blog do escritor yuri vieira e convidados...

Categoria: Cotidiano Page 11 of 58

Tiro ao alvo (versão chinesa)

Encontrei este vídeo no Saindo da Matrix. Um cinegrafista romeno, juntamente com outros montanhistas europeus, depara-se na área próxima ao Everest com um espetáculo que, pelo comportamento fleumático das vítimas, há de ser rotineiro: soldados chineses de fronteira abatem peregrinos tibetanos. (“Muro?”, devem pensar os comunistas chineses. “Muro para quê? Chumbo é mais barato…”)

Pin ups do Wilson – 1

Uma pin-up do meu bróder, o artista plástico paulistano Wilson Neves.

wilson_neves_ana.jpg

Racismo na UnB? Duvido

Morei cinco anos no alojamento da UnB, conheço bem aquela “ilha”. Inclusive um dos contos d’A Tragicomédia Acadêmica trata dele: Memórias da Ilha do Capeta. Por isso sei que sempre moraram africanos ali, em geral oriundos de países de língua portuguesa – Cabo Verde, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau – sendo os demais francófonos ou anglófonos. A presença deles sempre me fez sentir que eu estava matriculado numa universidade que, se não era uma instituição de primeiro time, era ao menos uma de algum renome internacional. (Seria de primeiro time se estudantes do primeiro mundo brigassem por vagas ali.) No bloco B, tive até mesmo um príncipe como vizinho, o qual costumava, em datas específicas, esperar uma mercedes dourada para levá-lo à embaixada de seu país. Sim, eis o outro lado da questão, o lado oculto: a grande maioria dos africanos que estudam na UnB são endinheirados. Andam bem vestidos, aprumados. São em geral saudáveis, altos, bonitos. Dentre as mulheres lembro de algumas deslumbrantes, com ar distinto e de excelente gosto no vestir. Os homens, se não estão de gravata, compartilham com as mulheres o hábito de usar no mínimo roupas ocidentais de corte elegante ou trajes africanos coloridos com certa pinta de nobreza. Sim, também são vistos em jeans e camiseta, mas enquanto boa parte dos brasileiros se comporta como se estivesse numa comunidade hippie, os africanos parecem estar em Oxford. Bem, no início, parecem. Mas depois…

Não me recordo de hostilidades para com eles, ao menos não tão ostensivas quanto os incêndios criminosos desta semana. (Houve o caso isolado onde um africano gay – ou seria um jamaicano gay? -, após assediar e tocar um estudante heterossexual descendente de coreanos em suas partes, quase apanhou com um bastão de beisebol. Só.) Mas me lembro do ressentimento que surgia ora aqui, ora ali, em meio a conversas de “cachimbo da paz” e a cochichos de corredor, entre aqueles que se sentiam insultados pela riqueza dos estrangeiros: “Pô, pra gente conseguir uma vaga aqui tem de provar que é ‘carente’, pobre… Já esses caras têm carros e o apê cheio de eletrodomésticos!” (Veja, por exemplo, a queixa do nigeriano Muyiwa Sean: alguém chegou a rasgar os pneus do seu carro. Ouviram? Do seu carro.) Alguns estudantes “carentes” ditos “conscientes”, isto é, estudantes de história, ciências sociais, filosofia, etc., especulavam se aqueles africanos pertenceriam ou não à casta nobre de alguma tribo que certamente estaria explorando todo um país para mantê-los ali. Em suma: havia a semente do ódio de classe, um vírus marxista. Não que não houvesse tal possibilidade, isto é, a possibilidade de alguns daqueles estudantes serem filhos de tribos opressoras – sabemos que as guerras intertribais são recorrentes -, mas o critério para averiguar quem fazia parte da tal classe exploradora era sempre o econômico. Não passava pela cabeça de ninguém que um daqueles estudantes poderia ser filho dum empresário africano próspero, e não filho de algum ditador. Se bem que, para a mente marxista, ser empresário é ser opressor, e ser opressor é ser capitalista. Mas… e se fossem filhos de políticos socialistas corruptos e totalitários? Ah, isso era impensável. Enfim, a timidez ocasionada pelo fato de se estar num país estrangeiro, ou por não falar bem o português, apenas aumentava a aparência de “metidos” e de “presunçosos” dos africanos. Sem falar em suas festas barulhentas, não abertas aos demais moradores, regadas a bebidas caras, e a conseqüente confusão e sujeira nos corredores. Como se não estivessem em Oxford, mas apenas num paisinho tipo… hmmmm… o Brasil. (Veja o que foi pichado nos muros do alojamento: “Morte aos playboys africanos”.) Assim, sendo o Brasil um país cujas raças sempre ultrapassaram seus limites genotípicos para mesclar-se com as demais – vide Gilberto Freyre – o racismo, na minha opinião, seria o último fator a causar semelhante ato de vandalismo. Se não for o ódio de classe – transfigurado em xenofobia, uma vez que os únicos endinheirados a conseguir vagas ali oficialmente eram estrangeiros -, então é alguma treta pessoal, tal como a que envolveu o estudante coreano. (Festas e desrespeito? Provavelmente.) Não há de ser racismo puro e simples. Nos cinco anos que ali vivi (1992-1997), cheguei a imaginar que algo assim poderia ocorrer, mas jamais me veio à mente uma situação causada por motivos raciais, mesmo porque, entre os ressentidos, havia negros também. Então eu pergunto: que conseqüências isto terá?

Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

O Acordo Ortográfico de 1990, depois de mil e uma burocracias, está a poucos passos de entrar em vigor. Existem algumas mudanças tristes e muitas inúteis — tal como a eliminação do trema, com o qual sempre simpatizei, e a do acento diferencial entre “para” (preposição) e “pára” (verbo parar) — mas ao menos as letras K, W e Y voltarão a ter existência oficial. (Provavelmente a única vantagem do monstrengo…) Claro, esse negócio de escrever “vôo”, “enjôo”, “vêem”, “crêem”, etc. sem acento circunflexo sempre me parecerá algo um tanto esquisito, para dizer o mínimo. Embora sem unidade prosódica — ainda bem — Brasil, Portugal, Cabo Verde, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Timor Leste desfrutarão agora de um arremedo de unidade ortográfica, o que, na prática, só servirá para nos confundir.

A régua do Lula

Inteligentíssima a forma que o Brasil encontrou para mostrar que cresceu: alterando a escala da régua. Agora 1cm não mede mais 10mm, mas 8mm. Assim, nossa economia anã, que não chega senão aos 80cm, fica com a sensação de que tem 1m de altura. Muito boa essa reformulação do IBGE, muito boa sua maneira de resgatar a economia brasileira do marasmo. (Só não sabemos se, com esse novo método de cálculo de crescimento, a China agora mostrará que cresceu, sei lá, uns 25% ao ano.) Aliás, seria uma boa idéia estender esse insight genial para outras áreas. Por exemplo. Se você é gordo, compre uma balança em que cada quilo meça, não 1000g, mas 800g. Assim você emagrecerá 200g por quilo. Não é maravilhoso? Você verá como se sentirá bem. Poderá até comemorar o feito tal como Lula e seus quarenta novos comparsas andam festejando o milagroso crescimento brasileiro dos últimos anos. Se você tem um pinto pequeno – cá entre nós, acho que foi daí que algum espertinho do IBGE (ou o próprio Lula) tirou a idéia – arranje uma régua luliana em que cada 10cm meçam, na verdade, 6cm. Depois, entre as quatro paredes de sua alcova, mostre para sua amada o quanto é bem dotado. (Já pensou? 12cm de puro quase-prazer se tornarão 20cm de puro… quase-prazer. Chato, né?) Ah, não posso esquecer da violência. Segundo os cálculos mais recentes, nos últimos anos não morreram 50.000 brasileiros ao ano por morte violenta, mas cerca de 100.000. De acordo com o site do IBGE, apenas “em 2004, morreram 110.685 pessoas por causas violentas, 90.776 homens e 19.866 mulheres”, isto é, em um único ano, o Brasil bateu o número de vítimas da guerra do Iraque. (É o espetáculo do crescimento. No site da Folha, lemos que “somados os quatro anos de guerra, mais de 59 mil civis morreram no Iraque – 66,5 mil com as mortes durante a invasão -, segundo o IBC”.) Assim, o IBGE, com a benção do PT e de Lula, pode alterar isso. Basta decretar que, agora, morte violenta não é o processo pelo qual o corpo perde a vida por ação de algum ato… mmmm… violento, mas, sim, o processo em que o corpo é decapitado, isto é, onde o corpo não apenas morre mas também perde a cabeça. (A gente tem de explicar tudo por aqui, ou não entenderão bulufas.) Isso deverá reduzir a violência em cerca de 97%. É maravilhoso!! Viva a inteligência brasileira!!!

