blog do escritor yuri vieira e convidados...

Categoria: escritores Page 22 of 31

Wikipedia

Eu nunca havia tido interesse em contribuir com a Wikipedia. Mas desde que vi, na versão portuguesa, a completa ausência de qualquer referência à querHilda amiga, dei um jeitinho nisso. Aliás, dia 21/04 foi aniversário dela. (Será que vcs acessam a Internet daí de Marduk, Hilda? E a tal transcomunicação?)

Casa do Sol 2

Trecho de outro email que enviei lá da Casa do Sol ao Mora Fuentes, que estava em São Paulo:

a hilda acabou de ir se deitar. hoje ela pintou as unhas de vermelho. disse q não faz isso desde q era moça. verdade? e o bruno “tolenta” [tolentino] tá sendo super procurado, mil neguinhos ligando e ele nada. o antônio diz q ele tá de retiro espiritual num canto qualquer da bahia. ah, o caco tá na cadeia. esta manhã entrou numas com o zidane e a coisa ficou feia. a hilda não agüentou e mandou o chico prendê-lo. ele tá latindo direto até agora. ele tem sorte de não estar em cela comum, mas nessa primeira, junto com a lilí, a lalá e a panda. a vida às vezes é muito dura, caco meu velho…

Casa do Sol

Estou feliz. Finalmente descobri um programa – MailNavigator – que recuperou os emails que eu escrevia lá da Casa do Sol, residência da Hilda Hilst. Eis o trecho de um deles, endereçado ao Mora Fuentes:

“hoje, quando acordei, fui encontrar a hilda passeando pelo jardim, sozinha. aliás, sozinha não, com o cajado dela. estava com um ar extático, dizendo-se deslumbrada com as coisas q andou lendo sobre transcomunicação. almoçamos às duas, ou seja, bem mais cedo q de costume”.

Bruno Tolentino

Eu não fazia a mínima idéia de quantas reminiscências – relativas às conversas com o Bruno lá na casa da Hilda – a leitura de “Meditações sobre os 22 Arcanos Maiores do Tarô” (autor anônimo) me traria. Tenha ou não consciência disso, o Bruno Tolentino é o perfeito exemplo de “hermetista cristão” do qual o livro faz a apologia.

Mulher do padre

Pra mim, quem não lê as colunas semanais do Olavo de Carvalho é mulher do padre. E olha que, de fato, conheço alguns padres nem um pouco celibatários…

A ratazana

Falando em livros que não recomendo a ninguém, também quero desrecomendar A ratazana, um tijolo de mais de 400 páginas do Günter Grass, que li como quem curte uma azia ou uma má digestão. Fique longe dele, é muito pentelho. Vc encontrará apenas as meditações de uma ratazana a explicar por que os ratos herdaram a Terra dos malditos humanos. Parece interessante, mas não é. Os capítulos que narram os protestos dos personagens de contos de fadas – chapeuzinho vermelho, Lobo mau, João e Maria, etc. – contra a devastação ambiental da Floresta Negra, só pode empolgar mesmo a um militante do Green Peace. Não tem graça. Como alguém pode usar uma linguagem, que beira o desenho animado, sem humor? Tá doido, muito pé no saco. Anos atrás, assisti a uma adaptação do livro O Tambor, do mesmo autor. O filme é muito interessante, embora já não me lembre com muita exatidão das peripécias do tal garoto que não cresce. Já o livro, se for tão seco e teutônico quanto A ratazana, tampouco me interessa.

[Ouvindo: Stand by Me – The Beatles

Médium?!

“Aí por fim de março (se não me engano) comecei a ser médium. Imagine! Eu, que (como deve recordar-se) era um elemento perturbador nas sessões espíritas que fazíamos, comecei, de repente, com a escrita automática. Estava uma vez em casa, de noite, vindo da Brasileira, quando senti a vontade de, literalmente, pegar numa pena para fazer rabiscos. Nessa sessão comecei a pôr a assinatura (bem conhecida de mim) ‘Manoel Galdino da Cunha’. E nem de longe estava pensando no tio Cunha. Depois escrevi uma coisa sem relevo nem interesse nem importância. De vez em quando, umas vezes voluntariamente, outras brincando, escrevo.”
(Fernando Pessoa, em carta à sua tia Anica, 1916. Citado por Jorge Rizzini, no livro Escritores e Fantasmas.)

J. J. Benítez

O grande trunfo de J.J. Benítez, enquanto ficcionista, foi ter sido o primeiro a se inspirar no Livro de Urântia para escrever seus livros, principalemente a série Operação Cavalo de Tróia e a Rebelião de Lúcifer. E o irônico é não haver versões desses livros em inglês, já que a Fundação Urântia, segundo li por aí, ameaçou processá-lo por plágio. (Veja na Amazon, não há traduções desses livros para o inglês.) É como o Papa querer processar Kazantzakis, Norman Mailer ou Saramago por seus respectivos “evangelhos”. Puro absurdo.

Uma carta de Eugene O’Neil

“Cumpre ao dramaturgo, hoje em dia, cavar até às raízes do mal moderno tal como o sente – a morte do antigo Deus e o fracasso da ciência e do materialismo em apresentar um outro Deus que satisfaça ao primitivo instinto religioso sobrevivente, a fim de que nele o homem encontre um sentido para a vida, com o qual se conforte dos temores da morte. Qualquer pessoa que atualmente tente realizar uma grande obra, parece-me, deve ter este magno assunto por detrás de todos os pequenos assuntos de suas peças e novelas, ou estará simplesmente arranhando a superfície das coisas, não pertencendo senão à categoria dum proporcionador de divertimentos de salão.”
(Eugene O’Neil em carta dirigida a um amigo.)

Outra carta de Yeats

“Tudo vai bem com George Russel. O seu fantasma não se comunicará porque não tinha relações humanas e apaixonadas que o chamassem para trás. Minha mulher disse-me uma destas noites: ‘George Russel era a pessoa mais próxima de um santo. Tu és melhor poeta, mas não és santo’. Suponho que cada um tem de escolher na vida o seu caminho.”
(William Butter Yeats em carta dirigida a Dorothy Wellesley, em 1935, por ocasião da morte de George Russel.)

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