O Garganta de Fogo

blog do escritor yuri vieira e convidados...

Negros e Orientais

Os orientais são minoria no Brasil. Estigmatizamos os orientais, dizendo que eles são CDF´s e têm pau pequeno, assim como estigmatizamos os negros, dizendo que eles só pensam em pagode, funk e futebol. Muitas mulheres brancas não querem se casar com orientais, assim como muitas não querem se casar com negros. Chamamos o oriental da turma de “japa” ou “china”, assim como chamamos o negro da turma de “negão” ou “neguinho”. Nunca vejo atores orientais em posição de patrão e vencedor. O oriental das novelas e dos filmes é sempre um técnico de computador.

E por acaso os orientais ficam reclamando disso? Por acaso eles pedem política de cotas e reformulação do vocabulário? Eles simplesmente estudam, conquistam vagas nas melhores universidades, trabalham, ganham dinheiro, conquistam bons empregos. Você já viu algum oriental dizendo que as escolas públicas deviam ensinar História do Império Chinês, ou a técnica do bonsai, porque são parte da cultura oriental?

Pois é…

Caldas…

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Gostei do desenho…

Brian K Vaughan

Dia 18 de Maio rolou uma entrevista com Brian K Vaughan, roteirista de quadrinhos ou, como se diz hoje, autor de “novelas gráficas”. Sim, foi no Second Life, aquele “joguinho”. (Não me lembro dos nomes, mas algumas personalidades acreditaram que invenções tais como o telefone e o rádio também não passavam de brincadeiras. A própria IBM acreditava que esse negócio de Personal Computer não era senão uma tremenda perda de tempo. Em suma, a caravana passa…)

Negócio da China 2

Já havia comentado neste blog a respeito de certa tática sui generis dos capitalistas chineses. Semana passada, tomei conhecimento de outra. Amigos recém chegados da França e da Espanha trouxeram a confirmação de algo que já tinha ouvido por alto aqui no Brasil. É o seguinte: um cidadão chinês vem ao nosso paiseco – ou à França ou à Espanha ou a sei lá qual buraco deste mundo – encontra um imóvel numa área adequada para instalar um comércio e, então, cheio de “boas” intenções, entra em contato com o governo de seu país. (Lembre-se: o capitalismo chinês é do pior tipo, um capitalismo de Estado. E, sendo a China comunista, nem é preciso esclarecer uma vez mais este ponto: ao contrário do socialismo, o capitalismo é menos um sistema que um instrumento. Ou ainda: é menos um sistema operacional que um mero sofware. Sacou a analogia?) Enfim, ele recebe do governo chinês a verba necessária para adquirir o imóvel e iniciar uma empresa. Em outras palavras: ele se torna apenas um pau mandado daquele governo. E sua contrapartida não é senão o compromisso de vender apenas produtos fabricados e importados da China…

Se as pessoas se chateavam tanto com o capitalismo americano e europeu – que ao menos trazia a indústria para cá, fornecendo-nos empregos e retirando tão somente parte dos lucros (merecido, vale dizer) – agora sim irão ver o que que é bom para a tosse. E pensar que Spengler previu tudo isso em seu livro “O homem e a técnica”, publicado em 1931…

