blog do escritor yuri vieira e convidados...

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Ex Libris

Dia desses o Túlio Caetano fará um Ex Libris para mim. Claro, primeiro alguém precisa dizer a ele que eu gostaria muito e me sentiria muito honrado se ele fizesse um Ex Libris para mim. Bom, espero que ao menos este blog lhe diga isso, pois, assim que o recado chegar até ele, precisarei aguardar apenas uns quinze anos para que ele encaixe tal encomenda em sua movimentada agenda. Ah, esses artistas perdidos pela França…

Para quem não sabe, Ex Libris é aquele selo que colocamos em nossos livros para distigüi-los dos alheios. Significa mais ou menos isto: “Dentre os Livros [que fulano possui este é um exemplar]”. Veja, por exemplo, como era o Ex Libris do Santos Dumont:

Podcasts literários

Eis uma lista com links para 286 podcasts cujo tema central é literatura. Parece que o único brasileiro é o meu. (Coitado do meu. Tão pobrezinho.)

Tocando o Vazio

Tocando o Vazio é dessas histórias que nos fazem pensar, em todos os sentidos, sobre limites. Quais são os limites do ser humano, em termos físicos e mentais? Até onde nosso corpo é capaz de nos levar? Até que ponto a mente comanda o corpo? E, mais que isso, onde termina o ser humano? Que estranhas conexões etéricas guardamos com o mundo que nos cerca e com o universo? Como explicar uma saga de sobrevivência que desafia todas as possibilidades? Como dar conta das inexplicáveis intuições que guiam o ser humano numa jornada cara a cara com a morte? Por que certas pessoas, como Joe Simpson, insistem em viver, quando outros submetidos às mesmas situações, já teriam passado desta para melhor?

Mais uma vez, a vida imita a ficção…

Em 1960, o escritor argentino Adolfo Bioy Casares, comparsa de Borges, escreveu Diario de la guerra del Cerdo. Neste livro, as ruas de Buenos Aires são tomadas por uma implacável onda de violência perpetrada por gangues de jovens contra idosos. Toda a ação deste romance perturbador é vista da perspectiva solitária e angustiada de Isidoro Vidal, pacato aposentado, e seus amigos.
Com um arrepio na espinha, leio a manchete da página A23 da Folha de hoje: “Argentina vive onda de violência contra idosos”.

Polzonoff entrevista Ferreira Gullar

Muito boa a entrevista que Ferreira Gullar concedeu a Paulo Polzonoff Jr. Vale a visita.

Duas gotas de vingança

Minha boca tem agora um gosto metálico, por isso temo que ela rejeite meu beijo. Estamos deitados no tapete, ouvindo a música que ela não quer cantar. A nudez é um detalhe que não chega a cobrir a formalidade dos nossos gestos. Sexo assim é melhor não fazer, eu sei. Mas achei que se a penetrasse romperia a barreira de silêncio que ela ergueu para se proteger. Estúpido engano. Tudo que consegui foi afastá-la ainda mais, para dentro de um limite menor e mais duro. Quando a música termina, eu me levanto para desligar o aparelho. Só então percebo a tristeza machucada dos seus olhos. É uma menina, apesar dos braços grossos. Eu peço novamente que cante. Talvez ela possa me perdoar, agora que acabo de descobrir sua infância insuspeitada. Ela abre a boca. Penso que finalmente ouvirei sua voz, segundos antes de levar a mordida. Meu sangue escorre pelas pernas. Vejo sua vingança consumada no tapete onde a possuí. Entrego-me aos seus braços, sem a menor esperança. A visão me falta, percebo que vou desmaiar, mas agora que sou um menino machucado, agora que ela também conhece minha infância, seu perdão me cobre como um sudário. Na escuridão do nosso encontro, finalmente ouço sua voz: ela canta para se despedir.

Uma crônica da Hilda Hilst

Tenho até hoje, em meu HD, diversos arquivos com os livros de poesia, crônicas e teatro da Hilda Hilst, afinal, fiz as vezes de secretário dela por dois anos lá na Casa do Sol. Se nunca falo sobre eles é porque há os tais direitos autorais, cujo herdeiro, Daniel Mora Fuentes, é filho dum amigo. (Em geral, eu respeito direitos autorais.) Aliás, tenho alguns livros do Bruno Tolentino também, cujos originais eu mesmo enviei ao editor dele, via email, lá da Casa do Sol. Infelizmente o Bruno é o cara mais escorregadio que eu já conheci – nunca fica muito tempo no mesmo lugar – e, por isso, não voltei a encontrá-lo para solicitar autorização de divulgar o que quer que seja. (Na verdade, eu queria mesmo é participar, com ele, de mais um preparo de feijoada, daqueles em que, enquanto cortávamos a couve, falávamos de C.S.Lewis e T.S.Eliot. Mas isso é outra história…)

Bom, encontrei a crônica abaixo – Bizarra, não?, da Hilda – num desses arquivos. Fala da relação da escritora com seus leitores e amigos. Salvo engano, faz parte do segundo volume da coletânea de crônicas Cascos e Carícias, originalmente publicadas no Correio Popular de Campinas-SP.

A tragédia do estudante…

Do artigo A tragédia do estudante sério no Brasil, do Olavo:

A inteligência, ao contrário do dinheiro ou da saúde, tem esta peculiaridade: quanto mais você a perde, menos dá pela falta dela.

Para quem optar por tornar-se um autodidata…

O processo é trabalhoso, mas simples: cumprir as tarefas tradicionais do estudo acadêmico, dominar o trivium , aprender a escrever lendo e imitando os clássicos de três idiomas pelo menos, estudar muito Aristóteles, muito Platão, muito Tomás de Aquino, muito Leibniz, Schelling e Husserl, absorver o quanto possível o legado da universidade alemã e austríaca da primeira metade do século XX, conhecer muito bem a história comparada de duas ou três civilizações, absorver os clássicos da teologia e da mística de pelo menos três religiões, e então, só então, ler Marx, Nietzsche, Foucault. Se depois desse regime você ainda se impressionar com esses três, é porque é burro mesmo e eu nada posso fazer por você.

Uma ilustração do Túlio Caetano

O Abominável Homem do Minhocão

Enquanto nosso ilustrador esteve ocupado com o Festival de Angoulême, não vimos sinal dele por aqui. Para compensar, eis uma ilustração que ele fez para meu conto O Abominável Homem do Minhocão.

Sobre Homens e Montanhas

Sobre homens e montanhas.jpgÉ preciso fazer propaganda em benefício próprio. Eu traduzi “Sobre Homens e Montanhas” (em inglês “Eiger Dreams”), juntamente com Rosita Belinky e Cláudio Sussekind. Na verdade, eu e Rosita havíamos sido contratados pela Companhia das Letras como revisores técnicos, mas o Cláudio abriu mão do trabalho após alguns capítulos exatamente por causa do onipresente jargão montanhístico.

O Krakauer, mais conhecido por seu polêmico “No Ar Rarefeito”, em que relatou de forma muito criticada a tragédia de 1996 no Everest, é um jornalista, escritor e escalador de mão cheia. Seus artigos são escritos num ritmo muito divertido e conseguem, ao mesmo tempo, ser engraçados e captar com profundidade o lado humano e as motivações por trás da escalada.

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