blog do escritor yuri vieira e convidados...

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Droga do medo

Eu sei que praticamente todas as drogas podem trazer a experiência do inferno, a paranóia total. Mas ninguém as toma por esse motivo. Logo, como é que pode alguém experimentar uma coisa chamada Droga do medo, uma substância cuja viagem dura pra lá de 30 horas?! Puts, meu Santo Daime! Se querem viagem forte, por que não vão tomar a Droga do vômito? Antes chamar o juca que se borrar de pânico…

Caverna

Nunca me esqueço de certa passagem da Autobiografia de um Iogue Contemporâneo, de Paramahansa Yogananda. Ele conta que, aos 14 anos, fugiu de casa com o intuito de ir até o norte da Índia encontrar certo guru famoso e, sob orientação deste, pretendia internar-se numa caverna do Himalaia para meditar sobre o amor de Deus. Driblou a polícia, viu seu colega de fuga desertar do empreendimento e, após dias de caminhadas e buscas, achou o tal guru. Este, após ouvir as ansiosas súplicas do garoto, apenas perguntou: “Você tem um quarto só seu na casa dos seus pais?” Tenho, respondeu Yogananda. “Então, volte para lá, sente-se e medite. Seu quarto é a sua caverna.” Parece que ele tinha razão…

Província

Continuo procurando loucamente uma cópia da carta “From New York to Paulo Francis”, escrita pelo Glauber Rocha, aliás engraçadíssima, na qual ele explica porque Nova York é, como toda grande cidade, um mero agrupamento de cidades do interior, de tribos e pequenas províncias. Depois ele fala de grandes criadores que nunca botaram o pé fora de seus países e da roda-viva dispersante que tais viagens podem efetivamente ser. Se alguém tiver uma cópia dessa carta, por favor, me envie porque há anos não consigo encontrar a que eu tinha. Sempre achei o Glauber melhor escritor que cineasta.

O Sr. Jorge Recóndito

O Sr. Jorge Recóndito é o cara mais chato, depressivo, negativo, sardônico e mal-humorado que eu conheço. Nos dias em que ele vem me visitar – puts! – ele me deixa arrasado. Hoje apareceu por aqui chutando os gatos da casa. Não consegue aceitar bichinhos que não sabem senão comer, ronronar e se meter por entre as pernas dos que caminham cheios de raiva contra as circunstâncias. Sim, o Sr. Recóndito já tentou o suicídio duas vezes. Com uma arma e com o zen-budismo. Este último quase logrou matá-lo, mas não foi possível: o Sr. Jorge Recóndito, embora culto, é casca grossa. Como poderia lhe agradar a idéia de atirar seu ego no vazio se tudo o que mais quer é que lhe prestem culto?

Droga pesada

O café tornou-se, para mim, uma droga das mais pesadas. Não posso tomar uma xícara sequer, diante da Internet, que já começo a enviar emails idiotas para Deus e o mundo. Bem-feito pro Yuri, quem mandou ele exagerar nas experiências psicodélicas? Subir uma escada em casa, depois de haver escalado dez picos no Nepal, dá uma canseira dos diabos…

Para sempre?

O único lado positivo de uma doença incurável é que ela nos faz colocar em xeque a hipótese de que durará para sempre. Afinal de contas, pensa o enfermo, o que quer dizer esse para sempre? Até o fim da vida? E até onde vai a vida? Até o término do corpo?… Não, conclui, minha doença é incurável, mas não durará para sempre…

A morte

“Sócrates: (…) se eu não acreditasse, primeiro, que vou para junto de outros deuses, sábios e bons, e, depois, para o lugar de homens falecidos muito melhores do que os daqui, cometeria uma grande erro por não me insurgir contra a morte. Porém podes fiar que espero juntar-me a homens de bem. Sobre esse ponto não me manifesto com muita segurança; mas no que entende com minha transferência para junto de deuses que são excelentes amos: se há o que eu defenda com convicção é precisamente isso. Esse motivo de não me revoltar a idéia da morte. Pelo contrário, tenho esperança de que alguma coisa há para os mortos, e, de acordo com antiga tradição, muito melhor para os bons do que para os maus.”
(Fédon, de Platão.)

Apologia de Sócrates

Outro texto do Platão que faz a gente passar mal de tanto que a gente se sente bem: A defesa de Sócrates. Nietzsche, ao tentar “fazer filosofia com o martelo”, foi completamente infeliz no que disse a respeito de Sócrates. Ele deu foi uma martelada na própria testa… (O fato de Nietzsche ter passado uns dez anos catatônico antes de morrer, mesmo ao piano, não me deixa mentir.)

Górgias

Meu Deus, a leitura de Górgias, de Platão, faz a gente ter verdadeiros intelectorgasmos.

Jung

E fui informado pela namorada de um amigo – psicanalista lacaniana – que Carl Gustav Jung é considerado por eles, os lacanianos, um psicótico. Engraçado, eu sempre pensei que ele fosse um artista – vc já viu os quadros dele? – um grande artista brincando de psicólogo…

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