1) Sim, Hollywood ficou toda prosa com o filme do Al Gore. Contudo, ninguém me tira da cabeça que o cinema americano – com suas enormes explosões, incêndios e tiroteios – é responsável por pelo menos 50% do efeito estufa. O que quer dizer que, se não fosse o cinema deles, a Terra seria mais fresquinha. Sacou? Sem os filmes do Rambo, do governador Schwarzenegger e, sei lá, sem os filmes sobre a guerra do Vietnã, seria possível até mesmo nevar aqui no Centro Oeste. (Na fazenda da minha saudosa avó materna, geava. O tempo passou, a véia morreu e não geia mais.)
2) O Jornal Nacional mostra uma reportagem falando coisas terríveis sobre a poluição dos rios e a porcaria que são as tais garrafas plásticas e demais dejetos não-degradáveis encontrados em meio à natureza. (São mesmo, principalmente quando muito distantes da possibilidade de serem recolhidos e reciclados.) Em sua locução, a Fátima Bernardes faz a mesma cara de quando o Brasil perde um jogo na Copa, aquele olhar de amiga de defunto recém empacotado. Intervalo comercial: Coca-cola, guaranás x, y, e z. Todos em garrafas PET. Volta o jornal e aparece o William Bonner todo sorridente mostrando uma apreensão de toneladas e toneladas reluzentes de CDs e DVDs piratas sendo esmigalhadas por tratores ou seja lá o que for aquele monstro de ferro e aço. O pátio da polícia federal fica repleto de pequenas montanhas de lixo plástico e… alumínio? Não sei. Sei apenas que não falam nada a respeito do destino de tanto lixo. Por que não? Meu Deus! Por que nããão? À noite, a cabeça cheia de circunferências metálicas de brilhos iriados, os olhos teimam em arregalar-se. Tento dormir. Não consigo.
3) Prosseguindo minha pesquisa no Google, volto a encontrar vários sites se referindo ao aquecimento do próprio Sol. (Sim, basta digitar “solar warming“.) Isso me deixa preocupadíssimo, afinal ninguém parece dar atenção ao tema, o Al Gore não passa nem triscando nele, e o Sol impávido segue sua órbita ao redor do centro da Via Láctea, um colosso a ignorar nossos temores. Porra, penso, cadê a ONU? Alguém precisa multar o responsável pelo Sol, ameaçá-lo com uma comissão de astrônomos e, por que não?, de astrólogos. Caso o Sol prossiga com sua maldade, seria necessário enviar os capacetes azuis para tomá-lo de assalto, invadi-lo e fincar lá a bandeira das Nações Unidas. Hmmm. Sim, sim. É fato, os sacanas dos americanos certamente não cederão os foguetes da NASA. The bastards! Será preciso recorrer à Rússia, um povo muito mais racional…
4) Hugo Chávez acusa os futuros produtores de etanol de roubar terras necessárias à agricultura de alimentação, mas não se dá conta de que, segundo aquele pessoal da ONU que o convidou para xingar o Bush de diabo lá em Nova Iorque, o aquecimento global – responsável pela tal desertificação e pelo desarranjo climático destruidor das hortas das velhinhas camponesas de todo o mundo – é supostamente causado pela queima do petróleo que sustenta seu governo corrupto. Ou será que ele já tem a confirmação de que a culpa é apenas do Sol?
paulo paiva
Hehehehehe! Vejam também este artigo sobre a verdadeira Verdade “Conveniente”. Matou a pau.
Ronaldo Brito Roque
Cara, quando eu vi esse filme, a primeira pergunta que me ocorreu foi: Como faço para comprar ações de uma fábrica de condicionador de ar?
Ronaldo Brito Roque
Vou transcrever aqui uma frase de um artigo da Veja sobre os Emirados Árabes.
“no verão a temperatura chega a 50 graus, e não há quem agüente ficar na rua, longe do ar condicionado”.
A reportagem não é sobre aquecimento global, é simplesmente sobre a construção de chópins em Dubai. Mas o que quero destacar é o seguinte: o homem pode perfeitamente viver num lugar que faça 50 graus no verão. Os árabes já fazem isso há séculos. Se começarmos a enfrentar verões assim, o máximo que vai acontecer é multiplicarmos a fabricação e o consumo de condicionadores de ar. Isso vai gerar mais empregos e mais produção. Vai ser bom. Por isso o melhor que cada um pode fazer é simplesmente comprar ações de uma fábrica de condicionador de ar, e ponto final. Alguma outra sugestão?
Abraços,
Rbr