blog do escritor yuri vieira e convidados...

Mês: março 2008 Page 2 of 3

Idéias Geniais

Pelo menos dá um certo alento a gente ver que não é só por aqui que surge este tipo de idéia idiota. Da Folha Online. Talvez haja algum brasileiro ou petista infiltrado lá.

Liverpool ameaça censurar filmes com cena de fumo

da BBC Brasil

O Conselho Municipal de Liverpool, que governa a cidade do noroeste do Reino Unido, está ameaçando impor uma “censura 18 anos” a filmes que contenham cenas de fumantes.

A cidade poderia utilizar leis municipais de licenciamento para tornar mais rigorosa a exibição de filmes com este tipo de conteúdo, informa o repórter da BBC em Liverpool Rowan Bridge.

As ameaças vieram depois que o órgão que classifica as obras cinematográficas no Reino Unido, o BBFC (Comitê Britânico de Classificação de Filmes, na sigla em inglês), indicou que não tem intenção de criar uma regra restritiva com base nas cenas de cigarro.

Por isso, as autoridades liverpudlianas se mostraram dispostas a agir unilateralmente, mesmo sem a cooperação do BBFC.

Elas alegam que a medida poderia evitar que adolescentes sejam seduzidos pela imagem glamourosa do cigarro nas telas.

Liverpool já detém o título nada honroso de capital inglesa do câncer de pulmão, estando entre as localidades com mais taxa de fumantes do Reino Unido.

A organização Now Smoke Free Liverpool, aliada do Conselho Municipal na campanha, diz ter evidência de que metade dos adolescentes americanos que fumam adquiriu o hábito sob influência, entre outros fatores, do que é mostrado nas telas.

Metrô — 12

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Estação Sé, São Paulo

Depois da chuva

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Setor Aeroporto, em Goiânia [dá pra ver a Pração do Avião], há poucos minutos

Vou rifar meu coração

Lindomar

Entre os projetos em andamento em nossa produtora, está o da realização de um documentário sobre o músico Lindomar Castilho, a ser dirigido por mim e pelo Renato Monteiro, sócio da Cantagalo, agência de publicidade e co-produtora do filme.

Rei da música brega e romântica nos anos 70 e um dos maiores vendedores de discos da América Latina, Lindomar fez sua vida desmoronar em 1981 ao assassinar sua segunda mulher, Eliane Grammond, por ciúmes. Condenado, cumpriu sentença de 12 anos, parte em regime fechado, parte em liberdade condicional, no Carandiru e depois em Goiânia.

Seus grandes sucessos incluem “Eu vou rifar meu coração”, “Nós somos dois sem vergonhas”, “Eu canto o que o povo quer” e o hit “Você é doida demais”, popularizado pelo seriado global “Os Normais”.

Hoje à noite, gravaremos um show de Lindomar aqui em Goiânia. Quem quiser aparecer por lá:

LOCAL: Casa de Dança Sanfona de Ouro
HORÁRIO: 21 horas.
ENDEREÇO: Rua 220, 121, Setor Coimbra.

Em breve, informações e reflexões mais aprofundadas sobre o projeto.

Música para cegos

É o Uakti quem fez a trilha sonora do Blindness.

Na Natureza Selvagem

Livro

Sempre gostei dos livros e do estilo de escrita de Jon Krakauer. Foi em 1999, logo depois de traduzir seu “Sobre Homens e Montanhas” para a Companhia das Letras, que li “Na Natureza Selvagem”, seu relato sobre a história de Chris Mccandless, o jovem que abandonou sua família na Virgínia por uma vida na estrada e de aventuras ao estilo dos personagens de Jack London e inspirado por Thoreau e John Muir.

Ontem, fuçando nas minhas coisas, encontrei um artigo que à época escrevi para o jornal “O Popular”. Seu título é “Selvagem é o Concreto”. Tem um tom nostálgico e meio melodramático que dá uma certa vergonha. Infelizmente, só o tenho em papel, mas se tiver saco vou redigitá-lo para algumas reflexões. Pensar se ainda acredito no que dizia há quase dez anos – afinal, em outros campos, mudei radicalmente. Afinal, todo o mundo se encantou e ainda se encanta com as idéias de Thoreau e com uma certa visão romântica da vida liberta na estrada e junto à natureza.

Outro dia, meu amigo Nelson me ligou no meio da tarde. Saía da sessão de “Na Natureza Selvagem”, o filme de Sean Penn baseado na novela de Krakauer (trailer aqui). Quase fora atropelado na Paulista de tão atordoado. Dizia que saíra do cinema pensando em mim. Vá saber por quê.

