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Categoria: Religião Page 20 of 30

Enxugando o pau

Essa resistência aos americanos, no Iraque, obviamente não é originária de lá. Tudo o que um povo quer é paz, não quer agitação sangrenta. Ou será que esse povo morre mesmo de medo de ser dominado pelo “jeitinho americano” e de ver seu país tornar-se um lugar tão horrível pra se viver quanto o Japão, a Alemanha e a Itália, os perdedores da Segunda Guerra? Esse medo é dos xiitas apenas e de seus amiguelhos revolucionários, a maioria não-iraquiana, que não passam de terroristas islâmicos ali infiltrados para botar mais lenha na fogueira. Os sunitas que entram na onda assim o fazem porque, claro, se identificam mais a eles que aos americanos. Ambos seguem Alá. Os xiitas, a minoria, são a espoleta, os sunitas, quais inocentes úteis, o grosso da pólvora.

O explorador inglês Sir Richard Francis Burton (1821-1890) – tradutor das Mil e uma noites e do Kama Sutra – converteu-se ao xiismo. Quando mijava, tinha que se agachar e enxugar o pau com terra. Se não o fizesse, descobririam sua origem ocidental e poderia morrer durante a peregrinação a Meca. Xiismo – no sentido mais lato – é isso: misturar aspectos secundários com essenciais, no caso da religião, questiúnculas materiais com espiritualidade.

J. J. Benítez

O grande trunfo de J.J. Benítez, enquanto ficcionista, foi ter sido o primeiro a se inspirar no Livro de Urântia para escrever seus livros, principalemente a série Operação Cavalo de Tróia e a Rebelião de Lúcifer. E o irônico é não haver versões desses livros em inglês, já que a Fundação Urântia, segundo li por aí, ameaçou processá-lo por plágio. (Veja na Amazon, não há traduções desses livros para o inglês.) É como o Papa querer processar Kazantzakis, Norman Mailer ou Saramago por seus respectivos “evangelhos”. Puro absurdo.

O’Neil, dramaturgo

“A maioria das peças modernas se refere às relações de homem para homem, porém isso não me interessa absolutamente. Estou interessado apenas nas relações entre o homem e Deus.”

A fé de Dostoiévski

“Muitas coisas deste mundo nos são dissimuladas, mas em compensação Deus nos concedeu a misteriosa sensação do laço vivo que nos une ao outro mundo, o mundo celeste, superior; e, aliás, as próprias raízes dos nossos pensamentos e dos nossos sentimentos não estão em nós, porém em outra parte. E é por isso que os filósofos dizem que não se pode conhecer na terra a essência das coisas. Deus tomou sementes que pertenciam a outros mundos. semeou-as nesta terra e cultivou o seu jardim. O que podia germinar cresceu, mas tudo que se podia desenvolver não viveu senão graças ao sentimento do seu contato com outros mundos misteriosos; se esse sentimento enfraquece ou desaparece da tua alma, tudo o que floriu dentro de ti morrerá.”
(Staretz Zossima em Os Irmãos Karamázovi.)

Ayahuasca 3

Uma curiosidade sobre o assunto é que o “Papa do Santo Daime”, de São Paulo, é o cartunista Glauco, autor do Geraldão e do Casal Neuras. Nada como um guia espiritual que sabe rir de si mesmo. (Nota: nunca consegui freqüentar o Santo Daime. Minha introspecção, nesses momentos, não suporta os bailes e hinos obrigatórios. Aliás, tenho um primo – professor universitário em Brasília – que é “Fardado”. É um “assessor para crentes vomitantes”…)

Ayahuasca 2

Outra coisa que percebi é que o, digamos, “índice de expelição e excreção” do “usuário” é diretamente proporcional ao seu nível de ceticismo. Quanto maior for sua aversão à ação de um poder transcendental em sua vida, mais volumoso será o chamamento do Hugo (ou Juca). Claro, isso também tem a ver com seu atual estado de pureza moral. Mas um amigo meu, por exemplo, engenheiro, cético até mandar parar – embora uma pessoa boa, justa e honesta – emitiu substâncias, segundo ele mesmo, por todos os orifícios do corpo. Vomitou, babou, chorou, suou, teve defluxo, mijou, cagou, derramou cera dos ouvidos e até soltou caspa. Ayahuasca é uma experiência de quase-morte. Não é curtição. Segure na mão de Deus e vá…

Ayahuasca

Meu amigo Rodrigo Fiume, jornalista do Estadão, me envia artigo informando que “o uso religioso da ayahuasca foi reconhecido ontem como prática legal pelo Conselho Nacional Antidrogas (Conad), depois de décadas de controvérsias entre consumidores e autoridades brasileiras sobre se seria ou não alucinógena”, (resolução n.º 4, de 4 de novembro, publicada ontem no Diário Oficial). Tudo bem. Mas eu ainda acho que deveria ser tomada de dois em dois anos e não toda semana, como é costume. Pode rolar muita ilusão no astral. Religião é outra coisa.

Religião

Embora a única e verdadeira religião não seja senão a relação pessoal e direta de cada criatura com o Criador, não custa nada dar uma checada nas mil e uma formas em que já tentaram cristalizá-la. Para tanto, este site é o mais completo que já vi até agora. Em inglês.

Fama

“Poggio tentava persuadir os príncipes de que os respectivas feitos deveriam ser incorporados na memória da humanidade, através de trabalhos historiográficos bem pagos. Os materiais estavam disponíveis, como bem sabia Eneias Silvio Piccolomini ao dirigir-se a D.João II de Portugal, propondo-se celebrar as navegações. E afinal, Poggio lembrava-se bem de Tamerlão e não era o único a preocupar-se com a fama, um substituto atraente perante a dissolução da preocupação Cristã com o destino da alma.”
(Mendo Castro Henriques)

Santidade

A Hilda Hilst respondeu na entrevista que deu ao Cadernos de Literatura Brasileira – eu estava presente na ocasião – que não acredita em revolução política, e sim que “a verdadeira revolução é a santidade”. Instigado por ela li as biografias de Paramahansa Yogananda e Albert Schweitzer, dois verdadeiros santos do século XX. E, finalmente, neste ensaio – A lição de uma santa -, Otto Maria Carpeaux explica por que “são os santos que transformam o mundo”.

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