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Categoria: Política Page 26 of 83

O sindicalista Lula

Carta de um leitor (confira aqui) à revista Época N.437:

Já que Lula não sabe de nada que acontece em seu palácio, será que ele lembra as falcatruas que fazia ao negociar greves no ABC? Fui funcionário da Prensas Schuler, que entrou em greve em 1987. Depois de alguns dias de paralisação, os diretores ofereceram os 15% solicitados pelos funcionários por meio do sindicato. Então, o senhor Lula subiu no carro de som e anunciou que o máximo que havia conseguido era 8% de aumento e que, na opinião dele, deveríamos aceitar e voltar ao trabalho. Onde foi parar a diferença do percentual?

O Brasil ainda tem jeito

Serei sucinto. Fato: mais da metade dos eleitores brasileiros NÃO querem que o Lula se reeleja. Fato: a imensa maioria dos eleitores de Lula se encontra entre a parcela mais desinformada da população, que também é – e isso não é uma coincidência – a parcela mais pobre, a que tem menos acesso às mídias em geral e à educação. Fato: há muito intelectual, militante e agitador por aí também, mas são uma minoria se comparados ao grosso desses eleitores. Fato: por mais que a classe média tenha empobrecido, ela ainda é a dona do voto de Minerva.

Fato: as políticas do PT e da esquerda em geral acabam por manter a população pobre atolada em sua pobreza, haja vista os mil e um tipos de “esmolas” que por um lado incentivam a leseira geral, e por outro a sangria da parcela produtiva da população através de impostos e de leis trabalhistas paralisantes. Fato: se houvesse menos impostos, mais gente poderia investir, mais empregos seriam criados. Fato: se as leis trabalhistas não fossem tão irracionais, muita gente, inclusive donas de casa, empregaria alguém hoje mesmo. Fato: uma pessoa despreparada e imoral como Lula só se mantém no poder devido à identificação irracional que seus eleitores pobres tem com sua imagem de vencedor e devido à falsa idéia de que “ele é melhor para o povo por ter sido povo”. Fato: qualquer um que tenha nascido ou se enraizado no Brasil faz parte do povo brasileiro.

Fato: Hugo Chávez, o ditador venezuelano, só conseguiu se manter no poder porque lá o número de pobres superou o número de representantes da classe média. Fato: todo pobre quer no mínimo tornar-se classe média, quer prosperar. Fato: nenhum pobre conseguirá tornar-se classe média num país sem livre mercado, com impostos altíssimos e com leis trabalhistas imobilizantes. Fato: o Brasil nunca cresceu tão pouco. Fato: um Estado nunca usa seu próprio dinheiro, porque nada produz (daí os impostos), e, quando possui estatais, estas, em geral, são fontes de recursos para corrupção e não para a prosperidade. Fato: o PT levou a estrutura de um sindicato para dentro do governo tornando-o uma verdadeira máfia a serviço da revolução defendida pelo Fóro de São Paulo (vide entrevista de Wagner Cinchetto na revista Época).

Políticos, essa raça!!!

O Washington Post – leitura obrigatória para os “left liberals” americanos – continua repercutindo o escândalo do congressista republicano Mark Foley (reparem, ele concorrerá à releição). Segundo o jornal (e também o NYT, Wall Street Journal, etc.) Foley andou enviando alguns e-mails e IMs (instant messeges) para sites de pornografia infantil. A coisa toda explodiu quando um destes e-mails de conteúdo nada inocente foi enviados a um garoto de 16 anos alguns meses atrás. Em resumo, o cara parece fissurado num garotinho.

Os democratas, entretanto, acusam os republicanos de acobertar o escândalo mantendo Foley na Comissão para Crianças Abusadas e Desaparecidas do Congresso Americano mesmo depois de saberem das “inclinações” do deputado ainda em 2003. De certa forma o raciocíno conservador faz sentido, afinal, o cara ama as crianças.

Eis o link para a matéria completa

E se você acha que os democratas são um pouco melhores leia isso:

Um idiota útil

Lula na ONU

Eu fiquei impressionado quando vi, na propaganda do PT, o Lula ser aplaudido de pé na ONU. Pensei, “nossa, essa gente não tem a menor noção do que está acontecendo aqui”. E ainda fiquei me remoendo ao imaginar o efeito da cena sobre a jegaiada que ainda apóia esse cara. O que eu não sabia é que era tudo uma lição de casa da matéria do tio Eisenstein, uma cena forjada para parecer real, enfim, uma mentira deslavada. Leia este trecho do Daniel Sant’Anna:

Um bom exemplo desse problema é a utilização de imagens do presidente Lula, discursando na ONU. Sua campanha pela reeleição utilizou-se dessas imagens (que são reais: Lula de fato esteve lá) adicionadas da imagem da mesma assembléia, aplaudindo de pé (imagens reais, também). O problema reside no fato, já conhecido, de que os aplausos utilizados não foram direcionados a Lula, e sim a um outro discurso, o de Kofi Annan.

