blog do escritor yuri vieira e convidados...

Categoria: Cotidiano Page 44 of 58

Lua cheia na Vila

14jan6, 20h46

Zeste Szego de Zeveja

Ontem, aqui em casa, demos uma contribuição sem precedentes para o avanço da Ciência Etílica. Convidamos alguns amigos para um teste cego de cervejas. A metodologia adotada e os resultados são apresentados abaixo.

Foram utilizadas 12 marcas: as mais tradicionais Bohemia, Brahma, Antarctica e Skol, as criticadas Nova Schin, Kaiser, Bavária Premium, Primus e Colônia, além das obscuras Krill, Glacial e Santa Cerva. O único membro não-alcoólatra do grupo foi chamado a servir de facilitador.

O teste aconteceu em duas rodadas, com seis marcas cada, mesclando marcas mais conhecidas e obscuras aleatoriamente. O resultado é que, ou ninguém entende patavina de cerveja ou a cerveja nacional é um lixo só, ou os dois, o que é mais provável.

Capitalizar a pobreza

Parece que o melhor negócio, para o Brazil, é capitalizar a sua pobreza, seja ela mental ou material. Se enriquecendo nossas lindas idéias se acabam, enriquecer para quê? Depois de ver a propaganda dessa FavelaShop, no Adsense deste blog, passei a ter certeza disso. (Já havia o tal bar Favela em Paris, né, nenhuma novidade portanto.) Mas essas coisas se multiplicam mais e mais a cada dia. Acho que também abrirei uma loja em Londres, uma livraria, a Lula’s Books…


De Juquehy ao Tietê

Juquehy, 8jan6, 20h11Passei o fim de semana em Juquehy [clique na foto], praia bacana no litoral norte de São Paulo. Foi ótimo, diga-se. O lance foi a volta, na segunda-feira de manhã. É estranho passar pela Anchieta-Imigrantes. Depois da inauguração das novas pistas há uns 2 anos, o sistema ficou ainda mais impressionante.

Ao subir a Serra do Mar, vê-se um enorme complexo de pistas suspensas, encravadas no meio da mata preservada da reserva. Sem falar dos longos túneis que transpassam a montanha. No início da via, avista-se bem lá no alto o trajeto de curvas a percorrer; já em cima, bem lá embaixo o percurso vencido. Engenharia em seu sentido mais nobre. Às vezes fico extasiado com a capacidade humana.

O “estranho” a que me referi ali em cima é o que se vê além e depois disso. E por que motivo conseguimos construir algo tão impressionante e, ao mesmo tempo, o que há em seguida.

De início, cruza-se Cubatão. Preciso dizer algo?

A tela

Uma coisa curiosa tem me acontecido praticamente todos os dias. É uma bobagem, reconheço, mas não consigo deixar de reparar. Talvez seja um bom exemplo do poder da mídia. Já chego lá.

Tem coisa mais sem graça do que papo de elevador? Puxa, aquela conversinha mole que a gente escuta meio com a orelha de lado naqueles poucos segundos que parecem não passar é de lascar. Tem sempre alguém dizendo como seu fim de semana foi chato ou detalhando uma receita culinária ou contando uma piada meio preconceituosa.

Mas existe algo que empata. Silêncio de elevador. Eu entro e sempre topo com aquele sujeito com cara de bobo que, claro, não tenho a menor idéia de quem seja. Mas o fulano toda vez me cumprimenta. E sabe meu nome! “Bom dia, Rodrigo! Como vai?” E eu ali, sorrisinho de lado, botando os neurônios para processar, mas eles sempre travam antes de me dizer quem é o cara. Morro de medo de o sujeito perceber que não tenho a menor idéia de quem ele seja. Resta-me ficar em silêncio.

E não é que descolei um elevador à prova de papo furado e de silêncio constrangedor? É no prédio onde fica o escritório da Reuters, colado à Ponte João Dias, em São Paulo.

Cada elevador do edifício tem uma tela LCD conectada ao Portal Terra. Ou seja, você viaja até seu andar acompanhando as últimas notícias e, naturalmente, alguma publicidade.