Cartaz

O livro me causou forte impacto em 1999, e ontem, na expectativa da estréia do filme aqui no sertão, comecei a relê-lo e já não o consigo largar. As perguntas são sempre as mesmas e seguem essenciais, penso: o que realmente vale à pena? Vale trocar as montanhas pela segurança do cotidiano? Em tempo, eu não considero que tenha abandonado as montanhas, mas por ora tenho outras prioridades, antes de retornar a elas.

Chris largou tudo e foi viver no Alaska, depois de rodar metade dos Estados Unidos – a pé, de carona, de canoa. Morreu de inanição em meio ao inverno rigoroso.

Estranhos Critérios

Na Folha de hoje:

ELIO GASPARI

Em 2008 remunera-se o terrorista de 1968

A vítima, que ficou sem a perna, recebe R$ 571; Diógenes, da turma da bomba, fica com R$ 1.627

D AQUI A OITO dias completam-se 40 anos de um episódio pouco lembrado e injustamente inconcluso. À primeira hora de 20 de março de 1968, o jovem Orlando Lovecchio Filho, de 22 anos, deixou seu carro numa garagem da avenida Paulista e tomou o caminho de casa. Uma explosão arrebentou-lhe a perna esquerda. Pegara a sobra de um atentado contra o consulado americano, praticado por terroristas da Vanguarda Popular Revolucionária. (Nem todos os militantes da VPR podem ser chamados de terroristas, mas quem punha bomba em lugar público, terrorista era.)
Lovecchio teve a perna amputada abaixo do joelho e a carreira de piloto comercial destruída. O atentado foi conduzido por Diógenes Carvalho Oliveira e pelos arquitetos Sérgio Ferro e Rodrigo Lefèvre, além de Dulce Maia e uma pessoa que não foi identificada.
A bomba do consulado americano explodiu oito dias antes do assassinato de Edson Luís de Lima Souto no restaurante do Calabouço, no Rio de Janeiro, e nove meses antes da imposição ao país do Ato Institucional nº 5. Essas referências cronológicas desamparam a teoria segundo a qual o AI-5 provocou o surgimento da esquerda armada. Até onde é possível fazer afirmações desse tipo, pode-se dizer que sem o AI-5 certamente continuaria a haver terrorismo e sem terrorismo certamente teria havido o AI-5.
O caso de Lovecchio tem outra dimensão. Passados 40 anos, ele recebe da Viúva uma pensão especial de R$ 571 mensais. Nada a ver com o Bolsa Ditadura. Para não estimular o gênero coitadinho, é bom registrar que ele reorganizou sua vida, caminha com uma prótese, é corretor e imóveis e mora em Santos com a mãe e um filho.
A vítima da bomba não teve direito ao Bolsa Ditadura, mas o bombista Diógenes teve. No dia 24 de janeiro passado, o governo concedeu-lhe uma aposentadoria de R$ 1.627 mensais, reconhecendo ainda uma dívida de R$ 400 mil de pagamentos atrasados.
Em 1968, com mestrado cubano em explosivos, Diógenes atacou dois quartéis, participou de quatro assaltos, três atentados a bomba e uma execução. Em menos de um ano, esteve na cena de três mortes, entre as quais a do capitão americano Charles Chandler, abatido quando saía de casa. Tudo isso antes do AI-5.
Diógenes foi preso em março de 1969 e um ano depois foi trocado pelo cônsul japonês, seqüestrado em São Paulo. Durante o tempo em que esteve preso, ele foi torturado pelos militares que comandavam a repressão política. Por isso foi uma vítima da ditadura, com direito a ser indenizado pelo que sofreu. Daí a atribuir suas malfeitorias a uma luta pela democracia iria enorme distância. O que ele queria era outra ditadura. Andou por Cuba, Chile, China e Coréia do Norte. Voltou ao Brasil com a anistia e tornou-se o “Diógenes do PT”. Apanhado num contubérnio do grão-petismo gaúcho com o jogo do bicho, deixou o partido em 2002.
Lovecchio, que ficou sem a perna, recebe um terço do que é pago ao cidadão que organizou a explosão que o mutilou. (Um projeto que re- vê o valor de sua pensão, de iniciativa da ex-deputada petista Mariângela Duarte, está adormecido na Câmara.)
Em 1968, antes do AI-5, morreram sete pessoas pela mão do terrorismo de esquerda. Há algo de errado na aritmética das indenizações e na álgebra que faz de Diógenes uma vítima e de Lovecchio um estorvo. Afinal, os terroristas também sonham.

A Guerra de Charlie Wilson

Jogos do Poder

Assisti ontem a “Jogos do Poder”, intitulado originalmente “Charlie Wilson’s War”. O filme de Mike Nichols conta a história real do deputado democrata Charles Wilson e seu papel fundamental no apoio à guerrilha mujaheedin no Afeganistão em sua luta contra a brutal invasão soviética. De forma inédita, Wilson, que era membro do subcomitê no Congresso responsável pelo orçamento da CIA e de outros órgãos de inteligência, conseguiu mobilizar cerca de 300 milhões de dólares convertidos secretamente em armas para os afegãos por meio de uma impensável parceria entre Israel, Egito, Paquistão e Arábia Saudita.

