E o Larry Rohter ataca novamente. 🙂 Desta vez, pegando o mote da má vontade do governo brasileiro para com a inspeção de sua produção de urânio enriquecido, ele fala do nosso “Complexo de vira-latas” – termo cunhado por Nelson Rodrigues -, e ainda explica para o americano o que é “jeitinho” e “driblar”. (Sem falar que afirma que a tecnologia não é nossa, mas dos alemães.) Pô, o cara tá nos fazendo o maior favor com essa sua hermenêutica do brasileiro. Finalmente seremos entendidos pelos gringos. (Principalmente se o Lula ameaçá-lo de novo.)
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Esta madrugada, enquanto eu escrevia neste blog, minha irmã e meu cunhado assistiam a um latrocínio da janela de seu apartamento em Goiânia. Um ladrão deu dois tiros na cabeça e mais um no estômago de um cara que minha irmã, da cozinha de sua residência, ouviu gemer até a morte. Na pizzaria em frente todos se esconderam. No prédio apenas vozes abafadas, raiva e medo. Os bandidos – havia um comparsa numa Mobillete- ainda levaram o Vectra da vítima. E ninguém tinha sequer uma arma para dar um tiro para o alto. Uhuuu! Viva o desarmamento civil!! (E a polícia só apareceu 20 minutos depois…)
Preciso ampliar meu círculo de amizades… Ou não! Afinal, o fato de que, em toda discussão sobre política, arte, moral, filosofia ou religião, eu fique sempre sozinho de um lado e os demais todos do outro me disparando petardos talvez não seja senão mais uma aulinha da vida. Imagino que um leitor do meu site pensaria que meus amigos compartilham meus pontos de vista. Nãnanina. Na última vez em que estive no Glória, até o pessoal doutra mesa resolveu dar palpite no debate. E o problema dos meus amigos intelectuais é o mesmo de toda a classe: seu relativismo é absoluto. Eu me senti o Dartagnan interpretado pelo Gene Kelly, dançando e duelando simultaneamente com dez inimigos. Credo. Haja álcool.
Continuo com o mau costume de ser o último convidado a deixar as festas. Na última, ainda me empurraram pra uma, digamos, jam-session, na qual fiz as vezes de vocalista. (Faço parte da comunidade Eu canto no chuveiro do Orkut.) Dizem – minha namorada e amigas – que foi um sucesso, mas eu já estava tão louco que não tenho certeza. Por via das dúvidas apresentei a banda como The king Kongs and the Avatar Metal. Improvisei algumas letras, veja só. E finalizamos, eu e o Pedro Novaes, com um heavy metal em homenagem à derrota da Marta Suplicy: “Fuck the Buceteixom” ou, se preferir, bucetation. (Nota: não ouço heavy metal nem amarrado.)
A Gata-loca me enviou uma mensagem falando do projeto de lei – proposto por Jards Macalé – que defende a mudança do lema “Ordem e Progresso”, da nossa bandeira, para “Amor, Ordem e Progresso”, já que, segundo ele, estaria mais de acordo com o lema de Augusto Comte: “amor por princípio, ordem por base e progresso por fim”. Bonito. Mas não sei se o país vai pegar no tranco. Talvez fosse melhor mesmo adotar a proposta do Casseta&Planeta: “Ê povinho bunda!”. Nada como encarar a realidade tal qual.
O Lula já cometeu seus crimes eleitorais. Agora vem o tal Duda Mendonça, acompanhado por um vereador do PT, cometer os seus. Não eleitorais, mas galináceos. (“Sabem com quem estão falando? Sou assessor do presidente!”) Mas eu só queria mesmo é dizer que, se eu fosse um galo, ia preferir morrer lutando a ser executado num campo de extermínio da Sadia… (Ô história mais terceiro mundo essa, credo!)
Eu gosto de açaí, digamos, “civilizado”, com guaraná, banana e granola. E gelado. Comer o barro puro com tapioca não é comigo não, muito menos depois de um jabá. Aliás, eu poderia muito bem ter feito o papel de turista no excelente curta-metragem “Açaí com Jabá ( o Filme que Bate na Fraqueza )“. Quem não viu esse filme não sabe o que está perdendo. A direção no estilo bang-bang à paraense é hilária.
As campanhas anti-tabagistas pegam tão pesado que, caso o “Álvaro de Campos” tivesse escrito o poema Tabacaria nos dias de hoje, teria de acrescentar ao fim do texto: “Fumar causa câncer na poesia e não a ‘libertação de todos os pensamentos'”. E, junto, aquela foto do Fernando Pessoa, com cara de doente. E os politicamente corretos nem desconfiariam que a cara de doente tinha origem, não na fumaça, mas na acídia nossa de cada dia.
Ai ai, o Orkut é uma coisa esquisita que pode sugar nosso precioso tempo. Daria pra ler todo um livro enquanto se “navega” pelas comunidades literárias. E como se isso não bastasse, agora me convidam pra participar do Link, o “orkut” do jornal O Estado de São Paulo. E eu aceitei!!! Fazer o quê? Vida é relação (vide Krishnamurti). Valeu, Rodrigo!
Segundo o jornalista Cláudio Humberto, “traficantes entraram no ‘desarmamento’. Favelas da Zona Oeste e no Complexo do Alemão têm faixas ‘Não seja bobo, a boca paga o dobro’“. Isto é que é ironia: concorrência do “Estado paralelo”! Claro, quem pensou que o tal “desarmamento civil” iria desarmar os criminosos não passava de um ingênuo. Mas… quem é que havia previsto que o dito cujo armaria ainda mais esses caras?