boca, chega o inevitável momento de tomar um banho, porque é preciso sair de casa. A vida. O cotidiano. Busco, pois, um CD para trilha sonora de chuveiro e nada, nada satisfaz, nada à altura daquele primeiro encontro com Kurtz. Até que me cai na mão o CD que ganhei de aniversário do Rodrigo Lustosa – Arnold Schoenberg – e a faixa A Noite Transfigurada é simplesmente perfeita. E tomo o banho ainda n’O coração das trevas.
O grande trunfo de J.J. Benítez, enquanto ficcionista, foi ter sido o primeiro a se inspirar no Livro de Urântia para escrever seus livros, principalemente a série Operação Cavalo de Tróia e a Rebelião de Lúcifer. E o irônico é não haver versões desses livros em inglês, já que a Fundação Urântia, segundo li por aí, ameaçou processá-lo por plágio. (Veja na Amazon, não há traduções desses livros para o inglês.) É como o Papa querer processar Kazantzakis, Norman Mailer ou Saramago por seus respectivos “evangelhos”. Puro absurdo.
“Muitas coisas deste mundo nos são dissimuladas, mas em compensação Deus nos concedeu a misteriosa sensação do laço vivo que nos une ao outro mundo, o mundo celeste, superior; e, aliás, as próprias raízes dos nossos pensamentos e dos nossos sentimentos não estão em nós, porém em outra parte. E é por isso que os filósofos dizem que não se pode conhecer na terra a essência das coisas. Deus tomou sementes que pertenciam a outros mundos. semeou-as nesta terra e cultivou o seu jardim. O que podia germinar cresceu, mas tudo que se podia desenvolver não viveu senão graças ao sentimento do seu contato com outros mundos misteriosos; se esse sentimento enfraquece ou desaparece da tua alma, tudo o que floriu dentro de ti morrerá.”
(Staretz Zossima em Os Irmãos Karamázovi.)
Foi a Hilda Hilst que me emprestou o livro Deus, Golem e Cia., de Norbert Wiener. Clique no link e conheça essa “criança prodígio cujos estudos de matemática resultaram no nascimento da cibernética”.