O que torna ainda mais irônico o episódio são os hábitos de Wilson, um admitido farrista e mulherengo, consumidor de cocaína e uísque aos litros. Por suas aventuras, à época de suas articulações pela ajuda ao Afeganistão, ele sofreu um processo de investigação comandado por um promotor chamado Rudolph Giuliani, que acabou não dando em nada porque a única testemunha que afirmava tê-lo visto cheirando, disse que o fato de dera nas Ilhas Caimã, fora da jurisdição da promotoria.

O filme começa com Gust Avrakotos, o agente da CIA – magistralmente interpretado por Philip Seymour Hoffman – responsável pelas operações no Afeganistão tentando contar a Wilson uma história sobre um mestre zen que reflete o ponto de vista do filme e a grande lição sobre a ação americana em outros países, algo fundamental quando um dos temas mais quentes do debate eleitoral americano gira justamente em torno da retirada ou não das tropas do Iraque. Só ao final da história, entretanto, ele a consegue completar. Num pequeno vilarejo, um garoto ganha um cavalo e se rejubila: “que lindo cavalo! Que ótimo!”. Ao que o mestre responde: “Veremos”. Logo, o menino sofre um acidente com o cavalo e machuca severamente a perna, lamentado-se pela desgraça. O mestre zen mais uma vez diz: “veremos.” Uma guerra se instala na região e todas as crianças são recrutadas, menos o menino, pelo problema na perna. O menino fica feliz e o mestre retruca: “veremos”.

Derrotados os soviéticos, enquanto todos comemoravam, Avrakotos era quem dizia: “veremos”. Era hora de apoiar a reconstrução de um Afeganistão arrasado, mas todos os esforços do próprio Wilson foram em vão. Era bem mais fácil conseguir dinheiro para armas. O resultado foi a ascensão dos talibãs ao poder e o resto da história todos conhecemos.

O filme aborda com ironia e visão satírica o enredo verdadeiro de realpolitik. Foi bom apoiar a guerrilha e expulsar os soviéticos? Veremos. Sabe-se lá o que teria acontecido, tivessem eles consolidado seu domínio no Afeganistão? Dali poder-se-ia seguir uma aventura no Iraque, no Irã e sabe-se lá para onde mais. Expulsos os comunistas, pelo outro lado, o caminho nos leva diretamente ao talibã, à Al Qaeda, a Osama Bin Laden e ao 11 de setembro.

Gostei bastante do filme, embora não seja nenhuma obra prima. As interpretações são geniais e os diálogos impagáveis. O melhor, sobretudo, é o final interrogativo: foi bom?

Na América Latina, a vida imita a arte

A Folha de hoje noticia que o exército equatoriano tem um serviço de garotas de programa para “aliviar a barra” dos soldados em operações na selva. Vargas Llosa inspirando a vida.

Até soldados carregaram “lembranças”

DA ENVIADA ANGOSTURA

A cena do bombardeio visitada ontem pela comissão da OEA já era o resultado das intervenções pós-ataque das forças colombianas e equatorianas e ainda das caravanas de jornalistas que passaram pelo local desde 1º de março. Os próprios militares carregavam “lembranças”.
Na quarta-feira, primeiro dia em que a Folha visitou a área, um soldado se esforçava para arrancar um aplique com o rosto de Che Guevara de uma tenda militar. Destroços foram movidos de lugar e a chuva modificava as crateras deixadas pelas bombas. A OEA minimizou as alterações, dizendo que sua vistoria era “política” e não técnica.
O Exército equatoriano fez um esforço para dar à imprensa acesso ao local. A repórter pernoitou em um acampamento militar. Os soldados queriam contar as agruras da selva e seus atenuantes. Um deles é um “serviço de garotas”, gerido pelo Exército, mas pago com desconto no soldo, como em “Pantaleão e as Visitadoras”, de Mario Vargas Llosa.
Ex-responsável pelo serviço, o capitão Pablo Cortéz aceitou o satisfeito o apelido de “Pantaleão equatoriano”. “Católico que sou, vivia xingando as prostitutas. Agora sei que elas têm um trabalho difícil e muito útil”, justificou. As mulheres recrutadas pelo Exército ganham US$ 4 por programa, disse Cortéz, e há as que saem com até US$ 3.000 depois de 15 dias de serviço. “O nosso salário em média é de US$ 600.” (FLÁVIA MARREIRO)

Namaste [final]

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Sadhu, homem santo hindu, em Varanasi, Índia. Clique nesta foto para ver o álbum completo de Índia, Nepal e Paris

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