Apenas mais um domingo

Quando eu perguntei se ele gostava de mim, ele respondeu mecanicamente, “gosto, ué”, e eu percebi que ele estava mentindo, mas ele baixou os olhos e ficou levemente vermelho, como se sentisse uma súbita vergonha da mentira, e eu entendi que aquilo mudava totalmente o sentido da frase, porque uma mentira que você diz mecanicamente já é diferente de uma mentira que você tem vergonha de dizer. Ele não sabe, mas é por isso que eu volto. Eu podia dizer que não trabalho aos domingos, ou nem atender ao celular quando vejo o número dele. Mas eu lembro daquela carinha vermelha e me dá vontade de saber o que tem atrás daquela cor. Já era a terceira vez, a gente fazia tudo sempre igual. Ele tirava a primeira, depois me oferecia sorvete, ligava a televisão, a gente ficava de bobeira, ele fumava, eu lixava unha, ele tirava a segunda e dizia que ia me chamar um táxi, que eu sei que é o jeito de um cliente dizer pr’eu ir embora. A mulher, quando eu vi a foto no porta-retrato, eu pensei que talvez ela estivesse morta. Não tinha idade para morrer, mas existe câncer, existe bala perdida, acidente de carro, tanta coisa que pode acontecer… Mas um dia alguém telefonou, e ele falou “sei, sei”, depois falou “é claro, amor”, e eu percebi que ela estava viva e ainda pedindo pr’ele passar no supermercado. Desde aquele dia eu olho a foto de um jeito diferente. Essa mulher tão feinha, essas rugas, esse sorriso amarelo, ela parece tão infeliz. Eu sinto no cansaço dela a quantidade de sonho frustrado, as viagens que ela não fez porque o menino estava com bronquite, a empregada que ela não contratou porque tinha que sobrar para o curso de inglês, os livros que ela não leu porque não queria ler mesmo, mas ela consegue pensar que também foi por causa do menino ou do marido. E eu penso em todos os livros que eu li, penso naquelas tardes maravilhosas em Cabo Frio, recordo aquele cliente generoso que me apresentou ao carpaccio e ao petit-gateau, e me custa admitir que eu também sou infeliz. Mas eu estou cansada de ser infeliz do meu jeito, queria ser infeliz do jeito dela! E, mesmo presa no silêncio da foto, seu riso agora é um riso de zombaria. De alguma forma ela percebe que saiu vitoriosa, ela sente que a infelicidade dela é melhor que a minha. Eu digo que vou beber água, mas eu não estou com sede, eu quero entrar mais uma vez na cozinha, olhar os recados na geladeira, cheirar os vidrinhos de tempero, espantar as mosquinhas que já começam a incomodar as frutas. E de repente eu percebo que tem alguma coisa nessa cozinha que me escapa completamente, algo que nunca vou conhecer, mesmo que me aposse daquele homenzinho da sala e conviva para sempre com seu hálito e sua calvície. É talvez buscando essa coisa misteriosa que eu abro a geladeira e descubro numa vasilha os corações de galinha, vermelhos e crus, quase como morangos. Eu sei fazer coração de galinha, é muito fácil, é só fritar com tempero e cebola. Eu posso fritar agora e a gente come no palitinho, enquanto ele descansa e vê televisão. Uma alegria boba me invade, sinto que vou me apropriar de uma pequena parte da cozinha, a mulher já vai me olhar de outro jeito quando eu voltar à sala, talvez assustada, acuada na sua moldura de porta-retrato. Mas eu chego na sala e ele está abotoando a calça, o cigarro está morto no cinzeiro, ele pega o telefone e diz que vai me chamar um táxi.

No caminho para casa, passo num mercado vinte e quatro horas. Quando os corações estalam na frigideira, eu ainda tenho uma vaga lembrança de um porta-retrato, uma mulher triste que teima em sorrir, um homem que transa de meias e precisa de óculos até para ver televisão. Mas um minuto depois, eu estou engolindo a carne macia, e consigo acreditar que eu comprei coração porque é barato e fácil de fazer. Eu posso estar triste agora, mas eu sei que, quando amanhã chegar, eu vou achar que hoje foi apenas mais um domingo.

O que move o movimento?

Vocês já matutaram sobre a expressão “movimento estudantil”? Pois é. A primeira coisa que me vem à cabeça é a seguinte pergunta: para onde? Já que se move, em qual direção vai? Nos últimos anos tem ido da esquerda para a esquerda, ou seja, não sai do lugar. Segunda coisa: se há movimento, então algo se move, logo, o que está se movendo? O estudante? Só se for para sair de casa e invadir reitorias ou, num passado não tão distante, jogar pedra em presidente. Enfim, será que ainda podemos atribuir a esta expressão algum sentido? Eu acho que sim.

Mário Ferreira dos Santos – áudio

As dicas que chegam por email! (P.R.? Quem é P.R.?) Essas gravações são preciosidades!! Obrigado a quem as publicou – viu, P.R.? – afinal, um filósofo como Mário Ferreira dos Santos não pode continuar escondido na gaveta de colecionadores ou no baú de herdeiros. (Na verdade, essas aulas não fazem senão ajudar a divulgar os livros.) O Brasil precisa desse cara. Chega de corrupção da inteligência, da alma. Tenho uns vinte livros do Mário Ferreira, dos quais li apenas três, mas já posso afirmar: é fenomenal. Para quem não o conhece, sugiro ao menos a audição da Aula 1 – primeira parte.

(Por algum motivo os arquivos estão fora de ordem, mas ao menos estão numerados. Sugiro ao responsável que também os publique no mesmo site em que disponho os podcasts do Olavo – Archive.org – pois lá não é necessária essa frescura de se cadastrar antes de fazer o download. Aliás, alguns deles não oferecem a alternativa de download, dê uma checada nisso, “P.R.”.)

Que Roberto Carlos que nada!

Conforme já comentei aqui, a atitude do Roberto Carlos não nos ameaça em nada. Perigosa mesmo é a perene tentativa do governo Lula de implantar a censura oficial. Veja a íntegra do que escreveu o Diogo Mainardi sobre o artigo 5º da Portaria 264 (o tal artigo citado pelo Reinaldo Azevedo).

Via Brasileiro infeliz.

Acupuntura pra elefante

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Funcionário do zoológico de Cingapura aplica a técnica em elefante. Foto: Reuters

Emagreça em três minutos e meio

Essa gente fica enviando spam ao meu orkut, sugerindo mil “técnicas” de emagrecimento – logo eu, que preciso engordar – mas nenhuma delas há de ser tão boa quanto a deste vídeo.

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