blog do escritor yuri vieira e convidados...

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Mudar o mundo

Retirei o artigo abaixo, de autoria de Pedro Sette Câmara, do site O indivíduo.com. Fala sobre a burrice que é querer “mudar o mundo” ao invés de conhecê-Lo. Quem apreciar tal leitura encontrará, no referido site, outros artigos tão bons quanto este.

[Ouvindo: You Find the Earth Boring – Portishead]

A lucidez de Fernando Pessoa

Fernando PessoaPessoa sempre afirmou ser um neurastênico (categoria muito difundida hoje em dia), sendo, além disso – eis seu diferencial – capaz de criar uma personalidade para cada sentimento que lhe acometesse: “Dar a cada emoção uma personalidade, a cada estado de alma uma alma”, escreveu. Daí seus heterônimos. Mas a lucidez, não sendo uma emoção, mas um “enxergar apesar de toda emoção”, não era uma prerrogativa do, digamos, Álvaro de Campos. Bernardo Soares era, como “outros Pessoas”, muito lúcido também. Veja como ele possuía, na primeira metade do século vinte, a clara noção do estado de coisas que se prolonga até os nossos dias:

Notas sobre Matrix Reloaded

Algo que venho notando na moçada da minha geração — nasci em 1971 — é que ninguém consegue evitar o impulso de ir ao cinema assistir ao filme The Matrix e — uma vez encerrada a sessão — se eximir de meter o pau — porque todos metem o pau, em geral um pau oco, ainda que cheio de sutilezas irônicas. Tudo bem, concordo que a vida em Zion é uma bela porcaria, mas a história é boa. Até o poeta Bruno Tolentino, com quem assisti ao primeiro filme lá na casa da Hilda Hilst, curtiu o dito cujo. Se bem que ele é suspeito: adora filme de Kung fu, diz que é ótimo para relaxar o cérebro…

Já eu, desde 2000, vinha preparando um ensaio a respeito, mas, devido a várias dúvidas quanto às possibilidades de desenvolvimento da trilogia — e à conseqüente modificação da minha interpretação — decidi esperar até o fim. Há apenas uma característica constante até agora: o gnosticismo expresso pelas idéias e ações dos personagens. Sem entrar em detalhes, por enquanto, digamos que a viagem dos figuras é basicamente a mesma de muitas seitas da idade média ditas hereges: o mundo foi criado e é controlado pelo demo (por um demiurgo), e precisamos nos mandar para o “mundo real”. E isto quer dizer: essa piração não é nova. Bom, pretendo desenvolver isso noutra ocasião. Por enquanto, sugiro que leiam o texto MATRIX CONFUSED, do Jovem Nerd, um artigo inteligente, honesto, sem babação de ovo retardada, que não é bem uma crítica de cinema mas uma investigação sobre o que afinal rola nessa história toda. Tenho essa preocupação porque conheço uma pessoa que acreditou ser o primeiro filme da série apenas uma mensagem cifrada para que ela descobrisse sua verdadeira identidade: ela era o Escolhido… Fico imaginando quantas vezes isso já rolou mundo afora. Tem maluco pra tudo. (Boa parte adora cruzar meu caminho.)

Quanto à possibilidade ou não de se realizar “milagres” no mundo real — discussão inevitável após a parte final do Reloaded — afora os evangelhos e meu singelo artigo sobre Li Hongzhi, leiam o livro “A Autobiografia de um Yogue Contemporâneo“, de Paramahansa Yogananda, escrito nos anos 50 do séc. XX. Há “causos” ali de deixar qualquer irmão Wachowski de cabelos em pé. E, claro, com um acréscimo: todos os “homens e mulheres santos” ali retratados sabem que não são senão veículos da vontade de Deus. E é sério: segundo Yogananda, Bábaji (que já tem mais de 300 anos de idade) e Lahiri Mahasaya são tão poderosos quanto Neo. Mas não saem voando por aí, em meio a um desesperado “amor romântico”, destruindo e matando meio mundo apenas para salvar a namoradinha. Aliás, ainda bem que Jesus não se envolveu nem com Rebeca — vide Livro de Urântia — nem com Maria Madalena…

P.S: Eis outra análise bem interessante.

[Ouvindo: Body And Soul – Charles Mingus]

Swedenborg e o Livro de Urântia

Coloquei em meu site a conferência de Jorge Luis Borges sobre Emanuel Swedenborg, o cientista e político sueco que, em pleno século XVIII, afirmava ter visitado os “céus” e os “infernos” em projeções astrais, tendo escrito, nos seus últimos vinte e cinco anos de vida, uma série de livros com seus relatos. No mesmo texto o leitor ainda encontrará notas que escrevi, cotejando as experiências de Swedenborg com o conteúdo do Livro de Urântia. Caso alguém prefira, o texto pode ser baixado para leitura no Acrobat Reader.

De quem é o racismo?

