Taí uma dessas teorias conspiratórias improváveis – mas possíveis – que dão o que pensar. Vc já ouviu falar da tecnologia HAARP?
Categoria: Viagens Page 28 of 38
“Sócrates: (…) se eu não acreditasse, primeiro, que vou para junto de outros deuses, sábios e bons, e, depois, para o lugar de homens falecidos muito melhores do que os daqui, cometeria uma grande erro por não me insurgir contra a morte. Porém podes fiar que espero juntar-me a homens de bem. Sobre esse ponto não me manifesto com muita segurança; mas no que entende com minha transferência para junto de deuses que são excelentes amos: se há o que eu defenda com convicção é precisamente isso. Esse motivo de não me revoltar a idéia da morte. Pelo contrário, tenho esperança de que alguma coisa há para os mortos, e, de acordo com antiga tradição, muito melhor para os bons do que para os maus.”
(Fédon, de Platão.)
Outro texto do Platão que faz a gente passar mal de tanto que a gente se sente bem: A defesa de Sócrates. Nietzsche, ao tentar “fazer filosofia com o martelo”, foi completamente infeliz no que disse a respeito de Sócrates. Ele deu foi uma martelada na própria testa… (O fato de Nietzsche ter passado uns dez anos catatônico antes de morrer, mesmo ao piano, não me deixa mentir.)
E fui informado pela namorada de um amigo – psicanalista lacaniana – que Carl Gustav Jung é considerado por eles, os lacanianos, um psicótico. Engraçado, eu sempre pensei que ele fosse um artista – vc já viu os quadros dele? – um grande artista brincando de psicólogo…
Acho muito cômica a reação indignada de alguns de meus amigos à minha convicção na eternidade da vida. Será tão ruim assim viver para sempre? Ou melhor: será tão horrível ser para sempre meu amigo? O Dante, meu ex-sócio no estúdio, é um dos poucos que encaram a idéia como um fato. E um dos poucos com quem consigo elaborar planos cósmicos…
Em conversa com amigos “relativistas absolutos” percebi um detalhe que, não sei por que, nunca me havia ocorrido: há gente que não acredita que exista, em nível algum, o livre arbítrio da alma humana. Eu sabia que muita gente achava a tal “alma” um mero emaranhado de sinapses, um complexo e, por que não?, ordinário “processo” eletroquímico que finda com o corpo. Mas daí a ter de ouvir que não há livre arbítrio algum, mesmo enquanto materialmente ativo… puts, foi uma novidade. Para eles, o livre arbítrio – a liberdade de decisão! – é um mito, uma aparência que varia da mais enganosa e falsa liberdade à absoluta ausência de alternativas. E, detalhe, me deixaram entender que a medida é: quanto mais pobre for a pessoa, menor será seu nível aparente de livre arbítrio, até a miséria, onde a pessoa é absolutamente prisioneira das circunstâncias. Marxistas, claro. E tiveram a falta de simancol de me dizer que um garimpeiro nunca decidiu ser um garimpeiro, mas que a vida, a sociedade, o empurrou até o garimpo. (Discutíamos sobre o assassinato, por parte de índios, de um grande grupo de garimpeiros. Eles diziam que ambos não tiveram alternativas: os garimpeiros de ir fazer outra coisa, os índios, de não matar!!)
Mas – peraí!! – não é que eles, em certo ponto, têm alguma razão? Sim, têm, embora não percebam a arapuca em que se metem com isso. Se fôssemos somente esse sistema mecânico, eletroquímico ou sei lá eu, não poderia haver realmente livre-arbítrio. Seríamos como computadores a esperar o toque de dedos extrínsecos a nós que nos impulsionassem para lá e para cá. Mas o que eles não percebem é que já fomos “digitados” – vide o teto da Capela Sistina. Sem a alma não haveria livre-arbítrio e eles sequer poderiam decidir a tomar uma opinião distinta.
As besteiras que a gente tem de ouvir…
Apenas Deus aplica certo em veias tortas…
“Aí por fim de março (se não me engano) comecei a ser médium. Imagine! Eu, que (como deve recordar-se) era um elemento perturbador nas sessões espíritas que fazíamos, comecei, de repente, com a escrita automática. Estava uma vez em casa, de noite, vindo da Brasileira, quando senti a vontade de, literalmente, pegar numa pena para fazer rabiscos. Nessa sessão comecei a pôr a assinatura (bem conhecida de mim) ‘Manoel Galdino da Cunha’. E nem de longe estava pensando no tio Cunha. Depois escrevi uma coisa sem relevo nem interesse nem importância. De vez em quando, umas vezes voluntariamente, outras brincando, escrevo.”
(Fernando Pessoa, em carta à sua tia Anica, 1916. Citado por Jorge Rizzini, no livro Escritores e Fantasmas.)
“Muitas coisas deste mundo nos são dissimuladas, mas em compensação Deus nos concedeu a misteriosa sensação do laço vivo que nos une ao outro mundo, o mundo celeste, superior; e, aliás, as próprias raízes dos nossos pensamentos e dos nossos sentimentos não estão em nós, porém em outra parte. E é por isso que os filósofos dizem que não se pode conhecer na terra a essência das coisas. Deus tomou sementes que pertenciam a outros mundos. semeou-as nesta terra e cultivou o seu jardim. O que podia germinar cresceu, mas tudo que se podia desenvolver não viveu senão graças ao sentimento do seu contato com outros mundos misteriosos; se esse sentimento enfraquece ou desaparece da tua alma, tudo o que floriu dentro de ti morrerá.”
(Staretz Zossima em Os Irmãos Karamázovi.)