blog do escritor yuri vieira e convidados...

Autor: daniel christino

Montaigne

Sempre adiei a leitura desse cara. Dos franceses em geral. Com excessão de Balzac, Proust e Valéry, não tenho paciência com os franceses. Flaubert também me impressionou, mas já passou. Sempre fui mais alemão nas minhas escolhas. Só que me caiu nas mãos “Montaigne em Movimento” do Starobinski. Comprei num sebo juntamente com “Hamlet – Poema Ilimitado”, do Harold Bloom, provavelmente o único intelectual pós-moderno que o Yuri gosta (é isso mesmo, leitor e admirador de Paul de Man, o papai da crítica literária pós-moderna na América).

Pornografia para intelectuais

Sentiu a sutileza???

Faremos qualquer coisa…

…para que vocês participem mais.

Minha contribuição

Vamos participar meninas

Criaturas e caricaturas

Por um motivo ou por outro estou lendo A última tentação de Cristo do Nikos Kazantzakis. Livro indexado pelo Vaticano como herético e blasfêmico. Ainda não vi motivo. Mas o trecho que transcrevo a seguir pareceu-me relevante neste imbróglio sobre criaturas e caricaturas.

Hamas

Não falta ironia ao destino. Primeiro, o linha dura Sharon peita o likud e retira assentamentos judeus da palestina (talvez o maior passo dado, até hoje, em direção à paz na região); agora o hamas vence as eleições para o parlamento palestino. Imediatamente o ácido clorídrico começou a borbulhar nos estômagos ocidentais. “Como pode haver um Estado palestino entregue a um grupo terrorista?” disse Reinaldo Azevedo, do Primeira Leitura. “A primeira coisa é assegurar que o Hamas trabalhe dentro desse quadro: os acordos de Oslo, o mapa do caminho, a idéia de dois Estados convivendo pacificamente”, disse o primeiro ministro do Egito. “Se o hamas não reconhecer o estado de Israel, não há diálogo” disse, por sua vez, o primeiro ministro de Israel, Ehud Olmer. Bush disse ver “com preocupação” a ascenção dos terroristas ao poder. Pois é, a autonomia do povo palestino passa pelo governo do Hamas. A democracia na palestina igualmente. Viva a democracia!!

Controle, controle, controle…

Este post pretende complementar o post do Yuri sobre a necessidade dos Estados – acho que até meio independente dos partidos a navegá-los – de manter controle sistêmico sobre seus cidadãos. Niklas Luhman (que o pessoal da sociologia deve conhecer bem) gostava de comparar o “sistema” Estado ao “sistema” indivíduo, afirmando que ambos deveriam chegar a um eqüílibrio necessário: se há Estado demais, o indivíduo desaparece e estamos sob um regime totalitário; se há indivíduo demais, o Estado desaparece, e estamos na barbárie.

Pois é, agora os Estados Unidos, bastião do liberalismo (se anárquico ou não eu deixo pro Paulo falar) mundial, estão querendo controlar o que dizem e escrevem seus cidadãos e, pasmem, com a aquiescência dos mesmos. Segundo notícia do Estadão, “mais da metade dos americanos se mostraram favoráveis a que o Governo conte com uma ordem judicial para obter informações secretas de seus cidadãos”. Em que medida uma ordem judicial poderia garantir a liberdade individual do cidadão é um mistério, mesmo assim é uma barreira formal que acabará caindo. Se quisermos ser um pouco mais sofisticados em qualquer análise política, não convém identificar atores reais com valores morais rígidos (bem e mal), ou perderemos a heurística dos conceitos.

A curva do mundo

Ano passado (2005) eu vi a curva do mundo. Aos 32 anos finalmente viajei de avião. Fiquei imaginando aqueles senhores da virada do século XIX para o XX, experimentando seu primeiro vôo aos 50, e entendi o deslumbre que se seguiu com a capacidade tecnológica do homem, com a técnica. Um monstro de ferro e fibra de carbono pesando mais do que algumas toneladas levantar do chão é mesmo um assombro.

O espelho opaco

Sempre achei a amizade uma tonalidade afetiva ambígüa. Há uma polifonia semântica no termo que me exaspera. Se, por exemplo, assumo uma perspectiva social, a amizade – como disse Aristóteles – é uma espécie de argamassa das relações entre os indivíduos. Uma relação orientada a fins e determinada por afinidades socialmente relevantes como a coragem ou a justiça, mas que nada tem a ver com a comunicação entre espíritos. Não há vestígio algum daquele arrebatamento pelo outro de que fala o Pedro Novaes. Esse tipo de coisa, esse estar “face a face” com a alteridade, só consigo vê-lo quanto assumo a perspectiva privada, individual. Aí sim, amizades são eletivas, arrebatadoras e desinteressadas.

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