blog do escritor yuri vieira e convidados...

Categoria: Arte Page 96 of 112

Igualdade

“A obsessão de igualdade dos demagogos é mais perigosa que a brutalidade dos galões… embora para o anarca as duas coisas sejam meramente teóricas, porque igualmente as repele. O oprimido pode voltar a se erguer, caso tenha conservado a vida. O homem igualado fica arruinado física e moralmente. Quem é diferente não é nosso igual. Eis uma das causas das freqüentes perseguições aos judeus.
Iguala-se por baixo, como o barbear, a derrubada de árvores ou a instalação de baterias. Às vezes, o espírito do mundo parece se transformar em um arrepiante Procusto: alguém leu Rousseau e começa a praticar a igualdade cortando cabeças ou, como dizia Mimie le Bon, ‘fazendo rolar os abricós’. Em cambrai, as execuções da guilhotina serviam de aperitivo para a ceia. Os pigmeus encurtavam as pernas dos negros de estatura elevada para igualá-la à sua. Os negros brancos nivelavam as línguas cultas.”
Eumeswil, Ernst Jünger.

Valor do trabalho

“Estavam falando do sentido autêntico do trabalho, daquilo que o Domo denominava seu ‘gênio’. Ele afirmava que o trabalho no qual este gênio aflora, seja o de um entalhador, de um pintor ou de um ourives, valia ‘seu peso em ouro’ e deveria ser pago de acordo com este valor.”
Eumeswil, Ernst Jünger.

Soldo e ouro

“‘Que o soldo é, não digo fictício, mas efetivo – isto é, está vinculado a uns lucros – nota-se bem no mundo do trabalho. No caso extremo, num blecaute, o soldo carece de valor ao passo que o ouro o conserva e até aumenta.’ (…) O anarca está do lado do ouro, mas não se deve tomar isto como se tivesse sede de ouro. Reconhece no ouro o poder central, imutável. Ama-o, não como Cortés, mas como Montezuma, não como Pizarro, mas como Atahualpa: são estas as diferenças entre o fogo plutônico e o resplendor solar, tal como era adorado nos templos do sol. A qualidade mais apreciada do ouro é sua luz: difunde-se apenas com sua existência.”
Eumeswil, Ernst Jünger.

Ouro e Estado

“Que o ouro é melhor, o homem sabe e a mulher melhor ainda; e este saber sobreviverá aos Estados, por muitos que sejam os que desmoronem e floresçam.
Tirar o ouro dos indivíduos, negar-lhes o direito a ele, eis o que tentam os Estados, enquanto o indivíduo procura escondê-lo de suas vistas. Querem ‘o melhor para ele’… por isso lhe tiram seu ouro e o armazenam em cofres e pagam com papel, cujo valor diminui a cada dia.
Quanto mais domesticado é o homem, mais se deixa enganar por qualquer mentira. Mas o ouro é digno de fé. Tem seu valor em si, nele não há engodo.”
Eumeswil, Ernst Jünger.

Mercado

“É uma verdadeira festa dar uma volta pelo mercado semanal(…). O mercado produz uma excitação vital, um torvelinho de liberdade e prazer. É o autêntico centro da sociedade… Tirar-lhe a liberdade e a abundância é o que tenta o Estado. Basta visitar o cemitério e o mercado de uma cidade para saber se tudo está em ordem, física e metafísica.”
Eumeswil, Ernst Jünger.

Deuses

“Não há dúvida que os deuses apareceram, não só nos tempos primitivos como também mais tarde, na história. Comeram e combateram conosco. Mas de que serve para o faminto o esplendor de banquetes já passados? De que serve ao pobre o tilintar do ouro que percebe através do muro do tempo? O que se pede é sua presença.” Eumeswil, Ernst Jünger.

No Orkut

Aos que leram meu livro “A Tragicomédia Acadêmica”, e que também estão no Orkut, deixo aqui meu convite para participar da comunidade Comédia da vida universitária. []’s

Novo domínio

Não, ao falar de “novo domínio” não me refiro a política, cultura ou religião. Apenas quero anunciar meu novo domínio internético – karaloka.net – no qual se encontra o mesmo site de sempre. Eu e meus ex-sócios do Projeto Solte Sua Imaginação – o fotógrafo paulistano Dante Cruz (atual www.pulsestudio.com.br) e o VJ Alexis Anastasiou – decidimos nos separar amigavelmente. A administração do nosso site estava um desgoverno só, com muito cacique pra pouco índio.

Os chatos dos irmãos Caruso

Estou chocado: não existe nenhum site chamado “Eu odeio os irmãos Caruso”!!! Será possível que ninguém ainda percebeu que esses caras não têm a mínima graça? Meu Deus, há anos já que dou uma chance ao Paulo Caruso — sou gente boa — e tento encontrar pelo menos um sorriso em suas charges da revista Isto É, mas é impossível, o resultado chega a ser deprimente.