A curva do mundo

Ano passado (2005) eu vi a curva do mundo. Aos 32 anos finalmente viajei de avião. Fiquei imaginando aqueles senhores da virada do século XIX para o XX, experimentando seu primeiro vôo aos 50, e entendi o deslumbre que se seguiu com a capacidade tecnológica do homem, com a técnica. Um monstro de ferro e fibra de carbono pesando mais do que algumas toneladas levantar do chão é mesmo um assombro.

O Quasímodo é lindo

Ontem, minha amiga Paola Antonácio, arquiteta que recém concluiu seu mestrado na Espanha, me contou algo impressionante: ela estava na Harold’s, a famigerada loja de departamentos londrina, quando, de repente, a um metro do seu narizinho, deparou com ninguém mais ninguém menos que… Michael Jackson! Claro, o cara, além dos filhos – pelo jeito aquele garoto sobreviveu à aventura da sacada do apartamento -, o cara estava sendo seguido por todos que o viam, tal como um planeta a seqüestrar, durante sua translação, meteoróides e outros detritos espaciais. Nuvens de consumidores o acompanhavam enquanto ele admirava, tranqüilamente, prateleiras apinhadas de eletrodomésticos. Mas o espantoso não era isso – encontrar-se com o Michael Jackson? ora, que bobagem – mas sim o fato de que, segundo Paola, ele era lindo! Sim, ela nunca vira antes uma disposição tão aristocrática e serena, nunca vira cabelos tão bonitos, brilhantes e sedosos, uma pele (sim, branca) tão delicada, um nariz tão… feito sob medida, ora essa.

Ainda a Amizade

Seja bem-vindo, Daniel.
Ainda sobre amizade, percorrendo a rede atrás de outros textos dos quatro mineiros, topei com esse também do Hélio Pellegrino, onde ele, já com 60 anos, reformula, de certa maneira, aquele outro da epígrafe d’ “O Encontro Marcado”:
“Quando você faz 20 anos está de manhã olhando o sol do meio dia. Aos 60 são seis e meia da tarde e você olha a boca da noite. Mas a noite também tem seus direitos. Esses 60 anos valeram a pena. Investi na amizade, no capital erótico, e não me arrependo. A salvação está em você se dar, se aplicar aos outros. A única coisa não perdoável é não fazer. É preciso vencer esse encaramujamento narcísico, essa tendência à uteração, ao suicídio. Ser curioso. Você só se conhece conhecendo o mundo. Somos um fio nesse imenso tapete cósmico. Mas haja saco!”

O texto e outros de Hélio e dos outros três mineiros estão no Releituras.

O espelho opaco

Sempre achei a amizade uma tonalidade afetiva ambígüa. Há uma polifonia semântica no termo que me exaspera. Se, por exemplo, assumo uma perspectiva social, a amizade – como disse Aristóteles – é uma espécie de argamassa das relações entre os indivíduos. Uma relação orientada a fins e determinada por afinidades socialmente relevantes como a coragem ou a justiça, mas que nada tem a ver com a comunicação entre espíritos. Não há vestígio algum daquele arrebatamento pelo outro de que fala o Pedro Novaes. Esse tipo de coisa, esse estar “face a face” com a alteridade, só consigo vê-lo quanto assumo a perspectiva privada, individual. Aí sim, amizades são eletivas, arrebatadoras e desinteressadas.

Vamos votar!

A escola de samba carioca Renascer de Jacarepaguá está preparando um desfile baseado na Divina Comédia de Dante Alighieri. Embora eu não veja lá muita graça em desfiles carnavalescos – em São Paulo conheci gente que tomava ácido ou ecstasy para simular essa “graça” e conseguir desfilar – embora não seja chegado, gostei da idéia: os caras estão promovendo um concurso para escolher os personagens que abraçarão o capeta lá nos quintos do Inferno. Para votar, basta enviar um email para contato@gresrenascer.com.br

Entre outros votei no José Dirceu e no Lula, é claro.

(Dica da Carol GataLôca.)

Page 44 of 58

Desenvolvido em WordPress & Tema por Anders Norén