Diogo Mainardi e Reinaldo Azevedo – II

Mais um diálogo dos “golpistas” a respeito das eleições, via Veja podcast

    [audio:http://veja.abril.com.br/idade/podcasts/mainardi/audios/011006.mp3]

Ainda o Orkut

Essa confa entre o Orkut e o Ministério Público brasileiro está causando discussões enormes lá fora. Veja aqui, aqui e aqui.

Entre outros, gostei deste comentário:

For those playing at home: we just learned why Google is hesitant to build data centers in countries that have weaker protection for freedomes than does the US.

Valeu, gente!

Já trabalhei em zona eleitoral, quando eu morava em Belo Horizonte. Trabalhava com prazer, primeiro porque ser útil dá prazer, e depois porque eu estava ajudando a viabilizar uma idéia que me agrada muito: a democracia. Já que um país precisa de governantes, é bom que possamos ter alguma influência sobre eles. E a democracia não depende apenas de jornalistas que escrevem artigos falando bem dela. Não depende apenas de professores que nos explicam como ela foi criada, e, por último, não depende apenas dos franceses que a conceberam e a colocaram no papel. Nenhuma idéia subsiste sem que trabalhemos por ela. As idéias nascem no cérebro (ou no coração) mas só se tornam coisas por meio de mãos humanas. Por isso a democracia depende radicalmente daqueles que hoje não estão tomando sorvete, não estão no zoológico com os filhos, não estão fazendo um trabalho da faculdade, não estão almoçando na casa da sogra — estão nas zonas eleitorais, prestando informações, anotando números em cadernos, pedindo nossas assinaturas. É divertido pensar que se todos eles resolvessem faltar ao trabalho hoje, simplesmente não haveria eleição.

Por isso, quando fui votar, fiz um pequeno happening. Apertei a mão do sujeito que me atendeu, e disse: “Obrigado por trabalhar pela democracia”. Ele riu meio sem graça. Talvez ele ainda não tivesse se dado conta de que a democracia precisa do trabalho dele. Talvez ele trabalhe apenas porque não pode mudar uma lei. Mas hoje ele vai pensar sobre isso, e talvez na próxima eleição ele trabalhe com mais prazer, sabendo que ajuda a viabilizar uma idéia fundamental para todos nós. É graças a pessoas como ele que podemos escolher nossos governantes, mesmo que seja para depois nos arrependermos. Por isso, vou pedir licença ao Yuri para fazer no saite dele uma coisa meio ridícula, como se isso aqui fosse o Domingão do Faustão:

Quero agradecer às pessoas que trabalham em zonas eleitorais. Gosto muito do meu direito de escolher meus governantes e legisladores, e, sem elas, isso não seria possível.

Valeu, gente!

E não fiquem reclamando. O almoço da sogra não vai fazer tanta falta assim.

2º Turno (ufa!!)

Vamos ao segundo turno. Com 97,80% dos votos apurados, Lula caiu para 48,79 e Alckmin subiu para 41,43. Não tem mais jeito de Lula tirar a vantagem. O que nos salvou foi São Paulo, a capital, porque no Estado quem venceu foi Lula. Segundo a lógica, a transferência de votos, se houver, deve indicar que o eleitor de HH vai de Lula, e o de Cristovam pode (veja bem, pode!) ir para Alckmin. Em tese todos são esquerda (num espectro que vai do mais moderado ao mais revolucionário).

Em todo caso repito a análise anterior: a campanha só fará sentido para Alckmin se houver corrosão da imagem de Lula. Logo, a ordem é bater pesado, principalmente no aspecto moral. Do lado do PT algumas estratégias deverão ser repensadas. A jogada do dossiê – supondo que a disputa presidencial estava ganha – foi arriscada e explodiu na cara dos petistas. Lula está, oficialmente, na defensiva. Novamente as pesquisas devem dar o tom da estratégia. As primeiras devem ser divulgadas lá pelo meio da semana. Aos poucos “gargantuas” que acompanharam por aqui, obrigado e um abraço.

Vantagem diminui

O segundo turno está praticamente garantido. Lula não consegue se distanciar de Alckmin à velocidade necessária para garantir-lhe vitória e, agora, perdeu votos preciosos por conta da cidade de São Paulo. Haverá gente do PT pedindo recontagem a fim de espremer uns 0,75% de votos. Não vai dar. Com o segundo turno ganha-se tempo para desgastar Lula mais ainda. Contudo será muito difícil. Essencialmente porque não se estabeleceu uma vigorosa tendência de queda do petista. Seria muito mais devastador para Lula se este segundo turno se originasse numa ascenção de Alckmin. O eleitorado só vê Alckmin se houver desgaste do presidente. Outra coisa seria a possibilidade do escândalo do dossiê comprado perder força, ou seja, mostrar-se um mero balão de ensaio. Mas talvez a grande chance de Alckmin seja o próximo debate, no qual o petista não poderá não ir e deverá ser atacado, principalmente, no aspecto moral.

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