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O ataque do clone

Dia desses recebi um pedido estranho via Orkut: uma leitora do meu blog queria meu telefone para confirmar se eu era eu mesmo. “Como assim?”, perguntei, “é claro que eu sou eu”. Sim, algo estranho devia estar acontecendo, mas eu tive de especular com ela um pouco mais para entender o estranho pedido. Na minha vaidade, já que ela era uma garota bonita, pensei que se tratava de algum tipo de cantada, mas, na verdade, a coisa era mais bizarra: ela vinha conversando no MSN com um sujeito que dizia ser eu. Ou melhor: ele nunca usava meu nome, mas apenas minhas experiências, meus relatos e minhas idéias. Parece que tudo começou numa conversa sobre Hilda Hilst em algum bate-papo UOL, conversa essa que continuou no Second Life, e o cara, segundo consta, dizia ter morado com a escritora na Casa do Sol, tal como eu morei, e vinha utilizando informações retiradas — segundo a garota pôde descobrir ao pesquisar no Google — do meu blog, dos meus textos, podcasts e assim por diante. (Impressionante como o assunto “Hilda Hilst” atrai gente maluca…) Ou seja: esse cara deve ser uma espécie de fã número 1 (vide o filme Uma Louca Obsessão), um psicopata que sabe tudo sobre mim e tenta me usar para se dar bem por aí. E o pior de tudo é que, segundo ela, a voz dele até se parece com a minha e, na webcam, tem o mesmo tipo físico. (Se bem que, no momento, não estou usando cavanhaque e ele, sim — mas eu postei fotos de cavanhaque no Orkut faz pouco tempo…) Enfim, esse não é meu primeiro “clone” a aparecer por aí — eu tinha sósias até na Universidade, e meus colegas costumavam me zoar por isso –, mas este é o primeiro a não apenas se parecer comigo mas a também querer se fazer passar por mim. A coisa acabou assim: enviei meu telefone para a figura e ela me telefonou no momento em que conversava com o cara na webcam do MSN. (Na ocasisão, eu estava no Glória cercado de gente, enquanto ele estava num quarto silencioso.) E, assim, ela o desmascarou.

Sempre soube dos riscos de se abrir a própria vida na internet e nos livros, mas essa situação me deixou bastante apreensivo. Imagine se nego comete algum crime enquanto se faz passar por mim! Tá louco. Se bem que a idéia daria uma boa história policial…

E já que você deve acompanhar meu blog, caro clone, fique sabendo que já estou a par de suas atividades. Cuidado!

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1 Comment

  1. Que viagem, hem!
    a internet é uma selva!!

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