A última telenovela a que assisti integralmente – acompanhado pela noveleira de carteirinha, Hilda Hilst – foi “Andando nas Nuvens” (1999), do Euclydes Marinho, com o excelente Marco Nanini e a já gatíssima Mariana Ximenes. A Hilda adorava novelas e, nos dois anos em que morei com ela, esta foi a única a que assistimos quase sem reclamar. Sim, porque, tal qual já escrevi uma vez, novela é como futebol: quem gosta assiste mesmo quando está ruim, sem deixar de torcer pela melhora do time, digo, do enredo. (Na verdade, nessa novela em especial, a única coisa que irritava a Hilda eram meus suspiros cada vez que a Mariana Ximenes entrava em cena. Dizia ela: “Ah, não, Yuri, você agora é pedófilo?” E não adiantava argumentar que eu tinha uma grande tendência a ser um padre tarado e que a linda freirinha já devia ter, à época, mais de 18…) Pois é, depois de “Andando nas Nuvens”, eu, que não sou noveleiro, assisti apenas a alguns capítulos de “Laços de Família“, já que, de certa forma, acabei contribuindo com a produção. Manoel Carlos, o autor, quis homenagear a Hilda e, por isso, colocou o personagem de Tony Ramos, um editor, como amigo pessoal da Poeta Hilda Hilst, o qual inclusive mantinha, num porta-retrato, uma foto da “amiga”. Eis portanto minha pequeníssima participação: o Zé Mora Fuentes e eu escolhemos a tal foto que então escaneei e enviei para a Globo. Foi surreal assistir, acompanhado da Hilda, à cena em que Tony Ramos “finge” conversar com ela ao telefone e, em seguida, toma nas mãos o porta-retrato, dizendo algo do tipo “ah, Hilda, que saudade!”
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«A todos os meus melhores alunos de graduação eu digo para não cursarem pós-graduação. Façam qualquer outra coisa, garantam a sobrevivência do jeito que for, mas não como professores universitários. Sintam-se livres para estudar literatura por conta própria, para ler e escrever sozinhos, porque a próxima geração de bons leitores e críticos terá de vir de fora da universidade.»
Harold Bloom
“Sempre acreditei que toda versão de um conto é melhor que a anterior. Como saber então qual deve ser a última? É um segredo do ofício que não obedece às leis da inteligência mas à magia dos instintos, como a cozinheira que sabe quando a sopa está no ponto.”
Gabriel García Márquez
Taí um artigo do Julio Daio Borges bastante lúcido e pertinente. Concordo plenamente com ele. Literatura não é mesmo profissão ou ganha pão e, de modo geral, só faz conspirar para nossa desgraça financeira. Embora o escritor – como qualquer pessoa – tenha lá seu karma a ser queimado, isso nada tem a ver com a literatura, que é dharma, um apelo celeste. Escreve quem sabe se ajoelhar.
Trechos de uma entrevista concedida por Raymond Abellio – autor de “Os olhos de Ezequiel estão abertos” (1944) e “O Fosso de Babel” (1962) – a Vintila Horia:
“Neste livro (O Fosso de Babel), fenomenologia confunde-se com o problema da criação novelesca. Por outras palavras, o ‘eu transcendental’ da personagem central, que afirma ‘eu’, é um ‘eu’ universal, em oposição ao romancista que pretende alhear-se dos seus heróis. O meu ‘eu transcendental’ penetra nas personagens por todos os lados, outorgando-se desta maneira o direito de ter delas perspectivas absolutas.”
“Não creio numa síntese Ocidente-Oriente a curto prazo sem o advento de um tremendo conflito que precederá essa síntese, tal como o problema se apresenta neste momento.”
“O romance autêntico é o romance metafísico.”
“O romancista metafísico tende a escrever sempre a mesma obra. É como o diamante. Trata-se da mesma pedra, todas elas se parecem entre si. Contudo, cada uma implica uma beleza diversa e é outra efetivamente em relação às demais.”
“No ano 2010, o Brasil será maior que os Estados Unidos, a Rússia e qualquer outro. O Brasil é que dirá a grande Palavra Nova.” (Nélson Rodrigues)
Essa é boa, os caras não param de inventar moda. Em Setembro, escritores do porte de Stephen King e John Grisham irão leiloar os nomes de seus personagens. Assim, um ricaço poderá comprar o privilégio de ver seu nome – ou de um amigo, parente, etc. – num dos personagens de seus próximos livros. O dinheiro será doado a uma organização que promove a liberdade de expressão. Alguém ainda duvida da incrível capacidade que os norte-americanos possuem de garantir seus valores?
O Wayback Machine é realmente incrível. (Como já disse no post anterior, é o mecanismo que está arquivando todos os sites da web desde 1996.) Entre outras coisas, encontrei até mesmo a primeira versão do site que fiz pra escritora Hilda Hilst, quando ainda morava com ela (1999). Também está lá, o site que fiz pra Casa do Sol. A foto deste último é do meu amigo, o fotógrafo Dante Cruz. O salmo, que pode ser lido ali, foi selecionado de comum acordo por mim e pela Hilda.
Ah, eu amo a internet… 😀
Amigos, eis um conto que acabo de publicar no meu site principal. É autobiográfico e nele falo de certa experiência vivida na noite paulistana, mais exatamente na Boca do Lixo, e do dia em que assisti à peça As Bacantes, no Teatro Oficina, sob direção de Zé Celso.