blog do escritor yuri vieira e convidados...

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Hebe Camargo das letras

Outro dia estava ao telefone com um amigo, também escritor – inclusive premiado pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) – quando ele começou a me contar um fato picante que rolou entre ele e uma famosa escritora. De repente ele estacou no que dizia e soltou: “Peraí, Yuri, não vai botar isso no seu blog não que você já tá parecendo a Hebe Camargo da literatura…” Essa foi boa, até hoje dou risada. Mas não vou contar qual Prêmio Nobel da literatura latino-americana é um maconheiro inveterado e nem qual escritor brasileiro – ainda vivo (vivíssimo) – já foi líder de uma sociedade secreta. (Não, não se trata do Paulo Coelho.) Sou bem informado, mas também tenho meus princípios… 😀

Informe-se, terráqueo!

No conto Tlön, Uqbar, Orbis Tertius, de Jorge Luis Borges, a fantástica enciclopédia sobre o planeta Tlön consegue mudar a face da Terra. Contudo, não era real, mas sim criada por uma sociedade secreta, bancada por um milionário sob a condição de “não compactuar com o impostor Jesus cristo”. O Livro de Urântia, por sua vez, também é praticamente uma enciclopédia. Quem o escreveu? Ninguém sabe. Mas adivinhe com quem ele compactua…

Marilene Felinto 1

Senhor, abra os olhos dessa mulher. Como é possível alguém interpretar as coisas de forma tão canhestra? E pensar que eu mesmo já curti a leitura de seus artigos… Mas nunca me esquecerei da fracassada “entrevista histórica” que essa figura pretendeu realizar com a Hilda Hilst. Eu estava presente, assisti a tudo. Sua mentalidade politiqueira ficou diminuída diante da aristocracia espiritual da senhora H.

Rachel de Queiroz diz adeus ao caos

Ontem faleceu Rachel de Queiroz. Exatamente uma semana antes, ao folhear o exemplar número 10 da revista Grandes Acontecimentos da História (Editora Três), de Março de 1974, dei com este depoimento da escritora cearense a respeito do regime militar (o negrito é meu):

Rachel de Queiroz

Não caberá em 20 linas uma tentativa de síntese dos prós e contras à Revolução de 31 de Março. Vamos antes ressaltar um dos aspectos que a distinguem entre os demais movimentos regeneradores havidos no Brasil e no mundo: é que esta Revolução nossa, nem durante o seu deslanchar, nem depois, na fase de consolidação, jamais suscitou aparecimento de um chefe carismático, um salvador. Escapou assim da fatalidade obrigatória às revoluções de esquerda e de direita, que é se cristalizarem em torno de um ditador, líder ou caudilho. Pois até no Chile, onde o comunismo se pretendia instalar “por via democrática”, o malogrado Allende se ia configurando como homem-símbolo, insubstituível.

O IPTUzão de Hilda Hilst

Como você se sentiria se ganhasse pouco menos de dois mil reais por mês e ainda estivesse devendo quinhentos mil de IPTU? Eu, por exemplo, já estaria pirado, ou recebendo as visitas de sob a cama, ou caçando vereadores com estilingue. (Posso até ver suas testas cravejadas de mamonas embebidas em curare.) Sim, porque a situação seria muito surreal, digna de um conto do excelente José J. Veiga, com direito a cobradores astrais – daqueles que vêm nos cobrar nos sonhos – e Castelos gulaguianos para onde seriam enviados todos os kafkas inadimplentes. Claro, a não ser que você seja um especulador imobiliário profissional, tal dívida hipotética não passa de um absurdo… Mas eis que, ontem, meu amigo José Luis Mora Fuentes, escritor, que se divide entre seu apê, em São Paulo, e a Casa do Sol, chácara da escritora Hilda Hilst, me deu essa notícia chocante: a dívida de IPTU da Hilda já atingiu o lindo montante de R$500.000,00! Dá pra imaginar?

