Categoria: literatura Page 25 of 49
Em 1997, um relâmpago de indignação cruzou o céu nublado da vida universitária brasileira. No Rio de Janeiro, Pedro Sette Câmara quase foi linchado (leia aqui) ao divulgar seu artigo onde provava que os politicamente corretos da Semana da Consciência Negra é que se comportavam como racistas. Em São Paulo, Julio Daio Borges publicava seu desabafo-manifesto “A Poli como Ela é“, causando polêmica entre seus colegas e professores e o reconhecimento quase solitário do jornalista Luis Nassif. Quanto a mim, em Brasília, eu finalizava o livro A Tragicomédia Acadêmica – Contos Imediatos do Terceiro Grau, iniciado em Outubro de 1996, que não foi senão minha vingança literária contra a modorra e a alienação que nos são incutidas pelas universidades (estudei em três delas).
Escreveu Cláudio Humberto, em sua coluna de hoje:
O escritor Ariano Suassuna roubou a cena, na posse do deputado Eduardo Campos (PE), neto de Miguel Arraes, na presidência do PSB. Contou causos e fez uma revelação: sempre votou e continuará votando em Lula.
Isto me lembra o que me disse o Bruno Tolentino, em 1999, lá na casa da Hilda Hilst: “O Suassuna é sobretudo um cangaceiro intelectual…” Acho que o Bruno tem razão. Depois de tudo o que já vimos nessa infinita crise política, só mesmo um bandoleiro da moral para revelar algo assim. Votar no Lula?! Errar duas vezes é o que mesmo? E errar sempre? Que a Compadecida se compadeça dele.
Nossa, que coisa. Estou listado entre os 8.557 poetas brasileiros ainda à solta por aí. (Eu, claro, sou o Yuri V. Santos.) Bem, a lista é fruto duma pesquisa de Leila Míccolis para o Blocos online. Agora só falta o governo adotá-la e começar a nos cobrar impostos por estarmos assim, poetando livremente. (Eu obviamente deveria ser preso, pois enquanto poeta sou uma falcatrua, totalmente 171..)
Eis um ótimo banco de dados, de onde é possível baixar mais de mil ebooks, além de jogos, tutoriais, artigos, etc. (A área de eBooks é um verdadeiro sebo…)
Cá entre nós – não conte para ninguém – a melhor personagem da Lygia Fagundes Telles é a empregada que ela finge ser quando não está a fim de atender ao telefone. Hilda Hilst já havia me falado a respeito, mas houve um dia em que confirmei a tática:
“A dona Lygia num tá! Acho que foi ver o filho dela…”, diz a escritora, sem me reconhecer, com uma voz das mais engraçadas.
“É o Yuri, Lygia, o amigo da Hilda Hilst…”, e aí a gente percebe a figura engolindo em seco. Instantes de hesitação.
“Seo Yuri, desculpe, eu digo préla que o senhor ligô”, retorna a personagem um tanto quanto sem graça.
“OK, então. Não se esqueça de mandar um beijão para ela, viu?”
Ela desliga. Sorrio: “A fama é mesmo uma gaiola de ouro”, já dizia o cantor argentino Facundo Cabral…
Uma amiga me contou que, anos atrás, costumava despertar fora do corpo, isto é, “sofria” projeções astrais espontâneas e involuntárias. (Sim, no jargão da psicologia, alucinações.)
“Que demais!!”, eu disse.
“Demais nada, quase morria de medo…”
E descreveu o pânico que sentia cada vez que isso rolava e a ansiedade que ia nutrindo por acreditar que enlouquecia, por achar que estava perdendo seus parafusos um a um. Nessas ocasiões, nunca saía de seu quarto e muito menos de perto da cama. Fechava os olhos e rezava para voltar ao aconchegante corpo.
“Ai, era horrível!”
Mas um dia, abriu os olhos e viu um desconhecido em seu quarto, parado bem aos pés da cama: “E aí? Quer ir comigo na Biblioteca de Alexandria?”
“E você foi?”, perguntei eu, empolgadíssimo.
Monteiro Lobato (1882-1948) leu Nietzsche (1844-1900) e sua vida então mudou: finalmente tornou-se ele mesmo. Nietzsche leu Monteiro Lobato e… nunca mais foi o mesmo.
Eis um interessante artigo de Aluizio Alves Filho – Nietzsche e Lobato – que pode servir de ponto de partida para quem quiser estudar a influência que o primeiro exerceu sobre o segundo.