blog do escritor yuri vieira e convidados...

Mês: março 2004 Page 1 of 3

Gays tristes

Os gays que se alegraram pleonasticamente com o partido da simpatizante Marta Suplicy precisam abrir os olhos. Veja o que escreveu Tereza Cruvinel, colunista de O Globo: “O BRASIL retirou a moção que apresentara na ONU contra países que discriminam homossexuais. Diz-se que para agradar a países árabes. Os protestos vão chover por aqui”. Onde se lê “Brasil”, leia-se “PT”.

O líder do Hamas

Eis um artigo do Nelson Ascher, colunista da Folha de SP, dos mais críticos e divertidos.

Epa!

Trecho de notícia publicada na UOL, por Carmen Munari: “Apesar de a fábrica da GM empregar 7 mil pessoas, menos de mil puderam ver o presidente (Lula). Todos os empregados que estavam sob a tenda do evento tiveram que ser ‘fichados’, informando previamente o número do documento de identidade”. E o medo de encarar o povo venceu a esperança…

Casa Civil fedida

Taí uma pergunta do Nelson Rodrigues – do conto A Dama do Lotação – que se encaixa perfeitamente bem ao comportamento de certos “funcionários” do Palácio do Planalto: “Como é possível que certos sentimentos e atos não exalem mau cheiro?”

O maior crítico do LU

Estou sempre buscando, sem sucesso, vale dizer, uma pessoa inteligente que tenha lido todo o Livro de Urântia e, ainda assim, não tenha gostado do que leu. Com uma pessoa assim teria ótimas conversas. Mas o problema é que todos que o lêem ou são abatidos logo nas primeiras páginas por seus próprios preconceitos, abandonando a leitura, ou se entregam ao livro de braços abertos. Sim, mais ou menos como eu, após certa resistência, fiz. Mas hoje, passada a euforia, tenho cá minhas críticas. Com quem discuti-las? Por que não com o próprio Príncipe Planetário, aliás, Caligástia (para os íntimos) ou Robert Burgess (para os não-iniciados)? Para ele, o livro não passa de “publicidade dos ditadores do super-universo, os Anciãos dos Dias”, estrangeiros intrometidos. Taí um subproduto do livro bastante interessante. Logo mais tratarei do assunto com a devida atenção.

O verdadeiro porta-voz

A coluna do jornalista Cláudio Humberto, do Jornal de Brasília, está sempre trazendo informações interessantes, de quem está próximo ao poder: “Palavra de ministro influente do governo à coluna: a polêmica entrevista de José Dirceu a O Globo foi autorizada pelo presidente e o Chefe da Casa Civil apenas disse o que Lula queria. Inclusive as críticas a Tasso Jereissati.” Esses politiqueiros são gente maquiavélica mesmo…

Intelectuais

Como sempre, mais um excelente texto do Olavo de Carvalho

O filme do Gibson

Finalmente assisti à Paixão, mas, sinceramente, fiquei decepcionado. Certos detalhes importantes estragaram o todo da obra. E o que tenho a dizer – se é que direi – não tem nada a ver com essa conversa boba de anti-semitismo, de sadismo do diretor, da suposta homossexulidade do diabo, ou coisas do gênero. E olha que fiquei satisfeito e comovido com a representação de Jesus enquanto Deus e homem. Talvez minha crítica não seja senão a de um roteirista a outro. Coisa de chato. Ou seria de urantiano?

Cuidado, Mano Brown!

disse aqui uma vez e repito: Mano Brown, cuidado, de coração, não vá se meter com política. Para este país se reerguer, precisa ser puxado de cima, não pela política, que é do mundo, que é daqui de baixo, mas pelo espírito, que é do Alto. É preciso guardar-se contra a lábia açucarada dos políticos, tenham eles saído do povo ou de uma elite qualquer. No final das contas, não sabem o que fazem. Quando dizem que querem reformar a sociedade, na verdade, “apenas” almejam reformar o homem, e não libertá-lo. O homem já está pronto e a prisão está dentro de cada um, não no mundo. Você tem voz, Mano Brown, e muita gente costuma ouvi-lo, portanto, cuidado, não se deixe usar.

