
Graças à gentileza de sua filha Maria Inês e à do próprio Olavo de Carvalho, pude assistir, há cinco anos, a duas e apenas duas de suas aulas para logo concluir: esse cara é o professor que, sem sucesso, busquei anos a fio por todos os cursos universitários em que estive matriculado. Sim. Na universidade, há sempre pós-graduados, mestres e doutores em algo, mas nunca Mestres de fato. E a vida do Olavo de Carvalho se encaixa perfeitamente no conceito de genialidade de Oswald Spengler — “a força fecundante do varão que ilumina toda uma época” — e no de guru dos indianos, onde “gu” é trevas e “ru”, o que dissipa. Olavo é um dissipador de trevas e isto ficou patente após ler oito de seus livros: “O Jardim das Aflições”, “O Imbecil Coletivo: Atualidades Inculturais Brasileiras”, “A Nova Era e a Revolução Cultural”, “Fronteiras da Tradição”, “Aristóteles em nova perspectiva”, “Os gêneros literários”, “Astrologia e religião” e “Símbolos e Mitos no Filme ‘O Silêncio dos Inocentes'”. (Conheça todos os livros.) Aliás, fiquei muito espantado quando descobri que ele assina boa parte dos melhores artigos publicados pela revista Planeta dos anos 1970, cuja coleção meu pai ainda mantém. Sem esquecer, é claro, sua tradução do livro “Tabu”, de Alan Watts, que marcou minha primeira juventude.
Por essas e outras, não posso deixar de rir ao me lembrar que, em 2000, na festa de aniversário de 70 anos da escritora Hilda Hilst, um casal de jornalistas da Agência Estado — amigos de um amigo próximo — ficou tentando me convencer de que Olavo é um representante do “mal absoluto”! (Foi a expressão maniqueísta que eles usaram.) Eu olhava para os dois sem acreditar que alguém pudesse conceber tamanha bobagem, e o pior: sem nunca sequer terem lido um livro dele. E, por fim, vaticinaram: “Esse Olavo é um idiota que irá estragar todo o benefício que o PT prepara para o Brasil”. Ah, pensei, agora entendi tudo. Todos sabemos — e o Olavo já sabia desde meados dos anos 1990 — que benefício era esse.
(A propósito: Olavo é touro com ascendente em aquário, a mesma combinação astrológica da Hilda Hilst, escritora com quem mantive as conversas mais viajantes da minha vida.)