O PT está a fim de processar o (ex-petista) Anthony Garotinho por racismo, simplesmente porque o panaca disse que iria “desinfetar”, antes da posse de sua mulher, o escritório da Governadora Benedita da Silva. Isso é típico de fanáticos, sejam eles políticos ou religiosos: não há o menor traço de senso de humor, só querem saber de colocar mordaça nas pessoas. Afinal, o garoto não fez qualquer referência à raça da governadora. Será que o PT não sabe que é preciso desinfetar a cadeira onde qualquer político petista tenha se sentado? Seja ele branco, preto, amarelo, rosado ou anil? Será que eles acham que só se desinfeta as cadeiras de petistas negros? Então, de quem é o racismo afinal?

Entrevista com ET

Gravei em VHS uma entrevista de uma hora com uma suposta extraterrestre. Aliás, não sei quem é mais louco: se eu ou ela. Provavelmente eu, já que ela ao menos é dona de uma padaria, tem um lugar neste mundo. Já eu… snif, nenhum planeta em signo de terra, totalmente sem senso prático… Tadim di eu. :))

Leia sobre minha amiga ET, aqui.

PS.: Amigos, o Yuri estava aqui, dentro de mim, desfragmentando o cérebro e fazendo um scandisk mental. Logo mais dará notícias. Como já dizia Van Gogh ao seu irmão, Theo, “é preciso ter uma paciência de boi pra ser artista”. Ou, quem sabe, uma herança. Afinal a incapacidade de pastar pode nos levar a cortar uma orelha, assá-la e tal. Espetinho autofágico…

[Ouvindo: Under Pressure – Queen and David Bowie]

Na Chapada dos Veadeiros

Amigos, esta semana estarei na Chapada dos Veadeiros, onde irei gravar uma entrevista com uma suposta Mestra Ascensa da Grande Fraternidade Branca Universal, aliás, uma extraterrestre assumida… :)) Claro, tudo dentro do esquema “não rir, não lamentar, nem detestar, mas compreender” (Espinosa, filósofo), afinal, “tudo é possível, embora algumas coisas sejam mais prováveis” (James Jeans, físico). E, se tudo der certo, talvez eu até coloque o vídeo neste site, para download.

[Ouvindo: Take the Long Way Home – Super Tramp]

O Céu e o Inferno

Quem quiser ler a conferência de Jorge Luis Borges sobre o livro Céu e Inferno de Emanuel Swedenborg, clique aqui . (Também é possível baixar o arquivo em PDF.) Incluí ainda algumas notas de rodapé que cotejam certos temas, levantados ou por Borges ou por Swedenborg, ao conteúdo do Livro de Urântia. Espero que agradem.

Caso vc nunca tenha ouvido falar de Swedenborg antes, clique aqui e leia uma introdução ao texto acima.

[Ouvindo: Armoured D – Dillinja]

9/11

O atentado visto do espaçoSemana passada assisti ao documentário dos irmãos Jules e Gedeon Naudet sobre o atentado ao World Trade Center. (Para um documentarista, nada como estar no lugar certo na hora certa – aliás, para os não-documentaristas, hora mais que errada.) Semelhante testemunho só seria rivalizado por alguém que tivesse filmado o naufrágio do Titanic ou, para ser mais exato – já que, indo além do que diz Baudrillard, um atentado terrorista pode parecer mas não é um evento da natureza, é só maldade mesmo -, ou por alguém que tivesse filmado a noite de 23 de Agosto de 1572, a Noite de São Bartolomeu, quando, instigado por sua mãe (Catarina de Médicis), o rei Carlos IX ordenou que se executassem todos os Huguenotes, todos os protestantes que se encontravam em Paris para o casamento de sua irmã com Henrique de Navarra. Morreram cerca de 25.000 pessoas. A grande diferença entre esses atentados de origem pseudo-religiosa estaria apenas na pirotecnia do mais recente, uma vez que este não se igualou ao primeiro, em número de vítimas, por uma mera questão de horário. E o mais interessante é que muita gente pressentiu o acontecimento…

Criticando um crítico

Eugênio Bucci, em sua crítica ao filme Cidade de Deus (Jornal do Brasil-04/09), pega como mote o comentário do personagem Buscapé – “se o tráfico de drogas não fosse crime, o bandido Zé Pequeno seria o homem de visão do ano” – para com ele concluir que todo executivo, que todo empresário, enfim, que todo empreendimento capitalista é killer, é do mal. Ora, aquela afirmação corresponde a esta: se expressar preconceitos não fosse uma miopia mental, certos colunistas ganhariam o Prêmio Esso de jornalismo. E, no entanto, o fato de ele ser sim um colunista equivocado não atenta contra a profissão do jornalista em si mesma. Afinal, a maldade evidente do personagem Zé Pequeno nasce de sua motivação interior, ela já existia antes de que ele se tornasse um “negociante de drogas”. Querer excluir todo mercado, todo executivo, todo empresário da face da Terra, a partir desse raciocínio, seria o mesmo que banir todas as facas de todas as cozinhas apenas porque é possível cortar gargantas com elas. Capital é ferramenta.

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