blog do escritor yuri vieira e convidados...

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O melhor manual de roteiro

Recebi o email de um internauta querendo saber qual é, na minha opinião, o melhor manual para confecção de roteiros. Olha, pra ser sincero, acho grande parte dos “manuais” que rolam por aí inúteis, uma vez que a maioria apenas se limita a listar mil e um termos técnicos e mostrar a diferença entre sinopse, argumento, roteiro cena por cena, decupagem técnica, etc. e tal. Tudo isso se aprende simplesmente escrevendo um roteiro, trabalhando. O melhor a fazer é comprar o roteiro de um filme que se curta – como o Pulp Fiction, que é fácil de encontrar – e lê-lo. Se quiser dicas de como estruturar uma história, como envolver o público, causar pathos, etc. leia então o melhor manual já escrito: A Poética, de Aristóteles. Platão dizia que a realidade é uma “mímese” do mundo das idéias, uma imitação. E a arte seria uma imitação da realidade. Na Poética, Aristóteles mostra como se dá a imitação dos “atos” humanos na epopéia, tragédia, comédia, etc. É uma leitura que vale a pena. Claro, se você já se tocou de que não basta imitar os atos, senão também o interior humano, leia os “roteiros” do melhor “roteirista” que existiu: Shakespeare. Quanto à formatação, resolva o problema adquirindo o Final Draft ou o Movie Magic Screenwriter. E pronto. O resto se resume em não esquecer a regra de ouro – “escreva somente o que pode ser visto e, se necessário, ouvido” – e em não encher o saco do diretor escrevendo literariamente, afinal, um roteiro de cinema é como um roteiro de viagem: é preciso dar espaço para que o verdadeiro viajante – o diretor – possa criar. Se um roteiro fosse literatura, seria literatura minimalista.

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P.S.: Não deixe de ler o post “O melhor software para roteiristas“.

[Ouvindo: Manguetown – Chico Science]

Meu exemplar do Cânone

Se eu continuar nessa minha dureza acabarei tendo de leiloar no Mercado Livre meu exemplar de “O Cânone Ocidental” (Harold Bloom). O fato de a Hilda Hilst o ter enchido de rabiscos e anotações provavelmente o torna caro aos fetichistas culturais de plantão. 🙂 Sim, também o emprestei ao poeta Bruno Tolentino – que aliás foi colega de Bloom em Essex – quem talvez tenha deixado algumas marquinhas e impressões digitais… “Ah”, já dizia Dostoiévski, “o dinheiro… essa coisa maldita que a mim tanta falta faz…”

Ironias

Engraçado, foi só eu citar, numa entrada anterior, os livros que ando lendo que já apareceu uma ex-namorada – amiga querida – pedindo que eu lhe devolva um dos referidos. Coisas da Internet…

Ale Faljone

Estou lendo o livro “Memórias de um suicida”, psicografado por Yvonne A. Pereira e supostamente transmitido pelo escritor luso Camilo Castelo Branco. Coincidentemente faz um ano que o Ale Faljone, editor da revista Simples, enforcou-se em sua casa. (Aliás, na mesma época em que eu, sem saber do que rolava na cabeça do figura, coloquei neste site dois textos sobre suicídio do Dostoiévski.) Nos encontramos várias vezes no estúdio do qual fui sócio, em SP, e almoçamos juntos três ou quatro vezes. O cara era bacana. Pelas descrições do livro, deve estar passando por uns maus bocados. Que ele se abra à Luz.

Livros, livros…

Eis alguns dos livros que, nesses últimos meses, estive lendo – alguns ainda estou(*) – e que recomendo a todos: “Sir Richard Francis Burton (biog.)”, de Edward Rice; “Rumo à estação Finlândia”, de Edmund Wilson; “Poesia”, de Jorge de Lima; “O Céu e o Inferno”*, de Emanuel Swedenborg; “Livro do Desassossego”, de Fernando Pessoa; “Albertina Desaparecida”*, de Marcel Proust ; “Uma paixão no deserto”, de Honoré de Balzac; “A força sexual ou o dragão alado”, de Aïvanhov; “Autobiografia de um Iogue contemporâneo”, de Paramahansa Yogananda; “Por dentro do III Reich”, de Albert Speer; “Sri Isopanishad”, tradução de Bhaktivedanta Swami Prabhupada; “Memórias de um suicida”*, de Yvonne A. Pereira; “Lao Tsé”, (biografia recebida por Inspiração Especial e anônima); “Ideário de Glauber Rocha”, de Sidney Rezende (organizador); “Filosofia e Cosmovisão”*, de Mário Ferreira dos Santos, “John Ford (biog)”, de Luis de Pina e, claro, o “Livro de Urântia”.