A lucidez de Fernando Pessoa

Fernando PessoaPessoa sempre afirmou ser um neurastênico (categoria muito difundida hoje em dia), sendo, além disso – eis seu diferencial – capaz de criar uma personalidade para cada sentimento que lhe acometesse: “Dar a cada emoção uma personalidade, a cada estado de alma uma alma”, escreveu. Daí seus heterônimos. Mas a lucidez, não sendo uma emoção, mas um “enxergar apesar de toda emoção”, não era uma prerrogativa do, digamos, Álvaro de Campos. Bernardo Soares era, como “outros Pessoas”, muito lúcido também. Veja como ele possuía, na primeira metade do século vinte, a clara noção do estado de coisas que se prolonga até os nossos dias:

Fábulas de Leonardo da Vinci

Eu já disse diversas vezes que a política me causa terríveis náuseas, tanto como esses vinhos doces e baratos que, em nossa adolescência, nos fizeram rolar pelo chão, cheios de vertigens e promessas de não mais repetir a dose. Grande parte dos políticos vivem de embriaguês, tanto a deles quanto a do povo. Semana passada, a revista Época finalmente publicou uma matéria dando a verdadeira face do MST. Quem leu ou o livro “Doutor Zhivago” ou o os escritos do Che Guevara sabe que a mobilização dos camponeses sem terra – a princípio legítima e digna de toda atenção – não é senão, quando em mãos de politiqueiros revolucionários, mais uma forma de embriagar e atordoar o restante da sociedade. É um perigo. Sempre o mesmo papo totalitarista da coletivização dos meios e modos de produção. Sempre o mesmo papo anti-indivíduo, anti-iniciativa individual, anti-liberdade humana. Bom, não estou a fim de voltar a essas coisas podres, a essa gente que insiste em se apegar a idéias mortas e comprovadamente falíveis. (Quantos não morreram no século XX devido a tantas boas intenções?) Basta a leitura dessa fábula do Leonardo da Vinci para se compreender a total falta de bom senso dessa gente:

Vintila Horia

Leia abaixo alguns fragmentos, de autoria do escritor romeno Vintila Horia (1915-1992), extraídos do livro “Viagem aos centros da Terra“:

“Estamos a viver um tempo em que ninguém já morre pela sua , mas em que, pelo contrário, é a fé dos outros que nos está a matar…”

“Há dois mistérios capazes de atrair a morte e de a aniquilar: escrever e amar, experiências originárias e últimas, a morte da morte…”

“Um intelectual maneja conceitos que não lhe pertencem, vive das idéias dos criadores; é o que é o técnico no mundo da ciência. E ele é que domina num mundo em que deviam ser os criadores a dominar.”

Swedenborg e o Livro de Urântia

Coloquei em meu site a conferência de Jorge Luis Borges sobre Emanuel Swedenborg, o cientista e político sueco que, em pleno século XVIII, afirmava ter visitado os “céus” e os “infernos” em projeções astrais, tendo escrito, nos seus últimos vinte e cinco anos de vida, uma série de livros com seus relatos. No mesmo texto o leitor ainda encontrará notas que escrevi, cotejando as experiências de Swedenborg com o conteúdo do Livro de Urântia. Caso alguém prefira, o texto pode ser baixado para leitura no Acrobat Reader.

Deus tem um Plano

Leia este texto extraído do Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa – sob o heterônimo Bernardo Soares -, e veja o que ele diz a respeito do mal e da existência mais que lógica de um Plano Divino.

(Tal texto encontra-se na quarta parte do livro: “O sonho tem grandes cinemas”.)

Ah, claro, é preciso levar em consideração a fina ironia de Pessoa quando equipara os homens aos animais: é como se dissesse que a vida do homem ignorante, do bruto, apenas agrega experiências ao Ajustador da Presença Divina, sem guardar nada para si mesma. E mais: o corolário de todo esse texto é, percebemos claramente, a necessidade de uma Revelação para não cairmos na sandice de negar, apenas por estar fora de nosso alcance, aquilo que ainda não conhecemos.

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