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Categoria: Cotidiano Page 57 of 58

O IPTUzão de Hilda Hilst

Como você se sentiria se ganhasse pouco menos de dois mil reais por mês e ainda estivesse devendo quinhentos mil de IPTU? Eu, por exemplo, já estaria pirado, ou recebendo as visitas de sob a cama, ou caçando vereadores com estilingue. (Posso até ver suas testas cravejadas de mamonas embebidas em curare.) Sim, porque a situação seria muito surreal, digna de um conto do excelente José J. Veiga, com direito a cobradores astrais – daqueles que vêm nos cobrar nos sonhos – e Castelos gulaguianos para onde seriam enviados todos os kafkas inadimplentes. Claro, a não ser que você seja um especulador imobiliário profissional, tal dívida hipotética não passa de um absurdo… Mas eis que, ontem, meu amigo José Luis Mora Fuentes, escritor, que se divide entre seu apê, em São Paulo, e a Casa do Sol, chácara da escritora Hilda Hilst, me deu essa notícia chocante: a dívida de IPTU da Hilda já atingiu o lindo montante de R$500.000,00! Dá pra imaginar?

Aniversário do Filho do Homem

Amigos, na entrada anterior anuncio o lançamento da versão em português do Livro de Urântia. Hoje, recebi pelo correio um comunicado da Associação Urantia do Brasil, convidando para o, digamos, aniversário do Senhor Jesus, que, como todos aqueles que leram o livro sabem, nasceu no dia 21 de Agosto do ano 7 A.C. Embora não haja nele nenhuma referênica ao lançamento, fui informado, em particular, de que irá ocorrer no mesmo dia e no mesmo local. Veja o comunicado oficial:

Carta de uma sem-nada

Recebi este email de Marô de Freitas, o qual me pareceu extremamente relevante em vista das últimas atividades do MST. Ele também tem sido comentado na imprensa.

Carta de uma sem-nada

Tenho 60 anos e vivi os últimos 12 anos em Colméia, numa fazenda, estado de Tocantins. Sou casada há 40 anos, meu marido é engenheiro agrônomo, 65 anos. Meu filho que trabalhou conosco até 1995 também é engenheiro agrônomo e tem 34 anos.

Éramos, talvez, a única família razoavelmente educada que morava naquele fim de mundo. A nossa casa era lá, era lá que passávamos as festas em família, lá estavam as nossas árvores, nossas flores, a casinha da nossa neta. Há 20 anos, periodicamente, dou aulas de arte no exterior (desenho, composição, pintura em porcelana). Assim conciliei a vida do Terceiro Mundo (ou no avesso do Terceiro Mundo) com três ou quatro viagens por ano aos Estados Unidos e Europa. Tenho o prazer de dar aulas a grupos realmente interessados e enfrento o “stress” de ter que explicar a inflação, a
destruição da Amazônia, a violência etc. a pessoas que faziam perguntas até por delicadeza. Pareciam preocupadas com uma “very nice person” “pessoa muito simpática” sofrendo tanto.

A Reforma Agrária

Repito o que escrevi a um amigo: a “mobilização dos camponeses sem terra é a princípio legítima e digna de toda atenção”. Tem que fazer reforma agrária sim, mas sem violar o Estado de Direito. Ou seja, tem que respeitar a propriedade privada e, portanto, o governo, pobre como está, só pode mesmo fazer a coisa lentamente, uma vez que já está endividado até o pescoço. (Claro, pois é preciso compensar de forma justa, sem roubalheiras, quem detém hoje a propriedade das terras. Nem muito, nem pouco: o justo.) A única alternativa a esse modo de ação é o uso da força, o que corresponde a governos totalitários, sejam eles fascistas ou comunistas. Toda mudança profunda, que pretenda respeitar a maioria sem violar os direitos do indivíduo, deve ser gradual, racional e sensata. Não adianta abolir o direito à propriedade e sair invadindo. Qualquer prisioneiro sabe disso: o direito à propriedade pode não ser absoluto, mas nem mesmo numa cadeia haverá ordem se não houver a propriedade de um local, pequeno que seja, para encostar a cabeça e dormir. Quem garantiria a um “assentado” a posse de seu novo pedaço de terra em tais circunstâncias? Quem garantiria que ninguém iria tirá-lo de lá? Apenas um governo totalitário. Em última instância só o Estado seria o dono das novas terras e poderia fazer daqueles que ali habitam o que lhe desse na telha. Reforma agrária sim, baderna e violência não.