Às vezes penso que, se eu fosse um deputado do PDT, do PT (ou sei lá o quê), talvez eu até conseguisse um esgar dublê de sorriso. Mas não adianta, mesmo que você se interesse por política não achará graça alguma. Os caras desenham muito bem, fazem ótimas caricaturas, mas são incapazes de roteirizar por si mesmos. (Bom, verdade seja dita: o Chico é menos ruim que o Paulo.) E afinal, quem? Mas quem mesmo já conseguiu rir daquelas animações pentelhas durante o Jornal Nacional?? Parece até coisa do Andy Kaufman, que fazia piadas para que apenas ele mesmo desse risadas, mas não é: o Paulo é tão bobo (ou ishperto, vai saber) que acredita ser, para os outros, realmente engraçado!

E o pior de tudo: ele e o irmão ainda cantam (com uma voz cavernosa tão terrível quanto a minha), tocam piano e se acham compositores! Caraca, é realmente incrível. Em 2002 ou 2001, sei lá, assisti a uma apresentação desses dois lá no Teatro Nacional de Brasília. (Aliás, não fosse esse “show” e eu nem me daria ao trabalho de escrever este texto, afinal, chargista ruim é um elemento da natureza, há em todos os cantos.) Enfim, havia um estrangeiro com quem conversei que, mesmo falando um ótimo português, não entendia por que aquilo era engraçado para os demais. Do Monty Phyton qualquer um no mundo inteiro pode rir, mas desses dois? O show deles é puro engajamento político, pura catequese revolucionária, uma coisa chatérrima, e se você não souber as últimas fofocas daquele deputado do qual nunca ouviu falar… onde encontrará motivo para rir? Quando o artista é bom, por mais elementos políticos que ele venha a injetar em suas obras, elas acabarão por sobreviver a estas ideologias e convicções, o que, claro, não é o caso deles. E o “show” dos caras, em Brasília, não passava de um monte de frases feitas e comentários que só um militante da UNE poderia achar graça. (É evidente que muita gente — sim, muita gente, a maioria da minha querida UnB — ria, mas com aquele tipo de riso inteligentinho e cínico, saca?, o mesmo com que aquele apresentador rechonchudo e de óculos do Jornal Nacional finge achar graça das animações. Eu e minha querida Míriam Virna, com quem fui ao tal “show”, ficamos de cara com a deformação causada pela política no senso de humor das pessoas.)

Mas, enfim, o problema dos Caruso é que, no fundo no fundo, eles são é uns operários do desenho que, por rebeldia ideológica, não aceitam um patrão que pudesse lhes dar um par de boas idéias para realizar. Vezenquando podem até acertar — a evolução é para todos — mas o que esses figuras deveriam mesmo fazer é ir trabalhar para o Maurício de Souza…

[Ouvindo: Night in Tunisia – Miles Davis]

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Esclarecimento:

Entendam bem: não sou nem um palerma e muito menos tenho preguiça de pesquisar, de ler. Eu respeito o traço dos Caruso, já disse, eles desenham muito bem. Mas mesmo entendendo as piadas logo de cara, ou após me informar sobre as últimas fofocas políticas, continuo achando os caras sem graça. É uma questão de narrativa e, por que não dizer?, de estética. Não conseguem fazer cócegas no meu entendimento. E se o objetivo de uma charge é apenas fazer pensar, ao invés de fazer rir, tanto pior, porque ao final só me vem um pensamento: por que essa charge está na seção de humor da revista? E, aliás, só achei que mereciam um “Eu odeio…” depois de assistir ao vivo ao show da dupla. É de lascar, pura propaganda lulística, revolucionária não no sentido da revolução armada, claro, mas no da eterna mania de achar que o Estado pode transformar nossa vida pra melhor, ou seja, uma balela. Se não fosse por isso, tudo bem, realmente tem gente mil vezes pior do que eles por aí. Mas é que eu sempre pensei que um chargista deveria ser o mais imparcial possível. Quando um político faz uma besteira, merece dois tratamentos dos Caruso: se for, por exemplo, o Lula, é tratado com um carinho servil; se for algum idiota não petista, aí sim, o cara é mesmo idiota. E, enfim, esse “eu odeio…” não pretende ser um atentado pessoal, já que a conotação raivosa do termo “odiar” fica diluída no já famoso “eu odeio qualquer coisa” presente em vários sites da Internet. É apenas uma crítica. Vai saber, os caras devem ser gente boa pessoalmente, o que não quer dizer que sejam tão bons na charge quanto o Angeli, o Glauco, o Laerte, o Henfil, o Millôr, etc., que são engraçados sem precisar de temas exclusivamente políticos, que são engraçados além de nos fazer pensar. (Principalmente o Henfil, é claro, que já me fez dar vexame na Biblioteca da UnB e da UFG, deixando-me roxo de tanto rir.) Na verdade, meu erro foi dar uma abordagem de crítica de arte àquilo que não é arte de forma alguma. Por isso pego pesado. (Sem falar que eu havia tomado uns dois cafés e assistido, no Jornal Nacional, a uma certa animação que muito me desanimou…)
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P.S.: Escrevi o esclarecimento acima após receber uma mensagem, bastante educada e sentida, da esposa de um dos irmãos Caruso. Desculpe se fui duro, J., mas o sentimento despertado em você por minha crítica é mais ou menos aquele que uma charge deveria causar à elite política que nos comanda. Com uma única diferença: fazendo rir aos demais.

Por que escrevo

Escrevo porque são palavras, se fossem apenas sons, musica-los-ia…

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