O tio e os sobrinhos

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Esta é a fotomontagem que ganhei da minha irmã e dos meus sobrinhos: eu sou o lindão de charuto. Foi feita online no Pikipimp.com, um site para passar uns bons minutos rindo. (Principalmente em companhia de crianças.) A imagem me lembra algo ocorrido dois anos atrás, na escola do meu sobrinho. Segundo minha irmã, Dimitri, então com quatro anos, discorria com os colegas a respeito das profissões de seus pais, mães, tios, etc. “Meu pai é médico”, dizia um. “O meu é piloto”, dizia outro. “Minha mãe também é médica”, acrescentava um terceiro, orgulhoso. Outros permaneciam em silêncio, o olhar perdido de quem procura dados na memória, provavelmente por não terem a menor idéia sobre a profissão dos pais ou, quem sabe, por jamais terem imaginado que seus progenitores tinham outra ocupação além da própria paternidade. Meu sobrinho então se pronunciou, cheio de si, arrancando expressões de admiração de todos: “Meu tio é lobisomem!” Ganhou, obviamente. (Médico? Piloto? Dentista? Bobagens.) Todos o olharam com uma mistura de espanto e interesse, uma pitada de inveja também, que criança não é de ferro. Afinal de contas era o garoto cujo tio (eu, claro) tinha a mais fantástica e curiosa das ocupações – se é que virar lobo uma vez por mês tem algo a ver com trabalho. “Pois é”, concluiu minha irmã, “melhor você parar de dizer essas coisas a eles”. E eu, quieto, o olhar fixo no passado, roxo de inveja do meu sobrinho: sempre quis ter um tio lobisomem. Ao menos me resta um consolo: por algum tempo acreditei que meu pai fosse um agente secreto. (Ah, quer saber? Imaginar é flutuar. Às vezes sobre nuvens branquinhas e fofas, às vezes sobre abismos…)

Preso ao aeroporto

O caos aéreo voltou ao noticiário. Na TV, vi um cara dizer que se sentiu um presidiário, ali, acorrentado à sala de embarque. O que me lembrou o caso mais sui generis de espera sem fim por um võo doméstico: o do nosso companheiro de blog, Pedro Novaes, que passou mais de duas horas à espera de um vôo, conversando… sabe com quem? Com Delúbio Soares. Pedro ficou tão preso que ganhou até um legítimo companheiro de cela. Pô, hermano, quando é que vc vai contar essa história? Já tô achando que vc recebeu um mensalão pra não espalhar o que ouviu dele, hehehe.

Lula, Tarso, balas perdidas

Do ex-blog do César Maia:

ESTE EX-BLOG CANSOU DE CHAMAR A ATENÇÃO PARA ESSA SUPER-RECEITA. FECHA-SE O CERCO PARA UM AUTORITARISMO MAL DISFARÇADO!

