blog do escritor yuri vieira e convidados...

Categoria: Cotidiano Page 45 of 58

Por Baixo da Correnteza

Foi quando descobriu que havia sempre uma outra conexão com as coisas acontecendo. Uma segunda troca por baixo da primeira, cotidiana, com os olhos e a fala. E era uma corrente febril, tormentosa – como rio inchado depois da tempestade, que ruge e tropeça em paus e folhas num afã descontrolado de seguir em frente. Dava medo submergir nessa corrente ruidosa e violenta, mas lá embaixo reinava uma paz grande porque se deu conta de que podia ser observador de si mesmo sob a corrente febril, onde tocava, envolvia as coisas e se deixava envolver por elas com o corpo – uma corda lhe saía do estômago e do intestino. Arqueado, a barriga espichada, ele subia como um balão no meio da correnteza, que era calma lá embaixo, puxava as coisas e era puxado por elas. E, súbito, individualidade dissolvida, só havia o meio, o turbilhão tranqüilo, o encontro, o interagir.

A página de U$1.000.000

Esperteza não falta a esse tal Alex Tew, de 21 anos de idade. Planejou ganhar um milhão de dólares para pagar a faculdade e, em apenas alguns meses, já está a ponto de amealhar o dobro. Como? Vendendo “pixels”, um milhão de “pixels” a U$1 cada. Está em seu site – The Million Dollar Homepage – e, segundo se vê em seu blog, quanto mais ele aparece em programas de TV e semelhantes, mais sobe a cotação de seus últimos “1000 pixels”. Na verdade, esses tais “pixels” não são outra coisa senão minúsculos banners para publicidade que aparecem na primeira página do seu agora visitadíssimo site. Nota dez em marketing pro figura.

O trote do Evo Morales La novatada de Evo Morales

O Grupo Risa, da Espanha, passou um trote no recém eleito presidente da Bolívia, Evo Morales, que acreditava estar falando com Zapatero, o presidente espanhol. Claro que os caras aproveitaram para fazê-lo confessar o óbvio: agora a Bolívia é mais uma conexão do Eixo Fidel-Chávez e Otários LTDA. (Trotes: taí mais uma boa função para o SkypeOut…)
Leia mais na Reuters.

El Grupo Risa le hizo la novatada al nuevo presidente de Bolivia, Evo Morales, que creyó estar hablando al teléfono con Zapatero, el presidente español. Por supuesto que le hicieron declarar lo obvio: ahora Bolivia pertenece al Eje Fidel-Chávez y Otros Tontos Corp. ( ¿No será ésta una gran utilidad para el SkypeOut?)
Lea más en el sitio de Reuters.

Um iT ou um laptop de U$100?

U$100 LaptopPrimeiro foi o MIT e seu laptop de U$100 destinado a crianças carentes do terceiro mundo (isto é, do inferno na Terra), que certamente o venderão no semáforo mais próximo para comprar comida para suas famílias. Aliás, bem que eu queria esperar um deles aparecer na janela da minha Caravan 83 para finalmente – finalmente! – conseguir adquirir um laptop, ainda que um a manivela. (Aposto que a tal manivela faz cócegas num dinossaurozinho oculto lá dentro e que este, ao dar risadas e agitar-se, faz funcionar um dínamo ou coisa assim. Já que vivemos num país da idade da pedra lascada, tudo a ver.) Claro que os caras do MIT não perderam tempo em avisar que também venderão aos consumidores comuns esses mesmos laptops. Só que a U$200… Para um pobre escritor, muito caro.

iTDaí, logo em seguida, eu ficar feliz ao descobrir esse iT, que além de super funcional (i bunitim) custa apenas U$0,00 (zero dólares). Sim, basta vc dar uma olhada de soslaio vezenquando para as teclas patrocinadas e pronto, tá pago. Eu queeero! Eu queeero! Eu queeero!

“Aposto que a China – o troço é chinês – já meteu um chip por dentro para melhor nos rastrear, planeta afora, via satélite”, disse o paranóico do Señor Recóndito.

“De graça, até um laptop na testa”, respondi. “Depois a gente arranja uns hackers pra extraírem o dente grampeado do bicho. Vc não assistiu a Os Doze Macacos?”

“Pode ser… Pode ser…”

A propósito: iBunitim seria um bom nome abrasileirado para qualquer desses dois aparelhos. Vou patentear…

José Dirceu on the road

Escreveu Cláudio Humberto, em sua coluna do dia 03/12:

Dirceu sabia que seria cassado
O ex-deputado José Dirceu tinha tanta certeza que seu mandato seria cassado, que, antes mesmo da votação de quarta-feira, ele já havia renovado o visto de entrada e programado uma temporada nos Estados Unidos. Sua base será em Washington, a partir de janeiro, e planeja palestras em multinacionais com interesses no Brasil e em universidades. Também obteve sua “drive licence”, carteira de motorista válida nos EUA.

Assim, ó
Preso político trocado em 1969 por Charles Elbrick, embaixador americano seqüestrado, José Dirceu virou queridinho da turma de George W. Bush: seu circuito de palestras nos EUA tem o apoio do Departamento de Estado.

