Passei o fim de semana em Juquehy [clique na foto], praia bacana no litoral norte de São Paulo. Foi ótimo, diga-se. O lance foi a volta, na segunda-feira de manhã. É estranho passar pela Anchieta-Imigrantes. Depois da inauguração das novas pistas há uns 2 anos, o sistema ficou ainda mais impressionante.
Ao subir a Serra do Mar, vê-se um enorme complexo de pistas suspensas, encravadas no meio da mata preservada da reserva. Sem falar dos longos túneis que transpassam a montanha. No início da via, avista-se bem lá no alto o trajeto de curvas a percorrer; já em cima, bem lá embaixo o percurso vencido. Engenharia em seu sentido mais nobre. Às vezes fico extasiado com a capacidade humana.
O “estranho” a que me referi ali em cima é o que se vê além e depois disso. E por que motivo conseguimos construir algo tão impressionante e, ao mesmo tempo, o que há em seguida.
De início, cruza-se Cubatão. Preciso dizer algo? Além do complexo industrial e suas inúmeras chaminés erguidos no pé da serra, existem no meio dela os chamados bairros Cota, áreas de ocupação desordenada, sem infra-estrutura adequada. São, digamos, difíceis de ver — imagine então viver lá, entre a autopista de alta velocidade e fluxo intenso, o maior complexo industrial do País e uma serra coberta de vegetação. Sem falar no dano ambiental já causado e o que está por vir, pois essas ocupações não param de crescer.
Quase no fim da Imigrantes, aparece a Represa Billings, de onde se tira água para 1,2 milhão de pessoas no ABC. Em suas margens, ocupações, ocupações, ocupações… Quase todas irregulares, claro. Você deixaria perto do seu filtro algo que sujasse a água que você bebe? Pois é…
No caminho de casa, pego a Marginal do Pinheiros. O rio malcheiroso vai dar em seu colega urbano, o Tietê, hoje um rio totalmente canalizado em seu trecho na capital — por sorte, não preciso pegar a Marginal do Tietê.
Você sabia que o Tietê corre para o interior do País? Inacreditavelmente, a maior, mais populosa, mais industrial e mais poluidora cidade do Brasil despeja seus dejetos num rio que não vai para o mar. Em resumo, São Paulo não consegue nem se livrar da própria merda.
No Brasil é tão fácil estragar um fim de semana perfeito…