Continuo procurando loucamente uma cópia da carta “From New York to Paulo Francis”, escrita pelo Glauber Rocha, aliás engraçadíssima, na qual ele explica porque Nova York é, como toda grande cidade, um mero agrupamento de cidades do interior, de tribos e pequenas províncias. Depois ele fala de grandes criadores que nunca botaram o pé fora de seus países e da roda-viva dispersante que tais viagens podem efetivamente ser. Se alguém tiver uma cópia dessa carta, por favor, me envie porque há anos não consigo encontrar a que eu tinha. Sempre achei o Glauber melhor escritor que cineasta.
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Foi realmente uma experiência das mais interessantes apertar a mão do Zé do Caixão horas antes da entrega do Oscar…
Passei uma semana com meu amigo Pedro Novaes, na Chapada dos Veadeiros, rodando a primeira parte de um documentário idealizado por ele. Excelente viagem!
Falando em livros que não recomendo a ninguém, também quero desrecomendar A ratazana, um tijolo de mais de 400 páginas do Günter Grass, que li como quem curte uma azia ou uma má digestão. Fique longe dele, é muito pentelho. Vc encontrará apenas as meditações de uma ratazana a explicar por que os ratos herdaram a Terra dos malditos humanos. Parece interessante, mas não é. Os capítulos que narram os protestos dos personagens de contos de fadas – chapeuzinho vermelho, Lobo mau, João e Maria, etc. – contra a devastação ambiental da Floresta Negra, só pode empolgar mesmo a um militante do Green Peace. Não tem graça. Como alguém pode usar uma linguagem, que beira o desenho animado, sem humor? Tá doido, muito pé no saco. Anos atrás, assisti a uma adaptação do livro O Tambor, do mesmo autor. O filme é muito interessante, embora já não me lembre com muita exatidão das peripécias do tal garoto que não cresce. Já o livro, se for tão seco e teutônico quanto A ratazana, tampouco me interessa.
[Ouvindo: Stand by Me – The Beatles
“Eu tentei criar uma experiência visual, que ultrapassasse os limites verborrágicos e penetrasse diretamente no subconsciente com conteúdo emocional e filosófico… Eu tive a intenção de que o filme fosse uma experiência intensamente subjetiva, que alcançasse o espectador em um nível interno de consciência, como faz a música… Você é livre para especular como quiser sobre o significado filosófico e alegórico do filme.”
(Stanley Kubrick)
Dei muita risada – graças às viagens do roteirista Gerald Di Pego – e tomei muito susto – graças à direção de Joseph Ruben – com o filme Os Esquecidos, (The Forgotten). Ótimo filme pipoca. Claro que poderia ser visto como um subproduto da triologia Matrix. A mesma idéia gnosticista de um Demiurgo e tal. Mas é divertido, funciona como entretenimento. As, digamos, defenestrações planetárias são hilariantes. Vale a pena.
Ainda não assisti a Kill Bill 2 porque apenas anteontem assisti ao primeiro filme. Ri muito no início, quando a filha da “vilã” volta da escola no meio da briga da mãe com a “mocinha”, e estas duas fingem, em meio a cortes, hematomas e destroços da sala, que estavam apenas conversando. Puro Tarantino. Depois acabam as contorções do roteiro – especialidade do cara – e o filme fica no visual, o que é entediante. Quase dormi na luta de espadas do restaurante. Matrix 2, 3, Tigre e o Dragão, ai, que sono. Certamente é um filme melhor de rodar que de assistir. De tirador de sarro de narrativas triviais Tarantino corre o risco de virar um narrador de trivialidades. Bonitas, fashion, mas trivialidades. Vamos ao segundo episódio para conferir.
Enquanto isso, na Colômbia, os culturaholics de Medellín assistem a uma retrospectiva da obra de Glauber Rocha.
Cada vez que vejo um desses filmes infestados de pirotecnias fico mais convencido de que HollyWood é responsável por pelo menos metade do tal efeito estufa…
Acabo de assistir ao filme “8 miles”, do Eminem. E, quer saber?, curti muito. Nada como substituir, num duelo, a pistola pela língua. Nenhuma arma ganha da palavra sincera. O chumbo vem da matéria, a palavra vem do espírito. Toda matéria morre, o espírito vivifica. Aliás, dizem que foi assim a tal “Guerra nos Céus”: de um lado o rapper Gabriel, do outro, Lúcifer. Até o Srimad Bhagavatam fala dessa batalha. As armas eram Mantras. Mantras são palavras. Foi a maior confa deste Universo…