Engraçado como o anti-americanismo dessa gente acaba quando, no plano pessoal, se está numa pior. Por que será que o petista bengalado não planejou um circuito de palestras na Venezuela, em Cuba ou nos acampamentos do MST? Ah, claro, que infantilidade a minha: nesses lugares as acomodações não devem ser tão boas quanto a dos hotéis americanos, sem falar na má condição dos meios de transporte e, sobretudo, na pouca grana que ali receberia por cada palestra. Dirceu é louco e mentiroso, mas não é burro.

Impostômetro

No site do Impostômetro, descubra quanto cada um de nós, brasileiros, vem pagando para sustentar essa classe de parasitas que cresce em ritmo galopante, esse sem número de burocratas, políticos e funcionários públicos. (Se vc se encaixa numa dessas espécies, e por acaso se sente útil, não precisa se irritar comigo, não é? Afinal, conhece essa realidade melhor do que eu e sabe muito bem que gente verminosa é essa.) Pois é, com o Impostômetro vc pode descobrir quanto se paga em cada estado e qual o valor exato da sua própria “contribuição”.

Na festa do Digestivo Cultural


Yuri e Julio
Eu e Julio Daio Borges

Claudinei, Yuri, André, Chun, Ana e Wilson
Claudinei, Yuri, André, Chun, Ana e Wilson

Em Outubro, para variar, juntamente com amigos, fechei (fechamos) o bar, aliás, o Public Pub. Fui com o Sunami Chun (Monkey) e com a Ana Raquel (xará astrológica do Nietzsche, isto é, libra ascendente escorpião) e, lá, reencontrei o Rogério Franco (Editora Price) e conheci, entre outros, o Julio Daio Borges (editor do Digestivo Cultural), os colunistas Fabio Silvestre Cardoso e Guilherme Conte (ambos do mesmo site), o podcaster Ricardo Senise (do 5 a 1) e, claro, os demais colegas de fechamento de pub Claudinei Vieira (escritor), Wilson Neves (ilustrador e programador) – ambos do site Desconcertos – e André Muinhos Pôrto, da locadora de livros e revistas Núcleo Cultural Continental. Ótimas conversas, ótima música, ótimo chope. Sem falar das muitas risadas, especialidade do Wilson.

Longa vida ao Digestivo, que ele continue nos brindando com mais informações e discussões culturais e, claro, com mais chope…

Professorinha querida

Ronaldo Roque tem toda a razão: essa é realmente a professora dos nossos sonhos adolescentes. Condená-la à prisão equivale a prender o Netinho por distribuir “dias de princesa” às meninas pobres.

Garapa de limão

Aprendi com minha falecida avó materna – uma camponesa até a raiz dos cabelos, destas que falam “em riba” (em cima), “duda” (dúvida), “pousar” (dormir, pernoitar) – que “garapa” não era outra coisa senão caldo de cana. Mas minha avó paterna acaba de me dizer que no interior da Bahia, sua terra natal, garapa é praticamente sinônimo de suco, refresco. Por isso, lá, pode-se chamar limonada de “garapa de limão”. E também o maluco da rua era garapa. Segundo minha avó, em Valença, quando não passava duma menina, havia um doidinho que perambulava pelas ruas do seu bairro fazendo sabe lá Deus o quê. As crianças o chamavam de garapa, o que o deixava furioso, levando-o inclusive a distribuir umas palmadas nos pequenos que conseguia alcançar nas inúmeras perseguições de saída de colégio. Portanto inventou-se um sistema. Quando a molecada via o tal doidinho, separavam-se e cada qual recitava seu aparte. Dizia um: “Água!” Outro: “Limão!!” E um terceiro: “Açúcar!!!” Berrava então o doidinho: “Vai, seus descarados! Junta tudo que eu quero ver!!” Finalmente alguém arriscava um “Garapa!!!!” e saíam todos em disparada.

Mona

Hoje foi um daqueles dias em que acordei botando fogo pelas ventas, com ódio amargo contra toda a humanidade, o que evidentemente inclui a mim mesmo, já que também eu faço parte dessa malta fedida. Na cama, quando me deparei comigo, só de raiva, quase me mordi. Cara chato que não larga do meu pé interior… Pois é, assim fui passando o dia. E olha que nem estou na minha casa, mas na de amigos. Eu e o Jorge Recóndito, o desgraçado, meu Mister Hyde particular. Logo de cara, já fui implicando – por dentro, por dentro, discreto, sem fazer propaganda – com a babá desses meus amigos, que não pára de falar, o volume no máximo, sempre a distrair o nenê, que se chama Luca, mas que ela evangelicamente trata por Lucas. Às vezes vem me dar recados do dia anterior, mas cada informação que me passa todo o quarteirão registra. Só fala em caixa alta: SEU YURI, ONTEM, QUANDO O SENHOR NÃO TAVA AQUI, LIGOU UM AMIGO SEU… Talvez o bebê goste disso. Eu não. Hoje respondi pequenininho, uma carranca horrorosa: tá, tá… Talvez a tenha assustado. Em sua santa ingenuidade de babá infantilizada, talvez não imaginasse que um cara TÃO LEGAL, TÃO GENTE BOA, TÃO GENTLEMAN (puts, ela jamais diria isto), enfim, TÃO BACANA fosse capaz de semelhante esgar, de tão feia careta.

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