Projeciologia

Gente, acabo de ganhar o livro “Projeciologia – panorama das experiências da consciência fora do corpo humano”, do Waldo Vieira. É provavelmente o livro mais completo a tratar do assunto. Em duas palavras: vamos respeitar!!!

Eu odeio terráqueos!!

Só pra avisar que esse meu livro on line está com novo visual. Quem quiser conferir, clique aqui. Aos que estão sempre me indagando sobre a continuação, por favor, tenham calma. Estou reestruturando a história. (Ou, dizendo melhor, é ela quem está me reestruturando…)

[Ouvindo: DJ Marky Mark – Prodigy Medley]

A morte dos presidentes

O texto abaixo também foi retirado daquele meu livro de cabeceira da infância: “O Grande Livro do Maravilhoso e do Fantástico” (Reader’s Digest).

Os assassínios dos presidentes Abraham Lincoln e John F. Kennedy estiveram ligados por uma espantosa série de coincidências.

Abraham Lincoln foi eleito pela primeira vez para o Congresso em 1846. O mesmo aconteceu a John Kennedy exactamente 100 anos depois. Lincoln foi eleito como 16.º presidente dos EUA no dia 6 de Novembro de 1860. Kennedy foi eleito como 35.º presidente a 8 de Novembro de 1960. Após a sua morte, sucederam a ambos homens do Sul com o nome de Johnson, respectivamente Andrew Johnson, nascido em 1808, e Lyndon Johnson, em 1908. John Wilkes Booth, o homem que matou Lincoln, nasceu em 1939, enquanto Lee Harvey Oswald, o assassino de Kennedy, nasceu em 1939. Eram ambos homens do Sul e foram abatidos a tiro antes de serem julgados.

Booth cometeu o seu crime num teatro e correu depois para um armazém. Oswald disparou contra Kennedy da janela de um armazém e refugiou-se num teatro.

No dia em que foi assassinado, Lincoln declarou a um guarda, William H. Crook: “Creio que há homens que me querem tirar a vida… E não tenho dúvida de que o farão. Se tem de ser feito, é impossível impedi-lo.”

E Kennedy, insuspeitadamente, disse a sua mulher, Jackie, e ao seu conselheiro pessoal, Ken O’Donnell: “Se alguém quiser realmente matar o presidente dos Estados Unidos, não lhe será muito difícl. Tudo o que tem a fazer é subir um dia a um edifício alto, com uma espingarda de mira telescópica, e nada poderá evitá-lo.”

Esse “dia” foi esse mesmo dia. Kennedy foi morto duas horas e meia depois.

Lincoln e Kennedy, ambos reconhecidos defensores dos direitos civis (embora o Lincoln fosse um totalitarista, digo eu, Yuri), foram mortos a uma sexta-feira, atingidos na nuca. As mulheres acompanhavam-nos.

Lincoln foi assassinado no Teatro Ford. Kennedy num automóvel fabricado pela Ford Motor Company – modelo Lincoln.

Outra infeliz coincidência é que Lincoln tinha um secretário de nome Kennedy, que o aconselhou a não ir ao teatro de Wasshington nesse dia fatal… E Kennedy tinha um secretário chamado Lincoln, que o desaconselhou fortemente de ir a Dallas.

[Ouvindo: Seven Steps to Heaven – Miles Davis]

O Livro de Urântia

Um dos livros mais impressionantes que já li em toda a minha vida é O Livro de Urântia, o qual se apresenta como uma revelação epocal mas que poderia muito bem ter sido criado por uns três ou quatro Jorges Luises Borges. Sim, porque somente uma sociedade secreta – como a descrita no conto Tlön, Uqbar, Orbis Tertius – poderia chegar a escrever semelhante texto. (Além, é claro, dos supostos mandatários de Deus.) Mas a grande diferença entre o conto e o livro é que, enquanto no conto borgeano há a exigência por parte do patrocinador de que o “Orbis Tertius” não seja cúmplice do “impostor Jesus Cristo”, no Livro de Urântia Jesus é exaltado de maneira nunca antes vista. Ali, Jesus é mostrado como o próprio Filho Criador do “Universo Local”, o que faz com que ele tenha soberania espiritual sobre milhares e milhares de planetas semelhantes à Terra (chamada pela “comissão reveladora” de Mundo da Cruz ou Urantia). Por outro lado, também somos informados de que, assim como Jesus, existem outros setecentos mil Filhos Criadores, todos governantes espirituais de um Universo Local!

