Quero apenas avisar que o podcast com o Olavo de Carvalho, gravado ontem, não será publicado antes do final da semana. Primeiro porque estou com um trabalho atrasadíssimo a entregar pra Cora Filmes. (Não me demita, Pedro!) Segundo porque, infelizmente, meu Windows XP é oficial, original, legalizado, o que significa que o sacana baixou e instalou as atualizações da semana passada que, por sua vez, entraram em conflito com meu programa de gravação e também com os de edição de som e vídeo, os quais tive de desinstalar. Ou seja, tá tudo muito enrolado por aqui.
Também continuo recebendo muitas perguntas direcionadas ao Olavo. Quero dizer que, apesar de curtir a repercussão do podcast, eu e o Olavo já havíamos combinado deixar o bate-papo sem amarras, correndo solto. Na única vez em que tentei lhe fazer as peguntas que encontrei previamente num fórum do Orkut, fiquei foi mais gaguejante e perdido do que de costume, já que, ao mesmo tempo que não via como interromper o fluxo impagável do seu raciocínio, também sentia que não devia ignorar as perguntas dos ouvintes, muito melhores do que as que sou capaz de fazer. Bom, aconteceu que não consegui fazer as perguntas e ainda perdi o fio da nossa conversa, percebendo, com isso, que só funciono mesmo é na base do improviso. E, aliás, essa é uma das razões pela qual o Olavo irá estrear sua rádio online no dia 4 de Dezembro: para responder a todas as perguntas que recebe por email. Além disso, ele poderá conversar ao vivo com até 5 pessoas ao mesmo tempo – via telefone, SkypeOut, etc. (Agradeçam ao Sílvio Grimaldo, foi ele quem apresentou o BlogTalkRadio ao Olavo.)
Enfim, espero que os ouvintes entendam minhas dificuldades e limitações.
Esta é pelo aniversário do meu bróder, o fotógrafo Dante Cruz.
Outro beija-flor na Cidade de Goiás
Beija-flor na Cidade de Goiás
Embarque no Aeroporto de Congonhas, em SP
Karina, minha irmã, apareceu por aqui com o DVD do show-tributo ao George Harrison – Concert for George – no Royal Albert Hall em Londres. Não vou nem falar das bandas que aparecem na segunda parte ou das intervenções do Monty Python durante o intervalo. Quem me enlouqueceu foi a filha do Ravi Shankar, Anoushka Shankar, que além de ser uma sitarista maravilhosa, ainda foi a regente da orquestra indiana ali presente. Foi simplesmente incrível com que graça e delicadeza ela, sem parar de reger, silenciou a platéia que teimou em aplaudir antes do final da peça. A garota é linda. Se vc tiver o celular dela, o MSN, qualquer coisa, por favor… 🙂
Io non sono intelligente. Sono sveglia!
(Eu não sou inteligente. Sou esperta!)
Monica Vitti, para Marcello Mastroiani, em La Notte (1961)
Marcelo era ateu, mas de um ateísmo singular, que não vinha do seu professor de história, nem do seu psicanalista. Vinha de sua avó. A velha era católica demais, ia sempre à missa, falava dos santos e do Juízo Final. Por isso todos ficaram revoltados quando apareceu o tumor.
— Logo ela, que tem tanta fé! Por que Deus faz uma coisa dessas?!?
O rapaz estava entrando na adolescência, e queria compreender a contradição. Se Deus existia, por que deixava sofrer os que criam nele? Seu pai não soube responder:
— Essas coisas transcendem o entendimento, meu filho.
Mas o jovem estava angustiado. Queria se livrar logo da contradição. Resolveu dar a Deus um ultimato:
— Cure minha avó, e acreditarei em Você!
A velha morreu no dia seguinte, logo depois de deixar um bilhete aos netos:
Meus queridos, não esqueçam suas orações.
Todos se comoveram, menos Marcelo, que a essa altura já tinha cedido à descrença total.
— Pobre velha. Morreu com sua ilusão.
— Não diga isso, meu filho!
Por dentro, todos pensavam como ele, mas em público preferiam passar como crentes.
♣
Veio o vestibular, vieram o primeiro carro e a primeira namorada. Marcelo agora acreditava na ciência e nas leis impessoais que regiam o universo. Deus era a ilusão de que os desafortunados precisavam para levar a vida. Ele vivia por outros motivos: as mulheres, por exemplo. Eram gostosas de beijar, de tocar, e cediam facilmente quando estavam bêbadas. Era uma lei da ciência: mulher + álcool + carro = sexo = prazer. Ele só não entendia era por que elas eram tão pegajosas, por que faziam tanta questão da fidelidade. Era mais uma coisa que transcendia seu entendimento. Assim como a rápida ascensão do islamismo no seu país. Marcelo continuava achando que religião não passava de ignorância.
— Essa gente precisa de ilusões cada vez piores… Que tristeza!
Mas, quando soube que os muçulmanos eram polígamos, a idéia imediatamente lhe agradou.
Minhas irmãs me disseram que ela está com os cabelos sujos. Alguém se importa?