Comissário Tarso Beria Genro fica com a polícia política. Super-receita cria tropa de tortura fiscal. Os sonhadores com a emenda 3 tem a resposta esperada. Vem aí um projeto de lei para regulamentar que vai ser disfarçadamente obstruído pela chamada base do governo.

Folha de SP
Lula decide vetar medida que favorece profissional liberal

Emenda impedia que auditor desfizesse contrato de prestação de serviço entre empresas. Para tentar conter desgaste, governo diz que enviará novo projeto sobre a ação dos auditores para “abrir discussão com a sociedade”

BÉRIA AFIA AS GARRAS!

Estado de SP
Tarso assume Justiça e quer ampliar poderes do cargo

Novo ministro defende transferência do Coaf, hoje ligado ao Ministério da Fazenda, para sua pasta


BALAS PERDIDAS! PERDIDAS?

A cada dia aumenta o convencimento em setores da polícia do estado do rio que -pelo menos- parte das balas perdidas que atingem mortalmente -ou quase- moradores da área onde há confronto são disparadas propositalmente pelos traficantes com o objetivo de assassinar premeditadamente. Com isso o confronto tende a ser interrompido devido ao natural constrangimento e recolhimento das forças policiais. Os bandidos escolhem de preferência crianças e mulheres. Os últimos fatos só vieram a comprovar essa convicção.

Resumindo: o Lula é de fato contra o empreendedorismo, o Tarso Genro vai usar a PF para perseguir e constranger capitalistas e as mortes no Rio são puro terrorismo mesmo.

Céu e concreto

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A camisinha e a Igreja Católica

Pois é. O Governo Federal resolveu distribuir camisinhas nas escolas e os mais apressadinhos aproveitaram a grita geral dos conservadores (moralmente falando) para atacar a Igreja Católica por ainda ser contra a camisinha. Ela tem seus motivos, imagino. O melhor deles, entretanto, está neste vídeo do Monty Phython. Veja se não é uma contribuição bastante seminal para o debate.

DAD:
There are Jews in the world.
There are Buddhists.
There are Hindus and Mormons, and then
There are those that follow Mohammed, but
I’ve never been one of them.

I’m a Roman Catholic,
And have been since before I was born,
And the one thing they say about Catholics is:
They’ll take you as soon as you’re warm.

You don’t have to be a six-footer.
You don’t have to have a great brain.
You don’t have to have any clothes on. You’re
A Catholic the moment Dad came,

Because

Every sperm is sacred.
Every sperm is great.
If a sperm is wasted,
God gets quite irate.

CHILDREN:
Every sperm is sacred.
Every sperm is great.
If a sperm is wasted,
God gets quite irate.

GIRL:
Let the heathen spill theirs
On the dusty ground.
God shall make them pay for
Each sperm that can’t be found.

CHILDREN:
Every sperm is wanted.
Every sperm is good.
Every sperm is needed
In your neighbourhood.

MUM:
Hindu, Taoist, Mormon,
Spill theirs just anywhere,
But God loves those who treat their
Semen with more care.

MEN:
Every sperm is sacred.
Every sperm is great.
WOMEN:
If a sperm is wasted,…
CHILDREN:
…God get quite irate.

PRIEST:
Every sperm is sacred.
BRIDE and GROOM:
Every sperm is good.
NANNIES:
Every sperm is needed…
CARDINALS:
…In your neighbourhood!

CHILDREN:
Every sperm is useful.
Every sperm is fine.
FUNERAL CORTEGE:
God needs everybody’s.
MOURNER #1:
Mine!
MOURNER #2:
And mine!
CORPSE:
And mine!

NUN:
Let the Pagan spill theirs
O’er mountain, hill, and plain.
HOLY STATUES:
God shall strike them down for
Each sperm that’s spilt in vain.

EVERYONE:
Every sperm is sacred.
Every sperm is good.
Every sperm is needed
In your neighbourhood.

Every sperm is sacred.
Every sperm is great.
If a sperm is wasted,
God gets quite iraaaaaate!

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