O livro, com suas duas mil e cem páginas, está sudividido em quatro partes principais:

I – O Universo Central (também chamado de Universo Mestre ou Modelo, já que é nele que os Filhos Criadores se inspiram) e os Supra-Universos;
II – O Universo Local;
III – A História de Urântia;
IV – A vida e os ensinamentos de Jesus, (que, aliás, supostamente inclui TODOS os passos de sua fantástica vida humana).

O calhamaço passaria talvez por ser um livro base para criação de RPGs (Role Playing Game), afinal, descreve não somente todas as hierarquias celestes, mas também a organização e constituição de toda a Criação Divina, o que foi a Rebelião de Lúcifer, quem era o Príncipe Planetário, quem é o Monitor Misterioso que vive em nossas mentes, quem realmente foram Adão e Eva (os quais, quando aqui chegaram, já encontraram montes e montes de tribos e raças), como é a vida num planeta vizinho e, enfim, o principal: qual é o papel que nós, seres evolucionários do tempo-espaço, temos, caso queiramos, a desempenhar em todo esse incrível drama universal. Bom, nem preciso dizer que, se um dia esse livro se tornar tão difundido quanto o Orbis Tertius de Borges, certamente mudará, como este faz no conto, toda a face da Terra. E creio não estar exagerando. A soma de seu conteúdo extremamente sedutor e persuasivo com nosso sentimento de orfandade cósmica é pura dinamite…

Mais tarde tratarei das obscuras origens desse livro – ocorrida entre 1925 e 1935 – e colocarei, neste site, um texto no qual faço uma analogia entre ele e o conto Tlön, Uqbar, Orbis Tertius (1940) de J. L. Borges. Também tento mostrar como a leitura de Krishnamurti pode ser um excelente antídoto contra a fuga da Realidade que esse livro, ao contrário da intenção de seus autores, é capaz de ser – isto é, se não for lido integralmente. E é sempre bom dizer que o Livro de Urântia, sendo enorme como é e tão cheio de temas e “informações” polêmicas e cabeludas, precisará de mais mil comentários para dar uma mínima noção de seu conteúdo. A propósito: eu o estou lendo desde 1997…

Se quiser você poderá lê-lo na Internet, o que, em vista de seu tamanho, me parece bastante incômodo. Bom, leia pelo menos o índice completo em espanhol, em inglês ou em francês, e depois me diga: não é puro Realismo Fantástico?

P.S.: Saiu a versão em português.

[Ouvindo: Superbooster – The Infinity Project]

O fantasma de Dante Alighieri

Dante AlighieriO texto abaixo foi extraído de um dos livros de cabeceira da minha infância: “O Grande Livro do Maravilhoso e do Fantástico” (Seleções do Reader’s Digest).

“Quando, em 1321, Dante Alighieri morreu, não foi possível encontrar partes do manuscrito da sua obra-prima, A Divina Comédia. Durante meses, os seus filhos, Jacopo e Piero, revistaram a casa e todos os papéis do pai.

“Tinham desistido da busca quando Jacopo sonhou que vira o seu pai vestido de branco e inundado de uma luz etérea. Perguntou à visão se o poema fora completado. Dante acenou afirmativamente e mostrou a Jacopo um local secreto no seu antigo quarto.

Tendo como testemunha um advogado amigo de Dante, Jacopo dirigiu-se ao local indicado no sonho. Por detrás de um pequeno cortinado fixado na parede encontraram um postigo.

“No interior do esconderijo havia alguns papéis cobertos de bolor. Retiraram-nos cuidadosamente, limparam-nos com uma escova e conseguiram ler as palavras de Dante. Assim se completou A Divina Comédia. Se não fosse uma visão fantasmagórica surgida num sonho, um dos maiores poemas do mundo teria provavelmente permanecido incompleto.”

P.S.: Leia A Divina Comédia, aqui.

[Ouvindo: Endorphin – Satie 1]

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