Eu sou do Jardim Prudência, de uma travessa da Avenida Cupecê, e aí cresci, na Zona Sul paulistana. Senti por muitos anos o cheiro da represa Billings e da Guarapiranga nos dias de muito calor. Talvez tenhamos disputado a mesma corrida de carrinho de rolimã, não sou um alienígena. Eu conheço essa região e sei das tentações. Inclusive a da política. Em 98, levei o carro de um amigo a uma oficina do Campo Limpo para trocar a bomba d’água. Ao lado, havia um terreno baldio cercado por muros e, sobre o muro da frente, alguns garotos, rindo e jogando pedras lá para dentro. Eu conversava com o mecânico, surpreso por ele ter a mesma opinião que eu: a revista Planeta não é mais aquela… (Ele tinha uma coleção de Planetas igual à do meu pai, desde os anos 70!) E então chegou um mano, o mesmo que acabara de conversar com os garotos, fazendo-os descer do muro. Perguntei o porquê de toda a euforia. “Você não sabe?”, me disse, “venha dar uma olhada”. De um buraco no muro, vi: um cara, em decúbito dorsal, a garganta e os pulsos cortados, o peito estourado. Puts!, soltei, o que foi que rolou? E o mano: “Dívida de tráfico, véio, não pagou, dançou”. E a polícia?, perguntei. “Ah, daqui a pouco eles tão aí, pra recolher o presunto…”

Claro, tudo isso deixa a gente revoltado, querendo mudanças já. E a gente pensa na política, em alguém consertando (e concertando) as coisas de cima para baixo. Pensa que, se os tentáculos do Estado nos abraçassem e protegessem, ficaríamos melhor. Mas não se engane: quanto maior for o Estado, mais longe estaremos do seu líder, seja ele benévolo ou não. E nenhum líder jamais poderá “derramar seu espírito sobre toda a carne” dos seus subalternos, jamais poderá saber tudo o que pensam e fazem no dia a dia, jamais poderá influenciá-los beneficamente de dentro para fora, não importando quantos espiões, informantes, corregedores e investigadores tenha, não importando qual ideologia defenda. Logo, quem controlará o poder dos pequenos ditadores periféricos? Afinal, não são eles a manifestação do próprio Estado, os efeitos das causas elaboradas no alto escalão? Quem com eles pode? Só Deus poderia, se assim eles quisessem, se assim O aceitassem. Mas estamos cansados de saber que o poder corrompe e que o que tem de ser, será. Nenhum Estado jamais reformará a sociedade, jamais salvará o homem do que quer que seja. Nem mesmo um Estado teocrático, desses que se utiliza da Palavra para justificar suas injustiças e arbitrariedades. A questão é dificílima, não é qualquer molusco político que a resolverá. Dificílima porque não depende de um projeto coletivo, mas da vontade de cada indivíduo.

Enfim, para o país, para o mundo se reerguer, só é necessária uma coisa: confiança. E confiança só existe entre irmãos. Outro dia escrevi a um amigo agnóstico: confiamos um no outro porque vivemos juntos experiências que aproximaram nossos corações. Beleza. Mas como iremos confiar em quem vive do outro lado do Atlântico? Não basta uma ideologia humanista, muita gente já morreu por não se encaixar neste ou naquele conceito de humano. Aliás, não basta qualquer ideologia, afinal nada matou mais no século XX do que as ideologias. Tampouco basta uma religião, muita gente já cometeu atrocidades em virtude da oposição a suas crenças. Para que alcancemos essa fraternidade, e consequente confiança mútua, necessitamos da experiência íntima de termos um Pai espiritual, um Pai de todos. E só. É o único jeito. Uma vez disse ao Ricardo Cruz, editor da Revista da MTV: “Quinho, quero entrevistar o Mano Brown”. E ele: “Pô, velho, vai ser difícil, a gente já tentou pra caramba, o cara não confia na MTV”. E eu: “Mas eu quero conversar sobre Deus, religião, moral, sobre essas coisas.” “Se você conseguir, beleza, mas não boto muita fé não…” Por que isso, Mano Brown? Porque você não conhece quem é aquele que irá entrevistá-lo, não sabe se é seu mano. Vivemos em mais uma época do filho contra pai e pai contra filho. É um época ótima para os políticos: se aproveitam da desconfiança geral no próximo para vender suas receitas de prosperidade. Receitas que dizem basicamente o seguinte: vamos politizar todas as relações humanas. Daí o crescimento do Estado e de seus mecanismos de vigilância para além do necessário. E tal expansão — devido a uma desconfiança básica no próximo — depende diretamente disto: do secularismo, da ausência de uma instância sagrada. Se um líder de governo for um cego espiritual, estamos perdidos. Se for um cego guiando outros cegos, meu Deus, será o fim.

Por isso é que lhe digo, Mano Brown, cuidado com os políticos, não importa quem sejam. Fica com Deus e vigie. A César o que é de César.

Mais um

Depois daquela mulher nos EUA, agora foi a vez de um pastor mineiro partir desta pra melhor enquanto assistia ao filme do Mel Gibson (A Paixão). Isso é que uma obra capaz de provocar verdadeiro pathos. Ainda não a assisti, mas talvez seja bom já deixar o testamento pronto…

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