Bonecos e bonecos

Tempos atrás o tal do Supla lançou seu clone no mercado. Desculpe, seu boneco. Nada contra, se eu ainda brincasse de Falcon – coisa que eu adorava fazer (tenho um Falcon paraquedista até hoje) -, seria muito legal ter um outro boneco para usar como vilão. O Tórak sempre me pareceu muito sem sal, sem graça pra burro, sem falar que aquela lampadasinha nunca me convenceu como laser. Já o do Supla seria, no mínimo, um vilão pentelho, do tipo que o Falcon adoraria dar umas porradas, uns tiros, tentando calá-lo de uma vez por todas. Aliás, o Supla é o primeiro a pregar o vodu contra si mesmo: “Sempre quis ter um boneco para fazer um vodu e ficar espetando. (…) Se alguém quiser falar mal pode comprar e me espetar”. Se ele soubesse do que está falando… Quem não tem o que dizer, é melhor mesmo que se limite a vender a própria casca.

Saudades do Chico

Não, não é o Buarque, é o das Chagas mesmo, o caseiro da Casa do Sol. Claro que estou, meses e meses após ter saído de lá, com saudades das conversas malucas com a Hilda Hilst. Mas é que o Chico fazia um contraponto excelente a esses papos mirabolantes. Bem humorado, cheio de ditados populares, a mente ágil, o geminiano Chico sempre teve o dom de levantar o astral à sua volta. A Hilda, divertida, estava sempre recorrendo ao dicionário para compreendê-lo totalmente, como quando ele disse estar com “estalicídio”, que descobrimos ter origem no latim stillicidiu e que não era outra coisa senão “coriza”. Uma vez, enquanto eu estava no computador, o Chico veio me trazer um recado e me perguntou se aquilo era a famosa Internet. Sim, respondi, e lhe expliquei mais ou menos o que significa e como funciona este meio de comunicação revolucionário, o qual tem prendido a atenção de milhões e milhões de pessoas ao redor do mundo. Em seguida, tendo o computador travado em meio ao blablablá – era um 486 DX100 – ele me sugeriu que eu fizesse a “reza da cabra preta” cada vez que fosse ligá-lo. Dei risada e lhe disse que isso talvez funcionasse lá na cidade dele, no interior do Rio Grande do Norte. E ele:

Eu odeio terráqueos!!

Só pra avisar que esse meu livro on line está com novo visual. Quem quiser conferir, clique aqui. Aos que estão sempre me indagando sobre a continuação, por favor, tenham calma. Estou reestruturando a história. (Ou, dizendo melhor, é ela quem está me reestruturando…)

[Ouvindo: DJ Marky Mark – Prodigy Medley]

Universos paralelos e eleições

Eu queria saber em que se baseia a afirmação de que a física ainda é uma ciência exata. Ora, veja este trecho de “O universo numa casca de noz“, do cerebral Stephen Hawking:

“Como o universo continua lançando dados para ver o que acontece depois, ele não tem uma única história, como se poderia pensar. Pelo contrário: o universo deve ter várias histórias possíveis, cada uma com sua própria probabilidade. Deve haver uma história do universo na qual Belize ganhou todas as medalhas de ouro dos Jogos Olímpicos, embora a probabilidade disso seja baixa.

Problemas resolvidos?

Amigos, fiquei mais de uma semana sem conseguir enviar emails, fazer uploads e FTP, graças ao conluio entre Anatel e provedoras de acesso. Como já disse antes, sei que não é tecnicamente necessário que paguemos, além da companhia telefônica, uma provedora para acessarmos a Internet via ADSL. Acontece que a ANATEL nos obriga a essa venda casada: conexão rápida da companhia telefônica mais conteúdo da provedora, no caso, Terra e UOl. (Quando uma dá pau passo pra outra. E como elas dão pau!!! É uma vergonha.) Mas tentarei não falar mais desse assunto que ya me tiene podrido!

[Ouvindo: Bomb in the City – Maelcum of KFMF]

Si hay gobierno… – a missão

Sim, soy contra. O governo me dá nos nervos. E não é por motivos ideológicos. É que essa gangue de mulocratas (burrocratas que empacam) já estão pisando demais nos meus calcanhares. Hoje, por exemplo, gastei um bom tempo com um fiscal da prefeitura, que veio até aqui dizer que o “parecer foi favorável”. Ele se referia a um trecho de 3m2 do qual supostamente teríamos nos apropriado e que, graças à boa vontade do governo do PT de Goiânia (para onde me “exilei”), poderíamos adquiri-lo em prestações absurdas. Ou seja, o município era favorável a que comprássemos os “5m2” de terreno público usurpado do povo. “5m2“?! Parecer favorável a eles, eu disse. Coisa mais ridícula, seo. Veja o desenho que fiz às pressas.

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